terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Música do meu 2014

Saudações!

A pedido de várias famílias, e antes de continuar com descrições fabulosas do que sucedeu cronologicamente ao longo do ano de 2014, deixo-vos aqui um resumo, mas musical, do ano passado. A música que fui ouvindo, independentemente de ser nova ou mais velha do que eu, mas que me foi marcando ao longo do ano. A ordem é pseudo-cronológica. De certa forma está de acordo com a altura do ano em que fui ouvindo os artistas em causa, mas não é bem, até porque muitos deles ouvi ao longo de todo o ano. Não esperem é análises rigorosas e racionais dos álbuns e artistas em causa.


Começo com uma banda que já conheço há alguns anos, mas que só há cerca de um ano é que comecei a ouvir devidamente. Fiquei fã do primeiro álbum. Esta música em particular leva-me para um estado de melancolia onde estranhamente (ou não) gosto de estar.

The xx - Infinity (The xx, 2009)



Directamente do Eurosonic do ano passado, possivelmente a banda que mais gostei de ver em todo o festival. A atmosfera intimista de um concerto com poucas dezenas de pessoas a assistir e a beleza que a música transpira ficaram bem marcadas na minha mente.

Cosmic U - A Thousand Miles (Constructed Land, 2013)



Para continuar o ano em melancolia, uma voz Dinamarquesa acompanhada pelo piano e, no mais recente álbum, algumas outras cordas. Já a conhecia do primeiro álbum, mas agora ganha uma nova dimensão. E continua a hipnotizar uma pessoa.

Agnes Obel - The Curse (Aventine, 2013)



Derivando agora para terrenos musicais menos explorados por mim, redescobri este senhor, depois de vários anos sem prestar muito atenção à música mais electrónica. E em boa hora o fiz. Enorme álbum, em que se faz acompanhar de grandes vozes.

Moby - A Case For Shame (Innocents, 2013)



Uma actuação curta no festival Cross Linx em Groningen foi o suficiente para que seguisse com atenção o lançamento anunciado do seu primeiro álbum. E foi um álbum que esteve sempre por perto assim que saiu. Piano e voz com um toque electrónico que criam uma ambiência melancólica, que eu tanto aprecio e na qual pareço sentir-me em casa.

Douglas Dare - Lungful (Whelm, 2014)



Do festival Roadburn, um par de meses mais tarde, e de que falarei ainda num post a escrever, um concerto que me marcou por ter sido uma oportunidade única. Estes senhores não são fáceis de encontrar e estiveram vários anos parados. Suecos, com um nome que não sei pronunciar, autores de um rock progressivo complexo e não muito fácil de digerir inicialmente. Tremendamente delicioso, no entanto.

Änglagård - Jordrök (Hybris, 1992)



Depois de algo diferente, voltemos à minha incursão pela música electrónica. Curioso o facto de ter sido uma banda parcialmente da minha cidade (mais concretamente da aldeia de onde a minha mãe é natural) a contribuir em grande para este novo interesse. A verdade é que este álbum me dá bastante gozo, neste caso combatendo a melancolia. Com esta música a tocar consigo imaginar-me a caminhar à beira-mar pela marginal de Vila do Conde, olhando o mar azul e sentindo os quentes raios de sol nas ventas. Talvez seja por isso mesmo que gosto destes tipos.

Sensible Soccers - AFG (8, 2014)



E agora um velho conhecido. Um daqueles artistas que me fazem sentir velho porque me lembro de ouvir os seus primeiros álbuns no pico da minha deprimente adolescência. No ano de 2014 lançou o seu décimo primeiro (sim, 11º) álbum. Mais um bom álbum de um bom artista que vai alternando entre álbuns que podem levar alguém a uma depressão e álbuns alegres e bem dispostos, dependendo do seu estado de espírito (do artista, mas do ouvinte também).

Eels - Lockdown Hurricane (The Cautionary Tales of Mark Oliver Everett, 2014)



A mais ou menos meio do ano comecei a virar-me mais para sons pesados, o que vai de encontro a muitas das minhas preferências musicais. Uma banda que desconhecia, mas que deu origem, segundo dizem, a dois ou três sub-géneros de metal. O álbum que me encheu as medidas é metal viking cheio de raiva, guerra e destruição, sempre com alguma mitologia à mistura. Por alguma razão estava a precisar disso na altura.

