domingo, 20 de abril de 2014

Eels, uma vez mais

Ora viva, caríssimos ouvintes!

Como poderão ter percebido pelo título, este post dirá respeito a uma banda que sigo há um número considerável de Outonos, Eels.

Já antes neste espaço os referi, por ocasião do concerto a que assisti em Roma, no já distante ano de 2008.

Mas desta vez seria bem diferente.


Para quem segue a banda (ou E., já que Eels é no fundo o reflexo da vida dele), não é novidade a mudança drástica de estado de espírito de um disco para o seguinte. Se no concerto de há uns anos E. estava na mó de baixo, e isso passava para o som da música escrita na altura, o último álbum (ou penúltimo, já o que está mais um disco a sair por estes dias) é nitidamente mais bem disposto. Tem sempre os momentos mais introspectivos, mas há mais músicas mexidas e com um tom mais alegre do que o costume.

E o concerto, que decorreu ao ar livre, no parque Goffert em Nijmegen, foi precisamente nesse tom. Não só foi um concerto alegre, como também uma apresentação das músicas mais mexidas do reportório, da forma mais rock-'n-roll possível. E cheio de humor à mistura.

Todos os elementos da banda vestidos com um fato-de-treino igual, barbudos e com óculos de sol, como se E. se tivesse multiplicado. Entre cada música, piadas e piadolas tratavam de manter o ambiente bem disposto. Todo o concerto com uma pujança considerável.

Gostei de ver esta faceta de Eels, totalmente contrastante com o que estava habituado.

Hoje em dia não posso dizer que ouça muito a sua música. Já não me diz tanto como em tempos, quando as aquelas tristes canções encaixavam na perfeição no meu estado de espírito adolescente. No entanto, talvez até pela nostalgia, não tenho deixado de os seguir.

E não me têm desiludido. Quanto às variações de disco para disco, acabam por constituir uma vantagem, já que posso simplesmente escolher um disco que encaixe na situação actual.

Enfim, isto para dizer que continuarei a segui-los, e recomendo que façam o mesmo. :)

Fiquem então com algumas das músicas que tocaram na noite de 21 de Agosto de 2013 em Nijmegen.


Eels - Peach Blossom (Wonderful, Glorious - 2013)



Eels - Prizefighter (Hombre Lobo - 2009)



Eels - Saturday Morning (Souljacker - 2001)



Eels - Cancer for the Cure (Electro-Shock Blues, 1998)



E para finalizar, um mash-up de duas das músicas que tocaram (My Beloved Monster and Me, Mr E's Beautiful Blues), filmadas no próprio concerto. Não costumo deixar aqui vídeos ao vivo devido à qualidade, mas neste caso não está muito má.



Doei!

sábado, 19 de abril de 2014

Alemanha

Caríssimos,

Mais uma vez sentindo a pressão de escrever algo, já que os posts em atraso continuam a acumular-se, seguem-se as fantásticas aventuras vividas numa viagem pela Alemanha no passado mês de Agosto.


Alemanha. Depois de uns anos a viver ao seu lado, já era tempo de ver um pouco mais desse país, do qual pouco conheço.

Por um lado não é o mais apelativo destino de férias, por ser algo dispendioso. Mas por outro lado, em pleno Verão não me agrada particularmente seguir as multidões para o Sul da Europa para torrar ao sol, e os voos para esses locais durante essa altura do ano são também dispendiosos.

Sendo assim, uma semana foi o que se arranjou para dar um passeio por uma pequena parte do país, começando com a visita a um casal amigo em Frankfurt.

A capital financeira da Alemanha não era uma cidade que me puxasse muito. Já lá tinha estado quando decorria o mundial futebol em 2006, mas pouco me ficou na memória.

De qualquer forma não seria esse o destino principal da viagem, portanto apenas por lá passeámos umas horas, culminando o passeio com um jantar como deve ser, num dos típicos restaurantes com esplanada onde servem, para além de comida em grandes quantidades, apfelwein. Esta sidra, bebida tradicional da zona, trouxe-me à memória a infância, a casa dos meus avós e o sabor do vinho verde caseiro ainda novo. Não será a mais refinada das bebidas (a acompanhar um nada refinado pedaço de carne, diga-se), mas sabe-me bem, que no fundo é o que interessa.






O dia seguinte foi dedicado ao vale do Reno, uma zona bastante agradável à vista. É também uma zona de vinhas, com a curiosidade de que estas não se encontram em ambas as margens do rio simultaneamente. Dependendo da quantidade de sol que cada margem recebe num determinado local, as condições podem ser ou não as ideais para as uvas.

Vale a pena, sem dúvida, dar uma vista de olhos por toda aquela área. Começámos por ir directamente até Koblenz, onde pudemos visitar o forte que no passado ali servia de sentinela. Depois seguimos para montante, parando algumas vezes para as fotos que a paisagem pedia insistentemente. Uma dessas paragens foi na rocha de Lorelei, de onde se consegue apreciar o belo panorama. Curiosamente esse local é palco, em pleno Verão, de um festival de rock progressivo. Ainda não o visitei para esse evento, mas é algo que gostaria de experimentar.

























Mainz foi o destino no dia seguinte, domingo. Um passeio pelo centro da cidade, ao qual se juntou uma visita ao museu Gutenberg. O inventor da imprensa nasceu naquela cidade Alemã, onde se situa agora o museu dedicado à história do seu invento, apresentando diversos itens relacionados com a imprensa ao longo dos tempos, desde há milhares de anos até à actualidade, passando com destaque pelas geringonças desenvolvidas por Gutenberg.














