sábado, 22 de julho de 2017

Protestos

Dzień dobry, caríssimos!


Uma onda de protestos por toda a Polónia foi ganhando força ao longo da semana. Os motivos não são particularmente surpreendentes para quem tem acompanhado um pouco a política no país ultimamente.

Não vou agora fingir que sou especialista político, e muito menos na situação específica da Polónia, mas tentarei resumir o que fui percebendo. Convém referir que as minhas fontes são maioritariamente parciais para um dos lados - o da oposição ao actual governo - e obviamente ainda estou longe de dominar a língua Polaca, pelo que não sigo muito do que se diz ou escreve por cá na primeira pessoa.

O partido no governo há um par de anos (PiS - Lei e Justiça) tem vindo a criar vários projectos de lei, alguns dos quais chegaram a lei, com a aparente intenção de agarrar o poder e nunca mais de lá sair, atropelando a democracia pelo caminho, tudo sob o pretexto de que é preciso limpar toda a escumalha corrupta que prolifera nas instituições afectadas e apelando ao nacionalismo e tendências católicas de muitos Polacos.

Nem todas as notícias, que eu saiba, fizeram grande eco em Portugal. Deixo aqui alguns exemplos, dos últimos anos, retirados de alguma imprensa internacional:


Mas melhor do que tentar escrever algo sobre um assunto que não domino, deixo também aqui alguns artigos (bem escritos e pertinentes) de um Português que vive na Polónia há uns bons anos, tendo portanto uma visão mais abrangente da toda a situação:



Ontem participei num dos protestos organizados aqui em Cracóvia. Como residente na Polónia há tão pouco tempo, ainda me sinto um intruso em tais acontecimentos, mas embora seja uma experiência de vida que nunca tive, viver numa ditadura não é algo que me apele, de momento.

A imagem que tenho da política, tanto Portuguesa como Polaca, é bastante incompleta, e não será de um dia para o outro que conseguirei mudá-la radicalmente. O facto de no primeiro caso poder acompanhar os acontecimentos no meu idioma materno e no outro ainda não perceber o suficiente para ler um artigo de jornal sem muita ajuda também contribui, creio eu, para que eu talvez subestime a situação Portuguesa e quiçá sobrestime a situação Polaca.

Em Portugal parece-me sempre que há muita incompetência, corrupção e chico-espertismo. Nada que não haja também por aqui, mas os "salvadores da pátria" no poder parecem estar a ir longe demais. E olhando para a figura que os lidera dos bastidores, Kaczyński, tudo isto pode estar a ser engendrado por vingança. Aliás, pelos vistos alguns membros do governo têm as suas próprias agendas de vinganças pessoais. Em Portugal muitas coisas me soam a palhaçada, aqui há um "mini-Putin" à solta, ou assim parece.

A forma como este governo trabalha faz rir e chorar ao mesmo tempo. Leis passadas durante o fim-de-semana ou à noitinha, muitas vezes em tempo recorde, sem proporcionar consulta pública ou dar tempo para que a oposição possa analisar as ditas cujas. Isto faz-me lembrar a situação inicial do livro "À Boleia pela Galáxia", em que o protagonista vê a sua casa a ser demolida para que parte de uma estrada seja construída, para logo a seguir os Vogons aparecerem e demolirem todo o planeta para a construção de uma via espacial, argumentando que os planos para a construção estavam em Alpha Centauri para consulta. Parece-me que só uma tripulação de Vogons será capaz de parar esta gente.

Um último comentário que me apetece deixar é que não compreendo a onda de indignação pelo facto do governo estar a tomar conta dos tribunais. Dum partido chamado "Lei e Justiça" esperavam mesmo o quê?

Espero que as piadas, mesmo as más como esta, não deixem nunca de ver a luz do dia. A não ser que sejam proferidas à noite.


Do widzenia!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Passeios nas redondezas

Ora viva, caríssimos!