Bathory - Shores in Flames (Hammerheart, 1990)



Entretanto, tive que passar algum tempo a apreciar a brutal fusão entre diferentes tipos de folk e rock de uma banda que já conhecia, mas cujo lado mais pesado foi algo surpreendente para mim. Pela positiva. Seja para continuar ou não, fico à espera do próximo.

Wovenhand - The Refractory (Refractory Obdurate, 2014)



A certa altura apercebi-me de ainda não conhecer suficientemente bem este artista canadiano. Considerando este facto como uma falha grave, fui imediatamente ouvir mais música. O resultado foi esta enorme descoberta. A sua já famosa parede de som com diversas camadas de guitarras e não só aparece aqui em grande. Contrariamente a muita da música pesada que ouço, este álbum cria um ambiente positivo. Não conheço muitas formas melhores de começar o dia. A energia que emana dá-me vontade de ser produtivo, imagine-se.

Devin Townsend Band - Triumph (Synchestra, 2006)



Metal em câmara lenta, é uma forma de definir a música desta banda que passei a admirar. Já os conhecia há uns anos, e fui mantendo o interesse. Para quem tem paciência, o prazer que esta música pode dar é grande. Pode-nos transportar para o meio de um deserto em que estamos totalmente relaxados. Para quem não tem a paciência suficiente, acredito que ouvir música tão lenta pode ser frustrante. Desta vez não se limitaram ao instrumental, e o resultado é fabuloso.

Earth - From the Zodiacal Light (Primitive and Deadly, 2014)



Revisitando um álbum que já tinha há algum tempo, cheguei à conclusão de que não deveria ter esperado tanto. Pesado, negro e intenso. Adoro músicas como esta. Relativamente calma durante a maior parte do tempo, vai acumulando alguma tensão até que sai uma daquelas explosões de raiva que descarrega o stress de uma semana. E estes senhores (já por cá andam há algum tempo) têm umas quantas assim. Mas o gozo maior vem, como na maior parte dos álbuns aqui mencionados, com a audição do disco inteiro.

Cult of Luna - In Awe Of (Vertikal, 2013)



Consequência dos concertos a que fui a seguir, voltamos então ao meu caríssimo post-rock. Desta feita com uma banda que não conhecia muito bem até este ano, e que empurra a fronteira do estilo, aproximando-o de math rock. O resultado é daquelas misturas difíceis de explicar, com beleza e intensidade. Neste último álbum introduziram mais electrónica, com grandes resultados.

Maybeshewill - In Amber (Fair Youth, 2014)



E chegou a vez de mais um grupo de velhos conhecidos. Os Escoceses, pioneiros do post-rock, continuam a dar cartas, mantendo grande qualidade álbum após álbum. Escolhi esta música por me transportar para os primórdios do meu interesse por este estilo, por me fazer lembrar um dos seus primeiros álbuns. Cá está de novo a minha melancolia de estimação em todo o seu esplendor. E, meus amigos, este som debitado por um sistema de som a sério brilha de tal forma que é capaz de me fazer chorar. Sempre grandes.

Mogwai - Blues Hour (Rave Tapes, 2014)



E o que pode seguir-se a estes velhos conhecidos que não outros velhos conhecidos? Sempre difíceis de classificar. Desde os primórdios ligados a death metal, passando por influências de jazz, rock progressivo ou psicadélico, até baladas eles dominam. Desta feita estão a tornar-se mestres num rock progressivo algo pesado, mas já sem os gritos típicos do death metal. E por mim podem muito bem continuar por aí. Que enorme álbum que lançaram. Sempre grandes. Outra vez.

Opeth - Eternal Rains Will Come (Pale Communion, 2014)



Dando continuidade ao ano anterior, já que venho ouvindo este álbum desde há algum tempo, opto por incluí-lo aqui porque finalmente pude ver estes jovens de Barcelona ao vivo e até falar com eles depois do concerto. São uma banda muito pouco conhecida ainda e fizeram um álbum que fica ao nível de muito boa gente nesta lista. Simplesmente fenomenal. Abrange tantos estilos que não me atrevo a classificá-lo. Apenas digo que caem mais para o lado pesado do meu gosto musical. Neste caso faz ainda mais diferença ouvir o álbum todo, pela continuidade que apresentam de música para música, quase não havendo separação entre as faixas. Portanto o que apresento aqui é apenas uma migalha.

