sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Música do meu 2017

Viva, caríssimos!


Para mim 2017 foi um ano com baixos e altos. Os baixos ameaçaram tomar conta de mim, mas os altos acabaram por prevalecer e ganharam uma dimensão que nunca tinha experienciado.

Tanto para um extremo como para o outro, a música sempre esteve presente, e foi mesmo fundamental para manter um mínimo de sanidade mental, transportando-me para aquele mundo paralelo onde os problemas são momentaneamente esquecidos, onde eu posso até chorar de emoção, mas onde, de forma aparentemente improvável, a moral acaba a sair por cima.

Deixo aqui uma lista daquilo que mais fui ouvindo ao longo do ano e que, por uma série de razões ou por razão nenhuma, fez sentido na altura em que foi ouvido. Estão mais ou menos por ordem cronológica daquilo que fui ouvindo.


Caixa de Pandora. Uma pérola que encontrei no fim do ano anterior e que passou a fazer parte da minha banda sonora. Emocional, de uma beleza ímpar, ainda bem que decidi ouvir um pouco daquele CD no qual, talvez por sorte, pus as mãos.



André Barros. Mais um nome Português que começa a aparecer internacionalmente. Trouxe o disco na mesma fornada de Caixa de Pandora e ficou também registado para seguir futuramente.




Agnes Obel. Já minha conhecida dos tempos da Holanda. Agora com um som um pouco mais trabalhado, mas tão belo e etéreo como antes. Continua a valer a pena segui-la.




Devin Townsend. Já meu conhecido também. A minha teoria relativamente à minha predilecção por sons pesados é que, para além de abanarem o cérebro consideravelmente, permitem que as emoções retidas pela minha introversão nas profundidades da minha mente saiam de rompante assim que estes sons entram. Não com quaisquer sons, no entanto. Como já tive oportunidade de explicar aquando do concerto deste senhor, o som de Devin Townsend (ou parte dele, porque ele tem diversas facetas) é do mais emocional, positivo e libertador que consigo imaginar. Quando digo que choro ao ouvir estes riffs, não estou a ser metafórico. E que bem me fez ir àquele concerto naquela altura.




Wardruna. A banda sonora da série Vikings está repleta de músicas desta banda. Folk Viking, pagão, ou outra qualquer denominação que lhe queiram dar. Talvez devido ao seu lado negro aparece por vezes na secção de metal das lojas de música. Negro, mas belo, e poucos sons acompanham tão bem um copo (ou um corno) de hidromel.




Crippled Black Phoenix. Embora os conhecesse há uns anos, nunca os tinha ouvido muito atentamente. Até agora. Provavelmente este não é o seu melhor álbum, mas foi o que finalmente me apanhou.




Katatonia. Mais uma banda que demorei até experimentar devidamente. Algo para o lado depressivo, mas o som encaixa perfeitamente nas minhas preferências.





Ayreon. O que dizer? Foi de longe o que mais ouvi ao longo do ano. Depois de várias obras primas, com óperas de rock/metal progressivo, com toques de tudo um pouco, com músicos e vocalistas de topo, sempre com uma história por trás, desta vez sai mais uma obra prima que nos apresenta uma prequela para vários dos discos anteriores, onde a origem dos Forever (se querem saber quem são, vão lá ouvir) é revelada. Enquanto que o álbum anterior era mais prog, este é mais pesado e mais orientado pelas guitarras do que pelos teclados, mas que maravilha que é ouvir. E por favor ouçam o álbum inteiro. Se há álbuns que merecem uma audição completa, este e os outros de Ayreon estão entre eles por certo.





Between the Buried and Me. Eram a banda de suporte de Devin Townsend, mas acabei por perder esse concerto. Mais tarde arrepender-me-ia, mas pelo menos tive a felicidade de encontrar o vocalista no novo disco de Ayreon e decidi ouvir esta banda um pouco melhor. Até ao momento limitei-me a um álbum, mas que álbum. A música é já um pouco mais complexa, mas bastante dentro dos meus limites. Alternando entre momentos de completa acalmia e grunhidos bem metidos, foi das descobertas do ano, para mim.




Haken. Mais uma daquelas coincidências. Lembro-me de ter ouvido este nome numa conversa alheia num autocarro a caminho de casa, vindo do concerto de Maybeshewill, em Tilburg. Fiquei com esse nome registado até que, anos depois, finalmente ouvi melhor um dos seus álbuns. É um rock progressivo mais pesado que tem algo de libertador, um pouco à imagem do que faz Devin Townsend, mas mais "proggy".




Iamthemorning. Isto é absolutamente mágico. Uma fórmula aparentemente simples, mas este duo Russo (neste caso acompanhado por cordas) consegue criar ambientes fantásticos. Clássica, jazz, prog, parece que de alguma forma tudo está relacionado e encaixa na perfeição.