Para não deixar isto demasiado parado e voltar um pouco aos tempos áureos deste blog, venho escrevinhar umas linhas sobre as últimas semanas por estes lados.


Para começar, Kielce, cidade Polaca descrita em poucas linhas na versão Portuguesa da wikipedia, não terá, lamentavelmente, muitas mais linhas sobre ela aqui. Mas é uma cidade que visito com alguma frequência, pela simples razão de ser onde vivem os pais da minha cara-metade.

O que vos posso dizer sobre essa cidade a meio caminho entre Cracóvia e Varsóvia? Tem uns edifícios com algum interesse, mas nada de especial quando comparado com cidades históricas. Pelo pouco que sei, há já uns bons anos foi aceite a construção de uma estação de comboio na cidade, depois de uma cidade vizinha preferir não o fazer. Desde então tem vindo a crescer, em boa parte devido à presença da dita estação.

O que é especial na cidade, ou na região circundante, para além dos cozinhados e licores fabricados pela minha "sogra", tem interesse principalmente geológico, paleontológico, ou seja, para quem gosta de coisas mais antigas que a própria história.

A cadeia montanhosa existente na zona, agora reduzida quando comparada com as montanhas no sul da Polónia, tem vários pontos onde se podem apreciar formações rochosas curiosas, fósseis de tempos imemoriais e caixotes do lixo que se assemelham a personagens da Guerra das Estrelas.



O já muito pouco que recordo das aulas sobre geologia não me permite explicar com segurança aquilo que já pude vislumbrar por ali, mas basicamente pode ser resumido em "muita pedra".

Muito do interesse geológico encontra-se em antigas pedreiras que agora são usadas para passeios de cariz turístico.








Para além de toda aquela rocha, há também um mosteiro no cimo duma colina, de onde se pode observar a cidade ao longe. Nesta altura proliferam por lá canhões e outros equipamentos bélicos do passado.










E agora, fazendo uma passagem bastante subtil, informo subtilmente os leitores que irei de seguida escrever sobre outros locais que não Kielce, para que não se percam.


Sendo que já não passeava há uma semana, e aproveitando um fim-de-semana prolongado de Junho, decidi tentar pela primeira vez organizar uma viagem sem informar a outra metade da comitiva sobre o destino. Não é que tenha sido algo de extraordinário, mas tinha necessariamente que fugir ao óbvio, e acabei por escolher duas localidades Polacas que, não sendo longe, são suficientemente fora de mão para que as probabilidades de surpreender aumentassem.

Tanto uma como outra são bastante turísticas, apesar de tudo, mas a primeira, talvez devido a data e condições meteorológicas apetecíveis, estava repleta de turistas. Kazimierz Dolny é uma pequena localidade perto de Lublin e um comum destino turístico para gente dessa cidade, bem como de Varsóvia e eventualmente mais algumas grandes cidades. Ao chegar lá consegui perceber imediatamente porquê. O cenário natural nas redondezas é fantástico e o centro histórico também não é mau. Tem alguma história, pelo que há alguns motivos de interesse para quem não quer ficar a pastar nas esplanadas, e tem ainda mais motivos de interesse para quem quer caminhar, pedalar ou navegar pelas redondezas. Merece uma nova visita, mas de preferência numa altura em que atraia menos gente.

















Tenho pouco mais para contar. Apenas um pequeno episódio que merece alguma atenção. Estávamos em busca de um sítio onde beber uma cerveja quando vislumbrámos um homem sentado numa das mesas de esplanada na praça central, destacando-se (se calhar só para nós) da multidão por ter uma cerveja artesanal à sua frente. Isto numa praça onde não havia nada para além das comuns cervejas pertencentes às mega-cervejarias e onde nenhum café vendia outra coisa. Discretamente perguntámos-lhe onde arranjara tal bebida. Primeira reacção: "Não foi aqui!", e eventualmente acabámos por perceber que tínhamos que ir a uma praça secundária, num canto, onde o aspecto hipster do costume e os logótipos das marcas artesanais nossas conhecidas nos descansaram.