Obsidian Kingdom - Through the Glass (Mantiis, 2012)



E agora uma banda que só conheci porque os jovens que acabei de referir tocaram como banda de suporte no concerto que fizeram aqui em Nijmegen. Foi a primeira vez que fui a um concerto de propósito para ver a banda que abriu a noite, mas acabei por adorar a banda final. Islandeses que estão em grande nesta altura. Tudo por causa de um excelente álbum com um metal atmosférico, como gosto de lhe chamar, e obviamente melancólico. Algo depressivo, até. Apesar de o ter ouvido já tarde no ano, ganhou claramente um lugar nesta lista.

Sólstafir - Lágnætti (Ótta, 2014)



E chegamos finalmente a um artista Holandês. Já o conhecia há algum tempo mas nunca explorei devidamente a sua obra. Optei por olhar e ouvir com mais atenção o seu último álbum. Ou deverei dizer obra-prima? Uma espécie de ópera de rock e metal progressivo dividida em quatro fases (uma para cada lado do duplo vinil) distintas da história. Muitas vezes não presto atenção às letras das músicas que ouço, mas aqui é obrigatório. E mais uma vez, é pouco mais que inútil ouvir faixas individuais. São muitas e curtas, e as únicas pausas do disco existem para separar as quatro fases. O resto não pára. Nos últimos meses tenho passado por este álbum várias vezes, e é impensável não o ouvir do princípio ao fim.

Ayreon - Phase I: Singularity (The Theory of Everything, 2013)



E como poderia deixar de fora os mestres? Por influência do meu pai, é certamente a banda que ouço há mais tempo. De tempos em que não me recordo de grande coisa, sei que estes senhores estavam lá, e não poderia deixar de os referir. Até porque este assumido álbum final me agradou bastante. Não está certamente ao nível dos clássicos, mas tem o seu lugar. Um grande álbum de música ambiente, pelo menos. Tem-me acompanhado desde que saiu e por aqui continuará.

Pink Floyd - Louder Than Words (The Endless River, 2014)



Arrisco referir aqui um álbum que apenas comecei a ouvir nas últimas semanas. Porque já antes apreciava esta banda, com o seu som negro e, lá está, melancólico, mas também pelas inexplicáveis sensações que despoleta. É impossível explicar. Esta é a primeira música do álbum, e ao fim de dois minutos já estou rendido. Estou a sentir-me não apenas melancólico mas completamente de rastos, como se tudo estivesse perdido. Parece terrível, mas de certa forma eu busco muito este tipo de sensações. Poderosas, sempre, mas raramente positivas. Mas aviso-vos que não devem ouvir isto se já se sentirem em baixo. Não vai ajudar nada.

Agalloch - Birth and Death of the Pillars of Creation (The Serpent & The Sphere, 2014)




Mas porque nem só de melancolia vivo eu, vou terminar com uma banda Portuguesa que tem estado presente nos momentos em que tenho de tratar de tarefas domésticas e essa é a última coisa que me apetece fazer. Quando tudo falha, ou quando me sinto melancólico, estes senhores aparecem para salvar o dia. Se se sentirem ofendidos com linguagem brejeira, sugiro que evitem esta banda com toda a força. Esta é uma das minhas músicas favoritas, e é das menos brejeiras também. Os dois factos não estão relacionados, já agora. Há muito boa música com muito bom palavrão na discografia destes senhores.


Ena Pá 2000 - O Corcunda de Nôtre Dame de Paris (Opus Gay 1997)




Doei!

domingo, 7 de dezembro de 2014

Alkmaar

Ora, para variar um pouco, desta vez não vou falar de música ou concertos.

"E que mais assuntos tens tu para tratar?" - acabei agora de ouvir, talvez apenas na minha cabeça - "Bebidas alcoólicas?".

Não, embora tenha algumas semelhanças. Pode ser inebriante, por vezes dá ressaca e tem patrocínio de uma cerveja. Peço desculpa por estar a fazer tanto sentido, mas é o que acontece quando quero falar do S.L. e Benfica.

No já distante mês de Abril o clube da minha predilecção ganhou uma viagem à Holanda para defrontar o AZ Alkmaar, clube da cidade de Alkmaar, pois claro.

