domingo, 6 de fevereiro de 2011

Godspeed You! Black Emperor

Caríssimas(os),

No dia 19 de Janeiro, poucos dias após o concerto de Agnes Obel, desloquei-me a Amesterdão, ao Paradiso, após a jornada de trabalho, com o intuito de assistir a um dos concertos mais esperados dos últimos anos. Para mim, certamente um dos mais esperados de sempre.

Se já aqui referi imensas vezes post-rock, esta banda Canadiana está, sem dúvida, entre os maiores responsáveis pelo meu interesse por esse estilo musical.

Para além de terem elevado o estilo a um novo patamar e de terem mostrado todo um mundo novo em termos musicais a tanta gente, os Godspeed You! Black Emperor tornaram-se, nos últimos anos, uma banda de culto por esse mundo fora, principalmente depois do hiato que iniciaram após o seu último álbum, em 2003.



Eis que surge uma declaração oficial da banda (retirada daqui), após todos estes anos, acerca da sua digressão iniciada no final de 2010. Quando soube que iriam também passar pela Holanda tive de comprar um bilhete de imediato.

Sempre com motivos políticos aliados à sua música, muitas vezes insurgindo-se contra o sistema e a sociedade em que vivemos, é uma banda que transmite muitas vibrações negativas e até premonições apocalípticas. Não é o tipo de música que anima o espírito, certamente. Mas, por muita música que passe pelos meus ouvidos, a música destes senhores perdurará na minha memória.

São uma banda que criou música da mais fascinante que já pude ouvir. Com oito talentosos músicos em palco (em tempos foram mais), a resultante harmonia sonora facilmente nos envolve e transporta para um mundo que vai passando diante dos nossos olhos, projectado numa tela. E quando essa harmonia, em crescendo, se aproxima da explosão, vai surgindo um aparente caos que não o é e que nos ataca os ouvidos sem piedade.

Estou eu para aqui com estas tentativas desesperadas de descrever o som que me encheu as medidas durante duas horas e meia de concerto, mas é bem mais complexo do que isso. As suas músicas não podem, de todo, ser encaradas como uma típica canção, tendo em conta o formato, duração e todas as partes que as constituem. Não é música para toda a gente. E não digo isto por achar que só pessoas com uma capacidade intelectual fora do normal, como eu (falta saber é para que lado do "fora do normal"), conseguem gostar disto. Mas é de facto um gosto adquirido. E nem toda a gente tem paciência para ouvir uma banda cujas músicas, só instrumentais, devem andar pelos vinte minutos de duração, em média.

Enfim, foi um concerto inesquecível, num sítio bastante apropriado (o edifício onde hoje é o Paradiso foi, em tempos, uma igreja, o que cria um ambiente fantástico para um concerto destes), em que facilmente ficaria o dobro do tempo a levar com aquelas doses massivas de agressividade intervaladas com massagens harmoniosas nos ouvidos.

Tendo em conta a duração do material desta banda, compreendo que não tenham paciência para ouvir sequer uma música inteira. De qualquer forma deixo-vos três músicas, cada uma dividida em duas partes, o que significa cerca de uma hora em tempo total.

Se não tiverem tempo, não sabem o que perderam. :)


Godspeed You! Black Emperor - East Hastings (parte 1)



Godspeed You! Black Emperor - East Hastings (parte 2)



Godspeed You! Black Emperor - Static (parte 1)



Godspeed You! Black Emperor - Static (parte 2)



Godspeed You! Black Emperor - Rockets Fall On Rocket Falls (parte 1)



Godspeed You! Black Emperor - Rockets Fall On Rocket Falls (parte 2)




Doei!