Eventualmente lá dentro encontrei pela primeira vez hidromel num formato totalmente diferente do que é costume no mercado Polaco e mais próximo do que eu fui fazendo até há bem pouco tempo. Com isso tive mais do que o suficiente em que pensar, já que pude verificar que eu já fiz inúmeros produtos que não considerei serem suficientemente bons, mas que ainda assim eram melhores que aquilo. Tenho que fazer algo em relação a isto!


Prossigamos então, mais uma vez subtilmente, em direcção a Zamość, localidade com uma bem preservada praça renascentista e parte das antigas fortificações. Tem interesse arquitectónico, já que o nobre que era dono do sítio chamou o seu amigo Morando, de Pádua, para desenhar a cidade à imagem do que se fazia na sua terra.


















Por certo muitas mais coisas interessantíssimas ficaram por escrever, mas agora estou pouco inspirado para tal. De qualquer forma, e tendo em conta o que ainda me falta conhecer do país, por certo que terei mais para contar em breve.


Do widzenia!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Tetra, ou umas quantas considerações sobre o pobre futebol Português

Saudações, caros leitores!

Estamos numa era em que a informação viaja lentamente, mas ainda assim, e tendo em conta que só passou um mês, talvez já tenham ouvido dizer que o Benfica se sagrou campeão nacional pela quarta vez consecutiva. Nunca visto. Bem sei que tanto Porto como Sporting já o tinham feito, mas numa época não tão distante do nosso Vietname, não posso deixar de estranhar a sensação. Isto para além das duas outras competições vencidas (Taça e Supertaça).

Rui Vitória conseguiu mais uma vez provar que ser o mestre da táctica não é tudo e pudemos também verificar que desenhar diagramas complexos não é receita suficiente para lá chegar. Tivessem todos a sua atitude e o nosso futebol estaria bem melhor.

O plantel era bom, o espírito de equipa também, e é certo que vários destes jogadores terão que aguentar-se em climas mais frescos (mas com carteiras mais recheadas) na próxima época.


Isto tudo é muito bonito, mas a razão que me levou a escrever estas linhas com algumas semanas de atraso está relacionada com impressões negativas da minha parte, que esperei para ver se desapareciam, bem como a perda de boa parte da pouca pachorra que já tinha para circos, palhaçadas, esquemas e negociatas (se procurarem "futebol Português" em qualquer dicionário, estas palavras certamente aparecerão).

Desde logo as arbitragens. Sou talvez um mau adepto. Pela simples razão de não fechar os olhos quando o meu clube é beneficiado. É verdade que vi isto acontecer algumas vezes esta época. Quando isso acontece sinto-me mal. Já nem consigo festejar o golo ou a vitória da mesma forma.

Mas não é novidade nenhuma, e muito menos exclusivo do Benfica. Os grandes são beneficiados em todas as épocas (o que não quer dizer que não sejam esporadicamente prejudicados). Como lamentavelmente não vejo os jogos dos outros, não tenho a contabilidade em dia sobre quem foi mais ou menos beneficiado. O que me parece certo é que os pequenos são quem se pode queixar mais. Mas ainda assim vislumbrei, por exemplo, o Rio Ave ser beneficiado contra outro dos "não-grandes". Não há exclusividades para ninguém neste campo.

Para mim é óbvio. Só se evita parte disto quando as tecnologias que já temos disponíveis há anos forem de facto aplicadas no futebol. Depois há sempre espaço para interpretações, e enquanto as regras tiverem ambiguidades ou forem flexíveis o suficiente, nunca deixaremos de ter polémicas. Quanto a essa parte, só o tamanho dos tomates dos árbitros pode ditar o fim da inclinação dos campos para os grandes.

As vozes indignadas sobre as arbitragens ao longo da época levantam-se agora para denunciar esquemas de corrupção. Pois muito bem, se existem que sejam investigados e eventualmente provados e condenados. A fazer as coisas, que seja em condições, não como há uns anos atrás, em que me quer parecer que muita fruta ficou por ser punida. Mas quem sou eu para julgar? Não sou dono da verdade, ao contrário de muita gente no nosso país.

