quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Belo dia

Ora viva, estimados leitores!


Um belo dia, este que se nos apresentou, não é?

Sem que nada o fizesse prever na madrugada do meu aniversário, acordei por volta das quatro horas da manhã e comecei a pensar em todo o tipo de inutilidades. À falta de melhor solução, peguei no computador e fui tentar fazer algo mais produtivo do que estar simplesmente deitado.

Percebi então que o motivo para ter acordado era o som das Trumpetas anunciando a iminente vitória nas eleições dos Estados Unidos da América por parte de um personagem já por demais mencionado hoje. Tal como refere Miguel Esteves Cardoso, ninguém me avisou que isto podia efectivamente acontecer.


Não esperem de mim uma análise política cuidada da realidade mundial. Para isso já muita gente opina por essa rede fora. Podem esperar, no entanto, uma visão pessimista das coisas sem que seja apresentada grande argumentação para tal - o que não deverá surpreender quem me conhece melhor.

Como acabei de escrever, tenho uma visão do mundo não só pessimista como apocalíptica. Acho que a única solução para este planeta é uma extinção em massa, mas da nossa espécie em particular.

Felizmente a história do planeta Terra mostra-nos que isso não é assim tão improvável. Fenómenos naturais destrutivos são sempre uma opção. Entre terramotos, maremotos, furacões, erupções vulcânicas e picadas de peixe-aranha, há muito cataclismo por onde escolher, embora só uma combinação de vários em simultâneo fosse capaz de fazer mossa significativa.

Uma ocorrência como a muito divulgada de há 66 milhões de anos, que foi chata para os dinossauros e restantes seres da época, era coisa para fazer mais estragos, mas se calhar o pessoal de Hollywood já consegue salvar o planeta de algo que venha em rota de colisão.

Uma epidemia gigante seria a opção seguinte, mas geralmente envolve cenas algo nojentas, sangue por todo o lado, zombies e acaba por se arrastar ao longo do tempo.

Se é para demorar tempo, basta esperar, já que a nossa prolífica espécie é geralmente a causa dos maiores cataclismos. Entre guerras e o conhecido impacto do nosso estilo de vida no meio ambiente, a pouco e pouco o planeta há-de livrar-se de muitos de nós.


Embora não esteja a ver uma solução imediata para os nossos problemas, ela eventualmente virá. Sendo já algo influenciado pela minha localização, as teorias da conspiração (serão mesmo?) começam a pulular no meu pensamento.

Ora, é sabido que Putin está mortinho por invadir a Polónia (e tudo o que está pelo caminho), e agora que os Americanos se estarão a cagar mais do que nunca para a Europa, será que é desta? Trump mandará erguer um muro à volta do país. O mesmo fará o Reino Unido. Depois bastará que os Franceses elejam a Frente Nacional para se ir mais visivelmente espalhando a solução. Os Chineses aproveitarão para tomar posição na base das Lages. E depois teremos apenas de esperar que rebentem uns terroristas, um míssil vindo da Coreia do Norte caia algures ou alguém dê um peido mais alto, e estará tudo novamente à porrada.

Como a guerra é uma actividade com razoáveis emissões de carbono, temos o já mencionado clima a fazer das suas, cada vez mais rapidamente. Será uma guerra muito à base de batalhas navais, já que haverá cada vez menos terra para conquistar. E será tudo com apps também. Apps e drones com mísseis.

E depois desta trabalheira toda afinal serão as máquinas, e respectivas apps, que, num volte-face, destruirão os seus criadores e dominarão o planeta. Mas estas serão máquinas com boas intenções. Começarão a plantar árvores, optarão por combustíveis renováveis, e serão felizes para sempre, desde que eliminem qualquer ser humano que encontrem, ou qualquer indivíduo de uma outra espécie que tenha evoluído para algo próximo.

Enfim, será bem feito.




Apesar de todo este pessimismo ainda tenho alguma esperança que não seja necessário ir tão longe. Depois de, boquiaberto, ter visto o resultado da votação no Brexit e de, boquiaberto, ter visto Éder marcar o golo da vitória de Portugal na final do Euro 2016 e ainda de, boquiaberto, ter assistido às boas novas na noite eleitoral Americana, estou à espera que Sheldon Cooper apareça com a sua típica expressão indicativa de que tudo não passara apenas de uma piada. E que boa piada!




Com visões apocalípticas ou não, o melhor é não levar isto muito a sério. Isso, e produzir álcool, que será bem preciso.





