segunda-feira, 16 de maio de 2016

O meu primeiro Tri!

Ora viva, caríssimos leitores!

Para que finalmente possa prosseguir para outros assuntos que não o futebol, é melhor arrumar com isto o quanto antes.


Há uns meses atrás escrevia sobre a conquista do campeonato nacional do ano passado por parte do Benfica.

Escrevia também sobre as minhas dúvidas relativas às nossas hipóteses de revalidar o título, bem como quanto às qualidades do nosso treinador.

Pois bem, felizmente tenho de rever essa minha posição.

Na altura em que escrevia essas linhas o Benfica tinha iniciado aquela que viria a ser uma impressionante série de resultados. Os únicos pontos perdidos a partir daí deveram-se à derrota frente ao Porto. As boas exibições começaram a aparecer e, acima de tudo, a equipa uniu-se e lutou pelo objectivo comum como nunca.


O actual treinador do Sporting, e anterior do Benfica, Jorge Jesus, é efectivamente um enorme treinador. Provavelmente o melhor treinador Português da actualidade. É também, sem sombra de dúvida (e desde sempre - não apenas desde que saiu do Benfica), uma besta. É um gajo apenas tolerável para os adeptos do próprio clube, e nem sempre.

Quando me referi ao actual treinador do Benfica, Rui Vitória, fui na onda do que vinha sendo dito, inclusive por Jesus, achando que o Benfica não tinha treinador. Ainda bem que não sou uma autoridade no que toca a conhecimentos técnico-tácticos e errei redondamente.

Rui Vitória não pode ser um mau treinador depois daquilo que fez, embora, como já se viu, as minhas opiniões nesse campo tendem a estar bastante erradas.

Sendo que ao longo da segunda metade da época a equipa foi jogando bom futebol, alguns jogos, principalmente os finais, foram de um sofrimento desconcertante por vezes, fazendo lembrar o início do campeonato.

Mas o que Rui Vitória soube ser foi o líder que precisávamos. Sempre gostei da sua postura, contrastando com a arrogância e bazófia de Jesus. Quando este não parava de mandar bacoradas para tudo e todos, atacando principalmente a competência de Vitória (não a águia - ninguém duvida da sua competência), é bem possível que estivesse a contribuir para a união do grupo para os lados da Luz. Se assim foi, só tenho que agradecer as suas bocas, e desejar que continuem.

Estando, a certa altura, o futebol do Benfica a melhorar, a equipa mais unida que nunca e sempre com muito apoio dos adeptos, quando nos apanhámos na frente nunca mais de lá saímos.

Com vários jogos sofridos e mal jogados, alguns golos quase caídos do céu e muita luta, este foi dos campeonatos mais emotivos para mim (e certamente para muita gente). Muito porque, parecendo que não, é a primeira vez que vejo o Benfica ser tri-campeão.


E para terminar deixo uma frase apanhada na página de Facebook do Carlos Vaz Marques"Ser campeão com um Ferrari desgovernado, sem treinador nem cérebro - coisa linda."




Venha o 36!

domingo, 8 de maio de 2016

Ser adepto de um grande

Saudações desportistas, caríssimos leitores!

Mais uma vez abordo um dos assuntos que mais paixão e irracionalidade desperta por todo o mundo. Não tenho como objectivo passar a escrever exclusivamente sobre isto, mas por agora é o que me tem apetecido fazer.


Devido à fase avançada da época futebolística e a alguns acontecimentos recentes, tenho visto inúmeros comentários relativos à preferência clubística de grande parte dos Portugueses. Alguns deles, como acontece muito facilmente nas redes sociais de hoje em dia, até algo insultuosos.

Ora, o que posso dizer? Sou adepto e sócio do Benfica e nunca morei sequer perto de Lisboa. Aliás, consigo facilmente recordar-me de todos os jogos do Benfica que vi no estádio ao longo da minha vida, porque não foram muitos. Como se explica isto? Porque não apoio o Rio Ave, clube da minha cidade, nos jogos contra o Benfica?

Como tudo na vida, é uma questão de escolha.

É, e não é.

Como podem facilmente concluir, a minha escolha de clube foi feita de forma totalmente consciente nos meus primeiros anos de vida. Um pouco à imagem do que aconteceu com a minha escolha de religião, embora neste caso em particular tenha demorado menos tempo a decidir, tendo sido baptizado menos de dois meses depois de ter nascido.

Com o futebol demorou um pouco mais. Nunca fui forçado por ninguém a escolher o clube A ou B, embora tenha tido obviamente vários encorajamentos, por parte de familiares, para escolher o Porto ou o Benfica (principalmente este).

