domingo, 12 de abril de 2020

Actualização quarentenária

Saudações, caríssimos!

E esta, hein? Estamos em plena pandemia e eu ainda não arranjei tempo para actualizar o blog. Na verdade, quando a última entrada foi publicada já o vírus se transmitia a grande velocidade na China, e quiçá noutros países, mas ninguém esperava que desta vez fosse diferente das anteriores e realmente chegasse tão longe com tanta pujança.

Em todo o caso, e tendo em conta a panóplia de filmes apocalípticos ao nosso dispor, incluíndo aqueles onde em vez de morrer as pessoas se transformam em zombies famintos por cérebros humanos, este vírus não é mau de todo. Os números algo assustadores devem-se principalmente a uma falta de preparação para um cenário que não é propriamente inesperado, mas que só se conseguiria explicar às pessoas com o dito cujo já a decorrer, com infectados e mortos em catadupa. Ninguém aceitaria ficar em casa por causa dum vírus sem ter visto do que é capaz. Da próxima vez é possível que estejamos mais bem preparados.

Sendo assim, ter que ficar em casa é algo aborrecido mas não difere assim tanto do que eu já fazia, e tendo uma profissão que me permite trabalhar a partir de casa (bem sei que sou um privilegiado por isso), não fiquei de repente com muito mais tempo nas mãos do que aquele de que dispunha antes. O que mais me chateia é que o local onde fabrico cerveja e afins fica a 3km de casa, pelo que esse meu passatempo está fora de questão neste momento, a não ser que mude oficialmente de residência para lá.

Enquanto as medidas de combate à pandemia não aliviam posso, ainda assim, lembrar os momentos aos quais ainda não dediquei as devidas linhas neste espaço, mesmo que de forma muito sucinta, e talvez depois escrever sobre outros assuntos que me suscitem interesse (isto já sou eu a ser optimista sobre a vontade de escrever).


Recuamos então uns meses até meio de Novembro de 2019, em Poznań, para a minha participação na segunda conferência Europeia de fabricantes de hidromel, numa altura em que ajuntamentos eram ainda permitidos e até encorajados.

A primeira conferência decorrera um ano antes, no mesmo local, e deu-me oportunidade de conhecer inúmeros fabricantes de hidromel caseiro ou comercial de toda a Europa. Nesta segunda edição pude conhecer ainda mais, inclusive vários Americanos que vieram cá para esse evento.

A conferência em si foi interessante, mas mais entusiasmante foi obviamente o convívio com hidromeleiros de todo o mundo, alguns bem conhecidos no mundo do hidromel, convívio esse bem regado com o produto do trabalho de toda essa gente.

O outro ponto alto desses dias em Poznań foi a formação de juízes, seguida da competição (Mead Madness Cup) na qual tive mais uma vez a oportunidade de julgar hidroméis de uma sub-categoria específica. Desta vez enviei um par de hidroméis para competir, e um deles acabou em segundo lugar na categoria M4A (os resultados estão aqui), na qual entram braggots, que no fundo são híbridos entre hidromel e cerveja (pelo menos metade dos açúcares iniciais vêm do mel e o resto vem do malte de cevada ou outros grãos). Não se preocupem. Os meus próprios hidroméis nunca seriam julgados por mim. Se fosse esse o caso acho que teriam possivelmente piores resultados.

Cada vez que participo num evento destes apercebo-me mais do quanto tenho a aprender, e embora agora seja oficialmente juiz de hidroméis (apenas reconhecido pela associação Europeia para já), tenho muito a treinar ainda para sentir confiança naquilo que estou a escrever na ficha de pontuação. Com tempo e trabalho essa confiança virá. Bem sei que não é fácil explicar este conceito de "trabalho" para quem olha para ele como sendo "beber e dizer se é bom ou mau", mas aprofundarei essa temática noutra altura.


Para fechar em beleza, pude ainda participar em dois dias de visitas às instalações de dois produtores comerciais de hidromel aqui na Polónia: Imbiorowicz e Pasieka Jaros. Fomos em modo visita de estudo, num autocarro onde, ainda por cima, foram também os restos dos hidroméis avaliados durante a competição, portanto continuámos o nosso "trabalho" de juízes durante a viagem. No entretanto tivemos também oportunidade de visitar o museu da apicultura em Swarzędz, perto de Poznań, e de ver um pouco da cidade de Łódź.





Já prometi isto antes, mas vamos ver se a quarentena me empurra um pouco para finalmente escrever algo mais específico sobre hidromel e a arte do seu fabrico. Desta feita, continuo sem especificar datas, mas quem sabe um dia destes...


E para terminar com um pouco de música, avanço uma semana até ao último concerto onde marquei presença, no final de Novembro. Refiro-me a Powerwolf, uma banda Alemã de power metal com uns toques de humor em temas místicos e até religiosos.


Pujança, boa disposição, e temas algo negros mas ainda assim contrastados com a cadência positiva do power metal, até que não cai mal nesta altura, sendo hoje dia de Páscoa.



Fiquem bem, e de preferência em casa! Até breve!

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