Como de costume quando o Benfica passa aqui por perto, comecei à procura do tão ansiado bilhete. Comprar bilhete junto dos adeptos do Benfica estava praticamente fora de questão, já que para isso seria preciso provavelmente ir a Lisboa de propósito, ou ter alguém na fila por mim.

Os bilhetes para os locais tinham um requisito que é comum por aqui. É normalmente necessário ser-se possuidor do cartão do clube para se ir a qualquer jogo e, sendo assim, eu não podia comprar o bilhete normalmente.

Acabei por consegui-lo através de um amigo Holandês da zona, cujo irmão conhecia alguém que tinha o cartão do clube e não ia ver o jogo. Assim arranjei lugar junto dos adversários ao preço normal. Nada mau.


Uma vez lá no Norte, fui para o estádio com alguma cautela, já que não sabia como seria a minha zona do estádio em termos de agitação adversária. Sendo assim levava escondida a camisola indicativa da minha preferência clubística.

As preocupações revelaram-se desnecessárias. Desde cedo pude mostrar a camisola sem problemas (a camisola adversária também era vermelha, de qualquer forma). Estava numa zona ocupada por adeptos com bilhete de época. Pessoal que lá está para ver futebol, portanto, e tudo muito pacífico. Fui trocando até impressões com os companheiros de bancada ao longo do jogo, mas no golo não quis chateá-los muito, por isso limitei-me a gritar para dentro.

O resultado acabou por ser uma vitória tangencial para o Benfica. Tudo normal. O AZ com ataque vertiginoso na primeira parte, à Holandesa, mas pouca eficácia, e o Benfica, passado o aperto, soube aproveitar e levar uma vitória importante para casa. Já começava a parecer possível repetir a final do ano anterior, o que acabou por acontecer, infelizmente com a derrota a repetir-se também. Mas isso é para outro post.

Tudo bastante bem organizado antes e depois do jogo, com autocarros a ligar o estádio e a estação de comboio, e uma operação de evacuação do estádio muito eficaz, com a polícia a cortar o transito periodicamente em redor do estádio para que os carros e autocarros pudessem sair sem grandes transtornos.















Aproveitei que o dia seguinte era sexta-feira e fiquei por lá para ver um pouco da cidade. Não era preciso muito tempo, já que a cidade não é grande. Queria apenas ter uma ideia, e ver principalmente o popular mercado do queijo, que decorre semanalmente durante parte do ano. Aquela sexta-feira foi o primeiro dia do festival deste ano, o que aumentou certamente a afluência de turistas de câmara em punho e teve até direito a cobertura televisiva. Para não destoar, levei a minha câmara em punho, mas por vezes no bolso também.

Basicamente o que acontece é uma representação do que seria o mercado do queijo em séculos passados, muito orientada para os turistas. O que acontece lá é real, mas é feito de forma teatral, para que se pareça com o que já foi.

Representantes do retalho do queijo vão ao mercado e analisam amostras dos queijos apresentados pelos produtores, e aí decidem o que comprar para revenda. E depois temos os transportadores dos queijos, vestidos a rigor e usando o método tradicional de transporte. Esta é a parte para turista ver, mas não deixa de ter piada.

Já que o mercado em si não tem muito que ver, e aproveitando que todos os turistas estavam lá à volta, fui ao museu do queijo, ali mesmo na praça, que se encontrava praticamente vazio à hora em que transacções milionárias eram efectuadas ali ao lado. Isso deu-me todo o tempo do mundo. Passei bastante tempo a ler tudo o que podia e saí de lá com inúmeras informações úteis acerca de vacas e ainda conhecimentos para fazer queijo e manteiga. Agora falta pôr esse conhecimento em prática.

Encontrei também o museu da cerveja, que acabou por não ser nada de especial. A explicação da produção da cerveja não estava muito bem feita. Aproveita-se o facto de ter algumas referências históricas, tanto de tipos de cerveja como de procedimentos específicos da época.





























Resumindo, foi um excelente início de fim-de-semana, com futebol, Benfica, queijo, cerveja, e um belo passeio a ligar tudo.


Doei!

domingo, 23 de novembro de 2014

Cross Linx

Caríssimos,


Com a minha já habitual assiduidade, volto para vos pôr ao corrente de um festival que começa a ganhar alguma tradição no meu ano musical.

Mais uma vez em Groningen, o Cross-linx é um festival ao qual já tinha ido há uns anos e que, tal como dessa vez, apresentou um óptimo cartaz.



