quarta-feira, 15 de maio de 2019

Época futebolística

Saudações, meus caros!


Como certamente se lembrarão (pelo menos os 2 leitores, incluindo eu, que lá puseram os olhos), há cerca de um ano escrevia sobre o fim da minha pachorra para seguir as competições Portuguesas, onde declarei que iria tentar não ver jogo nenhum durante a época que ainda decorre.

Falta uma jornada para o final de um campeonato ainda por decidir em Portugal (por ter feito esta afirmação já mostro que não me alheei tanto assim da realidade desportiva nacional) e decidi que está na altura de apresentar uma espécie de relatório, tal como prometi, sobre a "minha" época futebolística.


Esta época, tanto para mim como para os clubes que sigo, teve duas fases distintas, divididas aproximadamente pela passagem de ano civil.

Durante a primeira metade da época vi precisamente um jogo do Benfica nas competições nacionais, que porventura coincidiu também com a melhor exibição encarnada ainda sob o comando de Rui Vitória, em casa frente ao Braga, por altura da minha visita a Portugal.

Portanto, a minha tentativa de evitar o futebol Português foi relativamente bem sucedida. Fazia questão de seguir o Benfica nas competições Europeias, o que me permitiu ver a pobreza do nosso futebol, e isso não me incitou nada a voltar aos jogos nacionais.

Simplesmente passei a ver um ou outro jogo de outros importantes campeonatos - principalmente Alemão e Italiano, dependendo do que encontrava na televisão de interessante - sem no entanto seguir essas equipas de semana a semana. Depois de algumas tentativas, cheguei à conclusão de não ter qualquer interesse em acompanhar o campeonato Polaco.

Mas isso obviamente não ajudava a colmatar o vazio emocional que a falta de Benfica causava, pelo que passei a seguir mais de perto um dos meus clubes de eleição, o Cambridge United. Isso mesmo, é possível ver os jogos da League Two, que se situa três níveis abaixo da Premier League, ao vivo e a cores, com essa coisa das internets.


Foi uma época deveras fraquinha para o Cambridge United, que até sensivelmente metade andou quase sempre abaixo da linha de água. Ainda em Dezembro houve chicotada psicológica, com Colin Calderwood a assumir a liderança, o que acabou por resultar numa melhoria que viria a estabilizar um pouco a equipa na tabela. Acabou ainda nos últimos lugares, mas evitando a despromoção.

É óbvio que não vejo os jogos do Cambridge United esperando futebol de qualidade. Se estiver com expectativas a esse nível o resultado só pode ser uma depressão quando confrontado com a dura realidade do chutão para a frente. Mas, esquecendo isso durante 90 minutos, consigo efectivamente divertir-me com as azelhices, questionar-me acerca do sentido da vida durante exibições menos conseguidas, mas também vibrar com os golos aos trambolhões nos descontos. Não recomendo ver todos os jogos, mas de vez em quando não faz mal nenhum, e quem sabe se não apanho por acaso um daqueles momentos de génio que acontecem uma vez na vida a um jogador que durante o resto da carreira é um tosco?


Voltando às competições nacionais, devo dizer que acabei por sucumbir e não cumpri a época de abstinência. Com Bruno Lage ao leme da equipa, futebol deprimente deu lugar a futebol interessante. Boas exibições, que antes pareciam ser a excepção, passaram a ser a regra. Os putos foram aparecendo e impondo-se na equipa principal mais do que acontecia antes, e com uma qualidade impressionante. Jogadores encostados foram sendo recuperados. Sendo assim acabei por ceder à tentação de ver com os meus próprios olhos e vi boa parte dos jogos da segunda volta.

Ainda assim, acho que me fez bem o afastamento temporário. Se por um lado fui vendo outras coisas, a realidade Portuguesa incomodou-me menos e não ver um ou outro jogo passou a ser bem mais fácil. E quando acompanho uma partida em que o Benfica está em desvantagem, olho para o resto do jogo com interesse, tentando perceber como irá Bruno Lage resolver o problema, ao invés de roer as unhas em sofrimento. Pelo menos isto acontece com mais frequência do que no passado, o que me parece mais saudável, e o número de palavrões que debito por minuto tem-se apresentado em baixa.


Sendo assim, e não tendo estabelecido quaisquer objectivos concretos (ou ignorando-os por completo), declaro esta experiência um sucesso.





Até à próxima!

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