No regresso, após um copo do vinho local, uma passagem por Höchst, uma cidade que no último século foi "engolida" por uma Frankfurt em crescimento.









Mais um dia e despedimo-nos então de Frankfurt num comboio para Sul, mais concretamente para a bela cidade de Heidelberg. Com fama de local pitoresco e romântico, pela beleza paisagística com que presenteia os visitantes, não desiludiu. Uma cidade universitária com um centro histórico onde se pode passear agradavelmente, com o castelo sempre à espreita no cimo da colina.

Sem dúvida um dos passeios mais recomendados é do outro lado do rio, a caminhada dos filósofos. Vale a pena, e como prémio por se passar largos minutos numa constante subida temos a vista sobre o rio e toda a cidade, com o castelo a contribuir para o aspecto romântico da cena.

Estando na Alemanha, era obrigatório procurar cervejarias locais. Acabámos por visitar duas. Uma delas, chamada Vetter, gaba-se de ter a cerveja com a maior densidade inicial de uma cerveja no mundo. O que é que isto quer dizer? Basicamente que a concentração de açúcares antes da fermentação é altíssima, a ponto de fazer com que, mesmo tendo um teor alcoólico considerável (perto de 11%), a quantidade de açúcar residual no final da fermentação é ainda muito alta. Para terem uma ideia, a quantidade de açúcares no final da fermentação desta cerveja é equivalente à quantidade de açúcares de uma cerveja comum antes da fermentação.
Tudo isto para dizer que experimentei a dita cerveja só por curiosidade. Já sabia ao que ia, mas é extremamente difícil de se beber. É apenas um xarope extremamente doce e com bastante álcool. Mas fica a experiência.

O castelo é outro dos pontos obrigatórios a visitar. Por tudo a que se pode ter acesso lá dentro, mas também, claro está, pela vista que proporciona. Uma das hipóteses para lá chegar é um teleférico, se bem que pelo preço que se paga dá para subir e descer as escadas e comprar umas cervejas para compensar o esforço.

Em suma, uma cidade que recomendo vivamente. Mas dado o tempo limitado de que dispunhamos, era tempo de seguir para Leste.

































Nuremberga foi o destino que se seguiu. Uma cidade com muita história, na qual se inclui, no último século, uma forte ligação ao regime Nazi, dada a relevância que lhe foi dada por parte do regime.

Gostei bastante da cidade. O centro histórico, rodeado pela muralha, contém variados pontos de interesse, com edifícios antigos, museus e, claro está, umas quantas cervejarias.






































Um dos locais a visitar fica fora da cidade, e está intimamente associado aos Nazis. É o inacabado complexo do Congresso do Partido Nacionalista, onde se situa hoje um museu dedicado à história da Alemanha Nazi. Não chegámos a visitar o museu, mas fazer um passeio por toda aquela zona é algo que impressiona.

O local em si situa-se fora da cidade, nas margens de um lago, e seria apenas agradável, não fossem as construções paradas no tempo que se localizam a toda a volta.

O que seria o centro de congressos é uma estrutura gigantesca cuja construção nunca foi terminada e nunca chegou a ter telhado. Independentemente do estado em que está, o tamanho da construção impressiona. Pensar que aquilo deveria ter um telhado e ser um único edifício deixa-me de boca aberta até me lembrar que era uma das típicas megalomanias Nazis. Para terem uma ideia, uma das ideias para utilização daquele espaço, mais tarde, era a construção de um estádio de futebol. Acabou por não ir para a frente por ser demasiado cara a transformação.

Para além desse edifício, há ainda um troço de estrada de, se não me engano, cerca de 2km de comprimento e 55m de largura, com o propósito de servir para os desfiles do poder Nazi, e um estádio com capacidade para 400.000 pessoas, agora em ruínas.

É uma visita a um passado negro, num local dedicado exclusivamente a demonstrações megalómanas de poder e propaganda, mas que recomendo para quem tem interesse neste período da história recente.



















O nosso destino seguinte é obrigatório para quem se interessa por cerveja. Bamberg, para além de ser uma bela cidade, é onde se encontra a famosa cerveja fumada. Não é propriamente a cerveja que é fumada, mas o malte utilizado para a fabricar.

Mesmo que não tenham interesse nenhum pela cerveja, até porque não é uma cerveja fácil, vale a pena visitar. Dá para ver, pelos edifícios e monumentos existentes, que em tempos houve muita riqueza naquela localidade.

Para mim, no entanto, o mais interessante era tentar experimentar as cervejas locais. Tarefa difícil para tão pouco tempo, já que existem mais cervejarias nesta cidade do que em todas as cidades que visitáramos nos dias anteriores.

Durante o dia turistas rodeiam e fotografam os vários pontos de interesse da cidade. Durante a noite algumas ruas no centro, onde se situam as mais famosas cervejarias, ganham vida para além dos turistas, e enchem-se de pessoas à conversa com canecas na mão. Há uma certa magia que surge por aquelas ruas, com o aparecimento do luar. Uma magia que se intensifica depois de uns copos de cerveja.

As cervejas fumadas podem ser bastante suaves ou, como as mais famosas, cheirar a bacon. Mas o que me surpreendeu mais nestas últimas, é que apesar do aroma fortíssimo, são bastante mais fáceis de beber do que pensava.

Definitivamente tenho que lá voltar com mais tempo.
























Tschüs!