Mais reais e preocupantes, para mim, são os esquemas de contratações em que vejo o meu clube contratar camiões de jogadores todas as épocas apenas para serem emprestados logo a seguir. Não sei o que se passa na realidade ou quais as razões para estes esquemas. É impossível que o treinador queira mesmo todos aqueles jogadores, para imediatamente a seguir mudar de ideias. Serão contratações para a equipa B? Há perspectivas de serem reforços da equipa principal algum dia? Terá a ver com os empresários? São muitas as questões sobre as quais não me apetece de momento debruçar porque me doem as costas.

O que acontece efectivamente com estes esquemas é uma constante instabilidade nos clubes pequenos, o que contribui de alguma forma para o empobrecimento, em geral, do nosso campeonato. As equipas pequenas vão perdendo os melhores jogadores para os grandes (ou para que os grandes os emprestem) e vão ao mercado novamente, onde desencantam mais um camião de jogadores medíocres ou, quiçá, uma pérola que certamente estará a caminho de um grande no ano seguinte.

Isto não é de agora, e é só mais uma das razões de termos praticamente sempre os mesmos a disputarem o título. Mas o que me preocupa nisto tudo é uma pequenez que eu não gosto que esteja associada ao meu clube. Mas como é que o Benfica pode querer fazer alguma coisa na Europa se internamente joga contra pinos, barris, postes, e afins?

Quando finalmente defrontamos uma equipa de jeito jogamos como pequeno, porque não dá para mais. Na verdade dá para mais, mas não sabemos mais no momento da verdade. Julgo que deveríamos ter feito mais frente ao Dortmund (só não apanhámos 4 nos dois jogos porque não calhou), mas não soubemos.

O que me parece que todos estes esquemas pretendem fazer é dinheiro. O Benfica é uma máquina de fazer dinheiro, neste momento. E eu não me poderia estar a borrifar mais para esse facto. Preferia ter o Ederson e o Lindelöf mais uma época ou duas (e outros, mas esses já lá vão...).

O que me interessa realmente é o futebol. E por causa da mediocridade do nosso campeonato, tenho passado os últimos anos a ver do pior futebol que há, porque ver uma equipa a jogar contra pinos amontoados à entrada da grande-área não é tão interessante como ver, por exemplo, um qualquer jogo do campeonato Inglês.

O que eu quero é que o campeonato Português seja nivelado por cima e se torne interessante para os estrangeiros. O que eu quero é que o campeonato Português seja transmitido aqui na Polónia. Ou acham que, se isso acontecer, os clubes não ganharão dinheiro com isso? O que eu quero é um Benfica de nível Europeu! É que se continuar assim eu temo perder totalmente o interesse e passar a dedicar-me exclusivamente ao ténis e voleibol femininos.

Enfim, sonhos.


Até breve!

sábado, 15 de abril de 2017

Inverno Polaco

Saudações aos meus caríssimos leitores!


Como já tive oportunidade de referir, a minha situação em terras Polacas, a pouco e pouco, vai-se regularizando.

Obviamente que nos últimos meses ficaram coisas por dizer e que, possivelmente por falta de vontade de escrever, nunca deixaram o caderno de rascunhos. Uma boa parte dessa falta de vontade deveu-se, obviamente, à falta de certezas relativamente à minha situação profissional. Infelizmente, quando não tenho emprego sou perseguido por um sentimento de culpa de cada vez que me divirto ou faço algo que possa ser considerado pouco produtivo. Não tenho a personalidade certa para gozar a vida, parece-me.

O lado positivo de tudo isto é que sair pouco à rua durante o Inverno neste país significa estar no quentinho, sem deixar de ter a possibilidade de ver o manto branco deixado pelos nevões. Portanto, não me posso queixar muito do meu primeiro Inverno completo em terras Polacas. Em todo o caso, apesar do frio lá fora se prolongar por mais algum tempo, não foi assim tão pior do que alguns Invernos Holandeses que passei.