Sorriam! E até breve!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Homem do Bussaco, esse filósofo

Saudações musicais, caríssimos!

Não tenho grande coisa para dizer, mas apetece-me deixar aqui registado um momento de profundidade poética que acabei de recordar.

O dito momento ocorreu na segunda série do Programa do Aleixo, pelo que já não é propriamente novo. No entanto, esta declaração do Bussaco é algo de magistral, profundo e que me relembra o facto de toda a minha vida já ter sido em vão, tendo em conta o que já me foi dado a ouvir ao longo da mesma.

Podem e devem ver o episódio completo, e já agora comprem o DVD. Mas quem estiver apressado que avance para o minuto 26.





Até breve, e cuidado com os ouvidos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sinistra despedida e mudança para Leste

Saudações, caríssimos e assíduos leitores!


Como poderão ter deduzido, ou tomado conhecimento por outras fontes, os últimos meses foram algo atarefados para a minha pessoa. Não pretendendo tomar muito do vosso tempo (ou do meu), passo a explicar, de forma relativamente sumária.

Ainda no primeiro trimestre do ano, com o final do meu contrato de trabalho, decidimos que iríamos tentar um regresso a terras Irlandesas. Por várias razões, uma de cada vez ou todas em simultâneo, esse acabou por não ser o nosso destino. A data da mudança, de qualquer forma, já estava decidida, independentemente do destino, pelo que as últimas semanas de Setembro foram ocupadas de forma bastante alegre e contente com as tarefas de encaixotar tudo o que tínhamos, a que se seguiria o envio das correspondentes caixas e a agradável limpeza da casa e arredores.

Depois de dias e dias a montar um sem fim de caixas para lá poder colocar toda a tralha que foi acumulada ao longo dos anos, de engarrafar as bebidas que ainda estavam em lista de espera, de deitar fora as bebidas que não mereciam o trabalho e de ir ao vidrão dezenas de vezes para descartar as centenas de garrafas vazias que sempre ia guardando, as coisas foram, com maior ou menor dificuldade, acalmando.

Pelo caminho não deixei de me indagar sobre a simbiose verificada entre as caixas de cartão e o plástico com bolhas de ar. Os rolos deste plástico foram entregues em caixas de cartão, enquanto que as caixas de cartão novas se apresentaram embrulhadas no mesmo plástico. E assim passava horas a contemplar esta maravilha. Ou então a descansar sobre as confortáveis bolhas, enquanto os constantes rebentamentos das mesmas me iam embalando.




Com a maior parte do encaixotamento a decorrer nos últimos dias, como seria de esperar, não pude deixar de começar pelos meus queridos discos, tendo aproveitado para os embalar de uma forma algo festiva, mesmo aqueles cuja música aponta no sentido oposto. Quando me cansava de encaixotar discos ia então até à adega e preparava uma bebida para ser engarrafada.






Espero manter na minha memória, durante muito tempo, as imagens do dia da mudança, para que pense um pouco melhor antes de comprar o que quer que seja daqui para a frente. Uma vez no camião, nem parece muita coisa. Mas isso explica-se com o tamanho do camião e com o facto de não termos mobília para enviar.












Depois de consumada a entrega das chaves, ficámos ainda um último fim-de-semana em Nijmegen, em quarto emprestado. Tivemos assim oportunidade de nos despedirmos de mais uns amigos (os restantes foram despachados durante a semana) e de assistir àquele que considero o concerto de despedida ideal. Uma banda que já antes, ao de leve, apresentei neste espaço. Uma das minhas bandas favoritas do momento, Sinistro, que nunca conseguira apanhar ao vivo em Portugal, dava nessa altura uma volta à Europa, e que melhor coincidência do que um concerto em Nijmegen (no Merleyn) precisamente no meu último fim-de-semana.











Ainda deu para comprar a t-shirt da praxe, arranjar um CD autografado e estar alguns minutos à conversa com a vocalista, Patrícia Andrade. Uma banda que continuarei a seguir e um concerto do qual certamente me lembrarei como um dos últimos grandes momentos que tive naquela cidade Holandesa que me acolheu durante mais de seis anos.


Como alguns poderão ter imaginado, o destino é a bela cidade Polaca de Cracóvia. Será desta que aprendo aquele idioma de vez? Conseguirei finalmente adquirir a paciência que os Polacos aparentam ter quando estão parados em longas filas? Será que passarei a falar da II Guerra Mundial de forma obsessiva? Não percam os próximos episódios, porque nós também não!

Uma coisa é certa. Não passarei fome.




