sábado, 17 de maio de 2014

Baroness e zumbidos

Caríssimos,


Voltando à escrita, volto também à música. Mais concretamente a um concerto já no distante mês de Setembro de 2013.

Mas antes disso, uma nota que não é necessariamente dramática mas mais um aviso à navegação.

Umas semanas antes deste concerto comecei a aperceber-me de que padecia da condição chamada tinnitus. Basicamente consiste num zumbido nos ouvidos, que tipicamente surge depois de um concerto, e por vezes continua nos dias seguintes. Mas este não parava, e certamente não apareceu a seguir a um concerto.

Pois, finalmente comecei a preocupar-me com os ouvidos e passei a usar protecções nos concertos. Neste momento estou em vias de investir um pouco mais em protecções personalizadas (feitas a partir de um molde dos ouvidos). Mas existem várias boas opções no mercado e que cumprem bem o seu propósito para a maioria das pessoas.

Acontece que este zumbido crónico, ao qual me fui habituando (continua a ser chato, no entanto), é um som nas frequências mais altas, principalmente, que está associado a uma perda de audição nessas mesmas frequências. Como o ouvido já não é capaz de captar essas frequências abaixo de determinado volume, o cérebro decide então gerar esse som para compensar. Boa, cérebro! Obrigado, mas não era preciso.

Claro que esta condição não é consequência apenas da ida a concertos sem protecção auditiva, embora tenha ajudado. Foi o acumular de maus tratos ao longo dos anos, entre concertos e música alta em geral, fosse com auscultadores, no carro ou noutras situações.

Mais vale tarde que nunca, portanto agora uso sempre as ditas protecções nos concertos e em geral habituei-me a ouvir a música mais baixa. Muito mais baixa, até. E só agora me apercebo do que andava a fazer até aqui. Quando vou a um concerto e experimento tirar por um momento a protecção, o barulho é ensurdecedor e claramente um exagero, mas é comum a quase todos os concertos a que tenho assistido. É uma pena que só agora me tenha apercebido disso, mas não deixa de ser algo que me intriga, o facto de nos estarem conscientemente a ensurdecer desta forma.


Bem, passando então para o motivo principal deste escrito, uma banda que já tinha visto num pequeno concerto em 2012, em Nijmegen, mas acho que a minha fraca assiduidade nessa altura impediu que mencionasse esse facto. A banda chama-se Baroness.



Uma banda que conheço desde os meus tempos Irlandeses, na altura associada ao movimento de sludge metal, do qual não sou grande fã, mas que se revelou muito mais que isso.

Ao sludge associam uma complexidade que quase se aproxima de metal mais progressivo, e com o tempo a desenvolverem uma sonoridade cada vez mais vasta, tocando por vezes no post-rock.

O concerto foi no 013, em Tilburg, desta feita na sala pequena. E foi absolutamente perfeito. Sempre a abrir, num ambiente muito mais íntimo do que na sala maior e que me pareceu ter também um som melhor. Os meus ouvidos estranharam um pouco o início, já que não estava ainda habituado às protecções, mas rapidamente esqueci esse pormenor.

Um grande concerto de uma das mais interessantes bandas de metal dos últimos anos.

Deixo-vos com três músicas, uma de cada álbum.

Baroness - Wanderlust (Red Album, 2007)



Baroness - A Horse Called Golgotha (Blue Record, 2009)



Baroness - Take My Bones Away (Yellow & Green, 2012)




Doei!

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