Ao contrário do Eurosonic, este é mais um festival itinerante. Durante quatro dias passa por quatro cidades Holandesas, e numa noite há diversos concertos a decorrer no mesmo local, mas em diferentes palcos.

Quanto ao cartaz, alguns velhos conhecidos, como José González e My Brightest Diamond, um mais recentemente conhecido, Ólafur Arnalds, e alguns, para mim, ilustres desconhecidos.

Começámos logo com uma surpresa. Douglas Dare, com o seu piano e um toque de electrónica, causou um certo impacto. Fiquei imediatamente fã.

Douglas Dare - Lungful




Depois veio a mais que esperada qualidade. O Islandês Ólafur Arnalds estava acompanhado por uma orquestra, o que deu uma maior dimensão à sua música.
José González também não desiludiu. Não o tenho acompanhado nos últimos anos, mas devia. Ainda deu para relembrar algumas das músicas mais antigas.

Ólafur Arnalds - This Place Was A Shelter



José González - Heartbeats


E depois, mais uma surpresa em grande, que me fez perder My Brightest Diamond. Simplesmente não conseguimos sair do concerto seguinte antes do seu final. Lubomyr Melnyk. Pianista Ucraniano pioneiro da "música contínua". Durante largos minutos estivemos como que noutra dimensão, em transe. A cadência de notas que criam uma torrente interminável de som é tal, e tão harmoniosa, que imediatamente agarra a audiência. É simplesmente impressionante.

Lubomyr Melnyk - The Voice Of Trees (Part 1)




Mais uma vez o festival não desiludiu. Uma noite com amigos e muito boa música foi mais do que suficiente para que eu mantenha o interesse em voltar em próximas edições.


Doei!

domingo, 21 de setembro de 2014

Eurosonic

Ora viva, caríssimos.


Finalmente referir-me-ei a algo que se passou já este ano. Em Janeiro, mais concretamente.

Uns meses antes, a um Sábado de manhã, um grande amigo, já dos tempos da escola José Régio, que vive em Groningen, envia-me algumas mensagens que só vi mais tarde.

Ele encontrava-se na fila para a compra de bilhetes para o festival Eurosonic, que viria a decorrer naquela mesma cidade, e perguntava-me se queria um bilhete. Felizmente ele previu a minha resposta e comprou o bilhete na mesma, antes que eu tivesse respondido.




Já tinha ouvido falar várias vezes do Eurosonic, e sabia quão difícil pode ser conseguir bilhetes.

É um festival de música muito virado para novas bandas. Como tal, tem atraído uma presença cada vez maior de caçadores de talentos em busca da "next big thing".

O que mais gosto do festival, para além da qualidade da música apresentada, é o seu formato, que me agrada particularmente. Durante os dias do festival há concertos em simultâneo nos diversos palcos espalhados pela cidade, ora construídos propositadamente para o evento, ora utilizando os locais onde passam normalmente os concertos por lá.

Este formato tem, claramente, desvantagens. Uma delas é que, num determinado momento há vários concertos a decorrer, portanto perde-se sempre a maior parte deles. Outra tem a ver com a capacidade de alguns locais e o fluxo de festivaleiros para os mesmos. Há inevitavelmente filas à entrada, até porque o pessoal do showbiz tem prioridade.

Mas dada a diversidade e a quantidade de concertos a decorrer, acaba por haver uma alternativa de qualidade algures.

Na prática, andamos durante uns dias antes do festival a ouvir amostras da música que por lá vai passar e tentamos escolher o que queremos ver. Depois procuramos um concerto em que seja possível entrar e que agrade ao maior número de pessoas no grupo possível. Ou seja, andamos a pedalar pela cidade e, na maior parte das vezes, acabamos por ir para a segunda ou terceira escolha.

Mas a beleza deste festival é isso mesmo. A terceira, quarta ou quinta escolhas podem muito bem proporcionar belos momentos. Por outro lado, se tivermos a sorte de conseguir entrar no local onde a nossa primeira escolha vai actuar, isso não quer dizer que gostemos. Paciência, podemos sair a qualquer altura e ir para outro lado.

No final de contas, toda essa dinâmica parece-me trazer mais vantagens do que desvantagens.


E depois há os concertos ao lado do festival, mas dentro do espírito do mesmo.