Comigo, a religião ainda foi ficando e fazendo parte da minha vida. Sem muito gosto da minha parte, devo dizer. Mas a certa altura deixou de fazer sentido.

A paixão por um clube de futebol tem algumas semelhanças com religião, se bem que na minha experiência pessoal nunca os sentimentos para com os ícones religiosos se aproximaram sequer do que as emoções futebolísticas são capazes de proporcionar.

O que pretendo dizer com tudo isto é que essas emoções e sentimentos para com um clube de futebol penetram de tal forma na mente dos adeptos que se tornam praticamente impossíveis de remover. Não é por acaso que se diz ser possível uma pessoa trocar tudo - roupa, casa, país, nacionalidade, marido/mulher - excepto de clube.


Dito isto, penitencio-me por fazer parte da grande maioria de Portugueses adeptos dos chamados grandes.

Eu gostaria de não ser, sinceramente. Porque tenho a noção do que os grandes beneficiam pelo facto de serem grandes. O simples facto de disporem de mais dinheiro, que eventualmente esbanjam, beneficiando depois de condições vantajosas para belos empréstimos bancários e/ou perdões de impostos. As pressões (não vou dizer corrupção, mas não sou anjinho ao ponto de acreditar que ela não existe ou que o meu clube é inocente) a diversos agentes desportivos, sendo que os mais odiados pelos adeptos são os árbitros. Enfim, a lista continuaria certamente.

Não me parece que possa dizer que os clubes pequenos são inocentes também. Esquemas duvidosos com a câmara municipal local não são apenas para os grandes. A escala será muito diferente, no entanto.


Embora gostasse de o fazer, temo que me seja totalmente impossível mudar esse aspecto da minha vida nesta altura. E a prova disso é eu poder afirmar categoricamente que não o quero mudar, mesmo admitindo que no fundo gostaria de o conseguir fazer. Algo contraditório, mas foi a melhor forma que arranjei para articular o que sinto.


Como já referi antes, este texto surgiu após a minha leitura de vários comentários relativos a esta temática. Muitos deles lembram a muito badalada vitória do Leicester no campeonato Inglês.

Muitas vezes me regozijei com derrotas do Leicester frente ao meu Cambridge United, no tempo em que levava esta equipa das divisões inferiores até à glória, no velhinho Championship Manager, mas isto é apenas um aparte.

Não posso negar que não tenha sentido alguma satisfação ao ler sobre essa romântica história, de um clube pequeno batendo, contra todas as expectativas, os grandes. Embora o investimento de que este clube foi alvo não se possa comparar aos dos clubes pequenos em Portugal, foi um grande feito.

Parte de mim sentiria satisfação se isto acontecesse em Portugal, mas obviamente que o meu coração Benfiquista ficaria algo aborrecido.


A imagem que tenho dos adeptos Ingleses é de que os há em grande número em qualquer estádio, e não estão lá todos a apoiar os grandes. Até nas divisões inferiores há sempre muitos adeptos apoiando a equipa local.

Para que isto acontecesse em Portugal uma mudança profunda de mentalidade seria necessária. Mas lamentavelmente acho que não tenho grande contribuição a fazer para essa mudança.


Mas eu não seria um bom e irracional adepto se não arranjasse já uma elaborada explicação para a minha preferência clubística.

Eu nasci em Vila do Conde, terra do Rio Ave, que considero o meu segundo clube. Embora a minha freguesia pertença a essa cidade, a verdade é que vivia muito mais longe de Vila do Conde do que, por exemplo, da Maia. E, pior ainda, vivia, mais coisa menos coisa, a meio caminho entre Vila do Conde e o Porto.

Aqui está um argumento utilizado muitas vezes pelos Portistas da minha terra. Eles escolheram esse clube por ser o clube local. Cada um vê as coisas na perspectiva que quiser.

Podia ser ainda mais local e apoiar um clube da freguesia. Mas... qual? Aqui passamos para o campo do ridículo. Há algum tempo escrevi um post sobre a rivalidade no futebol. Na minha freguesia existiam (não sei se ainda existem) dois clubes de futebol rivais. Sim, dois. Numa freguesia com 2000 habitantes.

Com todas estas dúvidas relativamente ao clube local, entre distâncias físicas e situações absurdas, não me parece de todo descabido ter escolhido o Benfica. E, para não ser acusado de clubismo exacerbado, passo a explicar, com uma boca a mim mesmo. É que eu gosto de história. E de facto o Benfica tem bastante.


Paz!