Anathema. É preciso estar com o estado de espírito certo. Mas quando ele lá está, este rock progressivo a puxar para a lamechice encaixa que nem uma luva. Todo o álbum é lamechas, mas muito poucos conseguem emprestar esta dignidade a música lamechas. E o que eu preciso é de dignidade quando estou com auscultadores nos ouvidos e lágrimas nos olhos.




Mogwai. O que dizer destes senhores? Mais um álbum, mais um álbum em grande. Uma banda que segui e seguirei, para sempre.




Steven Wilson. Já um velho conhecido dos tempos de Porcupine Tree e da sua já sólida carreira em nome próprio. O novo álbum para mim não é tão bom como os dois anteriores, mas ainda assim tem algumas canções fortíssimas. Menos para os lados progressivos que tanto aprecio, mas ainda assim continuarei curioso com o que virá a seguir.





Rão Kyao. Nome que faz parte do imaginário Português das últimas décadas, sem que eu alguma vez tenha tentado ouvir devidamente. Encontrei o seu novo álbum e decidi experimentar. Acabou por servir de banda sonora no prelúdio de um dos mais belos momentos que vivi até agora. E aqueles sons etéreos resultam maravilhosamente enquanto se vagueia pela paisagem do Gerês.





Closterkeller. Inevitavelmente tento pôr os ouvidos em bandas Polacas que me possam interessar. O meu maior interesse nesta é que, para além de musicalmente aceitável, cantam em Polaco, o que pode vir a ser uma ajuda na aprendizagem desta língua. Esta banda já tem alguma história e, sendo este um dos álbuns recentes, possivelmente já se desviou consideravelmente do rumo inicial, mas isso torna a descoberta mais interessante.




Lunatic Soul. O projecto paralelo do líder dos meus bem conhecidos Riverside, também Polacos. Já no quinto álbum, foi cada vez mais perdendo as influências do rock progressivo, sem as perder totalmente, para ganhar mais elementos electrónicos. Embora prefira o lado mais progressivo e pesado de Riverside, este também não me desagrada.




Furia. Mais uma banda Polaca, desta feita com um álbum pesado, lento e cheio de riffs que me enchem as medidas. As letras são em Polaco e geralmente curtas, dada a natureza da música. Mas isso talvez seja até uma ajuda para quem está longe de dominar a língua. 




Moonspell. 1755, a obra prima. Sempre adorei o Irreligious, dos primórdios desta banda, mas este álbum muito provavelmente ficará também lá em cima. Desta vez todo em Português, porque tinha que ser, já que é um álbum conceptual acerca de um acontecimento trágico da história de Portugal. Brutal e certeiro. Eles não precisavam de provar nada, mas provaram na mesma.




Epica. No seguimento do concerto a que assisti, fui ouvindo um pouco mais desta banda, e devo dizer que cada vez estou a gostar mais daquele contraste bela / monstro, para além de tudo o resto que enche a sua música. Uma banda para continuar a seguir.





Cellar Darling. Coloco aqui este nome por uma música apenas. A generalidade do álbum que lançaram este ano aposta demais no lado "catchy" do metal com voz feminina, para o meu gosto. Mas no meio de tantas músicas "iguais" aparece esta que me apanha completamente desprevenido. Se eles conseguem fazer isto, eu só espero que não tenha sido um acidente. Esta música é brilhante como poucas que tenha ouvido este ano.




Apocalypse Orchestra. Por vezes estou em busca de um determinado som, sem saber ao certo o que quero, mas vou navegando por essa rede e ouvindo o que encontro. Muitas vezes aparece algo de que gosto e fico-me por aí. Mas muito de vez em quando aparece precisamente aquilo que eu queria ou precisava. É o caso desta banda Sueca. Por alguma razão naquele dia estava a precisar de uma banda que misturasse folk e metal, mas que fosse um pouco para o lado doom e pagão da coisa. Claro que só me apercebi disso quando ouvi esta música. E recomendo o álbum inteiro.




Eric Buchholz. Este nome nunca me disse nada, mas encontrei a versão orquestral da banda sonora de Zelda - Ocarina of Time, com arranjos e direcção deste senhor. Isto transporta-me para um passado já não muito recente, em que a Nintendo 64 era rainha e tanto eu como o meu irmão (mais ele - ele é que acaba sempre os jogos, eu fico a meio) passávamos horas com este jogo mágico. Só por isso vale a pena ouvir este álbum de uma ponta à outra.




Sinistro. Embora o lançamento do álbum seja em 2018 (no dia em que escrevo estas linhas), foi já ao longo dos últimos meses que fui ouvindo as primeiras músicas. Ainda tenho dúvidas que consiga estar ao nível do álbum anterior, mas não lhe deve ficar muito atrás. Continuam a ter músicas que me trazem lágrimas aos olhos com bastante facilidade, sem sequer se terem que aproximar de qualquer lamechice. É pura emoção.






Boas audições!

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