O meu apreço por neve e gelo é bastante limitado, depois de vários anos de convívio com esse estado físico da água. É tudo muito bonito, mas dois dias depois já estou farto, e prefiro sinceramente ver a neve enquanto seguro uma chávena quente de café, do lado de dentro da janela.

E o sentimento piora se considerar a alta probabilidade de, logo a seguir ao primeiro nevão, as temperaturas subirem novamente, o que dá origem a água que não sabe bem em que estado deve ficar, resultando numa pastosa mistura que funciona maravilhosamente bem com terra. Nestes casos o branco e fotogénico manto de neve rapidamente se torna numa massa indistinta e suja.

É nessas alturas também que a água vinda do céu, observando as dúvidas da água no chão, não sabe se há-de cair como neve molhada ou como chuva gelada, o que causa incerteza e desconforto quando acerta em cheio nas faces dos transeuntes.




Quando o frio estabilizou, o maior ponto de interesse, para mim, foi a possibilidade de sentir 20 graus negativos nas ventas. Mal vi esse valor no termómetro fui lá para fora, só para bater o meu recorde pessoal. Ao longo de duas ou três semanas as temperaturas foram-se mantendo bastante baixas, o que me deu também a possibilidade de ver o rio local (Wisła, ou Vístula) com a superfície congelada. Tem uma certa piada ver os patos e cisnes do rio, bem como as gaivotas que por ali passam, caminhando pelo gelo ou em busca de comida ao longo das falhas do mesmo.




Ainda assim, e uma vez passado o encanto desses momentos, tudo se torna bastante aborrecido. Com frio extremo a neve vai-se compactando, formando camadas de gelo escorregadio e perigoso para os mais incautos, ainda que se vá espalhando sal e/ou areia para tentar que a neve derreta ou, ao menos, haja um pouco mais de atrito no gelo.


Enquanto isso, fui tendo a oportunidade de testemunhar o reputado smog de Cracóvia. Já tinha ouvido falar e sabia da má qualidade do ar em várias cidades Polacas, mas entretanto pude constatar esse facto. É algo que se consegue ver, em dias limpos e com pouco vento, o que é algo assustador. O que acontece é a produção, durante o Inverno, de mais gases poluentes, principalmente devido à utilização de aquecimento por parte da população (pelo que me dizem, o maior problema tem a ver com a utilização de combustíveis menos próprios na produção de calor, embora não tenha lido muito sobre o assunto). Isto, aliado à situação geográfica da cidade e à falta de vento, faz com que se veja cada vez mais gente pela cidade com máscaras protectoras.




Mas enfim, é tudo muito bonito, os pais puxam os filhos nos seus trenós a caminho da escola, putos constroem bonecos de neve, utilizando para tal bolas de neve que arrastam todo o tipo de objectos estranhos, e observando a neve com mais atenção vejo que está um grande poio perto duma árvore. O poio mexe-se, abre as asas e voa em direcção ao infinito. Era um corvo, na verdade. Mas a neve altera a percepção das coisas. E se calhar a vodka também. A vodka e cocktails com frutos inteiros, uma nova moda que pretendo implementar este ano. Para que se possa brindar "à nossa saúde" e fazer algo mais por isso ao mesmo tempo.





Na zdrowie!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Dez Anos

Boas webcams os vejam, caríssimos leitores!


Ultimamente as minhas sessões de escrita na blogosfera praticamente não têm existido, como talvez tenham reparado. Com todas as mudanças e incertezas que preencheram o último ano, o tempo que foi sobrando teve que ser ocupado com outras prioridades.

No entanto, tenho fortes razões para escrever algo neste momento.