Fora dos locais principais, há diversos outros locais onde as bandas participantes vão passando ao longo dos dias e dando mini-concertos. É o caso da loja de discos, um ou outro café, alguns bares e até mesmo lojas de roupa.

Basicamente podemos vaguear pela cidade desde o início da tarde e entrar em qualquer lado para ouvir música ao vivo.

Portanto, o dia seria algo do género: levantar tarde, tomar pequeno-almoço, ir tomar um café enquanto está lá alguém a tocar, dar uma vista de olhos na loja de discos e ouvir um mini-concerto, ir comer qualquer coisa, ir ao pub beber uma boa cerveja e assistir a mais um ou dois concertos, até que mais à noite se entra no modo festivaleiro normal, vagueando pelos diversos locais para os principais concertos.

Um dia muito bom, portanto.


Não posso dizer que tenha visto todas as bandas que gostaria de ver, obviamente, mas vi algumas das minhas primeiras escolhas. E as alternativas às outras valeram a pena, no geral.

Acho que a recordação com que fico do festival é de uns dias bem passados, entre amigos, com boa música, e com um bom número de novas bandas a seguir.


Poderia dar muitas sugestões de bandas que vi durante o festival, mas aquilo que quero realçar é a qualidade e bom ambiente do festival em si, e não tanto uma ou outra banda em particular.

Deixo-vos, no entanto, alguns vídeos de bandas que vi, ora de relance, ora durante uma boa hora. Algumas têm um estilo diferente do que eu habitualmente vos sugiro por aqui, e que normalmente não procuraria, enquanto outras encaixam melhor no meu gosto pessoal. Algumas vi num típico local de concertos, enquanto vi outras num bar a beber uma cerveja a meio da tarde, na loja de discos enquanto procurava mais música, ou mesmo numa igreja adaptada para concertos. Algumas foram apenas uma "one night stand", mas outras acompanhar-me-ão por muito tempo. Mas todas elas proporcionaram grandes momentos, fosse pela circunstância, pela companhia, ambas ou simplesmente pela música.



MONEY




Kadebostany




Jett Rebel




Taymir




Flying Horseman




Jacco Gardner




Town Of Saints




Cosmic U





East India Youth





Doei!

domingo, 14 de setembro de 2014

Black Sabbath

Caríssimos,

Mais um post, mais um concerto, ainda que num passado já algo distante. Para ser mais preciso, este concerto aconteceu apenas dois dias depois do que originou o post anterior, no mesmo local.



Apesar do cansaço que daí resultaria, não quis perder esta oportunidade. Os Black Sabbath não têm aparecido por aí muitas vezes.

Há já uns anos, passariam por cá os Heaven & Hell, ou seja, os Black Sabbath com Ronnie James Dio no lugar de Ozzy Osbourne. Mas infelizmente uns meses antes Dio levou o seu talento para outras paragens.


Voltando aos Black Sabbath. Uma banda que me diz imenso, mas não posso dizer que conheço a fundo o seu trabalho.

Diz-me muito porque, como já antes referi por aqui, foi possivelmente o meu primeiro ponto de contacto com o Heavy Metal, na sua forma mais clássica.

Foi precisamente com o álbum Heaven and Hell, em que Dio aparecia como vocalista. E essa é provavelmente a razão para eu não conhecer tão bem o resto do trabalho da banda.

Conheço os clássicos, claro. Mas para mim, ouvir Ozzy em vez de Dio simplesmente não me puxava tanto, já que Ozzy simplesmente nunca soube cantar (embora admita que tem uma voz algo sinistra, pelo que se pode adequar ao som). A grande razão para eu ouvir o resto da discografia da banda era (e é) Toni Iommi. Que grandes riffs faz este senhor.


Adiante. Entretanto Ozzy voltou para uma nova reunião, e desta vez para gravar um álbum, 13.

Não é particularmente inspirado, pelo menos para o meu gosto. Mas os riffs estão lá, como sempre. E por mim isso chega.

E assim, sabendo ao que ia, o concerto foi um gozo. Ozzy desafinava, mas isso não é novidade. Mas foi um concerto em grande, com os enormes clássicos da banda e, claro, grandes riffs a invadir os ouvidos de todos os presentes.

Deixo-vos alguns dos clássicos que tocaram nessa noite, filmados há umas boas décadas atrás e ainda uma música do último álbum.


War Pigs



Black Sabbath



Paranoid



God Is Dead?



Doei!