Há precisamente dez anos estava eu a ultimar os preparativos para a grande viagem que se avizinhava. Umas horas mais tarde, ainda durante a noite, estaria a caminho do aeroporto de Lisboa, de onde partiria para Itália. Lembro-me perfeitamente de como num desses preparativos tirei, diligentemente, uma fotocópia do bilhete de identidade, para logo de seguida me esquecer do dito documento na fotocopiadora. Clássico. Felizmente tinha comigo o passaporte e pude viajar na mesma.

Mal sabia eu que com esse passo estava a iniciar a primeira de várias aventuras como emigrante. Muito menos imaginaria que dez anos depois estaria a escrevinhar umas frases algo nostálgicas num apartamento em Cracóvia. E, ainda mais inimaginável, que o Benfica estaria a defender o tri-campeonato e a selecção Portuguesa o título Europeu de futebol.


Mais do que nostalgia, sinto um verdadeiro fascínio pelo conjunto de passos que me conduziram a este momento, muitos deles aparentemente inócuos. Se não tivesse dado esse passo rumo ao desconhecido, certamente um ano depois não estaria novamente empenhado em tentar um novo e desconhecido destino e não encontraria aquele emprego naquela cidadezita da ilha verdejante onde não se passa absolutamente nada. Logo, nunca teria marcado encontro num pub com uma certa e determinada jovem que, vinda de terras Polacas, residia nessa mesma cidade.

Isto e um sem número de outras aparentemente minúsculas decisões para chegar aqui, a este momento, àquilo que sou.


Bem, isto está a ficar lamechas, portanto acabo por aqui. Tentarei ser mais assíduo, já que as prioridades acabaram de mudar. Curiosamente, ou não, dez anos depois de me pôr a caminho rumo a uma experiência no sector aero-espacial, acabo por regressar a algo relacionado. Veremos onde me leva mais este pequeno (ou não) passo.


Não me esqueço que num qualquer universo paralelo nunca cheguei a sair da terrinha. Mas com essa história não me tenho que preocupar. O meu Eu paralelo saberá o que fazer.

Também não me esqueço que há um outro universo paralelo em que me especializo em danças exóticas que incluem apenas uma tanga de dióspiros como traje, e que regularmente executo essas mesmas danças na corte do principado da Pontinha, o único local no mundo que ficou intacto depois da guerra das nove semanas e meia. Espero que esse meu Eu paralelo também saiba o que fazer.


Até já!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Devin Townsend

Saudações musicais, caríssimos!


Certamente que já estranhavam a longa ausência da vossa rubrica musical favorita. Infelizmente, com outras prioridades ocupando a minha mente nem sempre reparo nas manifestações de desagrado que os meus discos levam a cabo sempre que passo por perto e não os ponho a tocar.

O último concerto referido aqui foi proporcionado por uma bela banda Portuguesa em solo Holandês. Mas embora tenha demorado até fazer o mesmo aqui, a verdade é que comprei os bilhetes apenas umas semanas depois de pôr os pés na Polónia. Porquê a antecedência na abertura dos cordões à bolsa? Porque não é todos os dias que este senhor passa por perto.


Devin Townsend ou, neste caso, Devin Townsend Project. Este artista Canadiano tem uma produtividade fora do normal e um sem número de projectos paralelos, portanto é um pouco irrelevante qual deles exactamente é que está em tournée.

Senhor de uma voz impressionante, que parece conseguir ir a todo o lado. Tal como o som que se tornou a sua imagem de marca, com a chamada "parede de som" que dá a sensação de se estar a levar com todas aquelas guitarras nas ventas em simultâneo. É metal, é progressivo, e por vezes não é nada disso.

Tem momentos calmos, mas os mais pesados tocam muito fundo. Não há muita música que me emocione tanto como a de Devin Townsend. É raiva, é esperança, é alegria, é uma transe inspiradora que não se explica. Ao vivo tudo isto é exponenciado. Numa palavra: épico. O concerto que eu precisava de ver e ouvir nesta altura.

Vão imediatamente ouvir a obra deste senhor, se ainda não o fizeram. Eu estou neste preciso momento a levar com a parede nos ouvidos.





Do widzenia!