Do widzenia!

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Improbabilidades

Ora viva, campeões!

Já cá faltava a minha douta opinião sobre os acontecimentos do último mês, que raramente têm sido cobertos pela comunicação social. O Euro 2016, pois claro. E com imagens roubadas descaradamente do site da UEFA, porque desta vez eu não estive lá.




Eu não acreditava. Não acreditei antes da campanha, não acreditei depois dos primeiros jogos, e nem sequer acreditei tanto assim antes da final. Não foi a primeira nem será a última vez em que tento ser realista e baixar as expectativas. Quando, há quatro anos, fui à Ucrânia apoiar a selecção, achava que as duas semanas de férias que tirara seriam suficientes, mas tive que ficar mais algum tempo.

E como poderia acreditar? Aquela crença, aparentemente cega, que Fernando Santos demonstrava nas conferências de imprensa, enquanto o que se via dentro do campo apontava para um regresso precoce a casa, não era algo que eu pudesse encaixar na minha forma de pensar. Onde é que já se viu uma equipa a jogar assim ser campeã da Europa? Hmm... precisamente em Portugal, há doze anos, e pelos vistos alguém aprendeu com isso.

As minhas expectativas já eram baixas no início, e assim se mantiveram (ou baixaram até) após os primeiros jogos. Jogámos se calhar o suficiente para ter ganho algum daqueles jogos, mas não calhou. Mas ficava sempre a sensação que não dava muito mais do que aquilo. E ver Fernando Santos a colocar em campo mais um médio defensivo para segurar o empate frente à Hungria não é algo que me deixe satisfeito. Certamente resultado de duas décadas em que fui mal habituado, com equipas de Portugal a jogar bom futebol e a... não ganhar nada.

Eu achava que, apesar de Cristiano Ronaldo, podíamos fazer melhor. Mas infelizmente era mesmo assim. Apesar dele. Nos primeiros jogos continuava a condenar a atitude do capitão. Fazia mil remates por jogo (é verdade que eventualmente marcaria, mas...), desperdiçava qualquer livre dentro do meio campo adversário para chutar contra a barreira. Enfim, desconsiderava completamente o resto da equipa, achando ser ele o único capaz de fazer alguma coisa digna de registo. Os seus comentários infelizes relativamente à Islândia não ajudaram, e resignei-me ao facto de só voltarmos a ter alguma hipótese de conquistas internacionais depois da reforma do capitão.





Mas algo mudou entretanto. Aparentemente quando Ronaldo lançou aquele microfone para o lago, lançou também uma boa dose de arrogância e egocentrismo, e o Ronaldo que se viu depois da fase de grupos era outro. Longe de ser brilhante em boa parte das suas acções, surpreendeu-me a sua atitude nos jogos seguintes, em que jogava muito mais com a equipa e, surpresa das surpresas, praticamente deixou de marcar livres. Em boa hora, digo eu.

O que se viu frente à Croácia foi algo que, futebolisticamente falando, não me agradou nada. Parecia a tal mentalidade de equipa pequena que Ronaldo apontava à selecção de um país com 300 mil habitantes. E aquele jogo rapidamente foi apelidado, na TV Holandesa, de "pior jogo da competição". "Mas porque vais meter o Quaresma? Mete mas é o Rafa!", dizia eu. Não sou eu o treinador, e a verdade é que vencemos uma selecção cheia de talento que jogava bom futebol. Aquele golo, depois de duas horas de sofrimento, levou-me a gritar como não fazia há uns tempos.




Depois, a nossa terceira posição na fase de grupos começava a dar frutos. A partir daqui já acreditava numa chegada à final, mas uma vez lá chegados seriamos enviados de volta para casa com uma derrota frente à fortíssima Alemanha. Certamente.

O jogo com a Polónia foi difícil, como foram todos, mas não queria nada os penalties. Afinal, há quatro anos foi assim mesmo que arrumámos, e a Polónia demonstrara frieza nesse campo frente à Suíça. Mas desta vez tudo foi diferente. Ronaldo não se deixou ficar para o fim (como fizera frente à Espanha, em Donetsk, acabando por nem ter oportunidade de marcar) e assumiu a responsabilidade logo no início, à capitão. As suas palavras de incentivo, que mais tarde vieram a público, seriam possivelmente alvo de muitas críticas caso o resultado fosse outro. "Se perdermos que se foda!" deveria ficar para a posteridade como um dos nosso grandes provérbios.




Foi um alívio, como sempre que vencemos nos penalties, mas foi também a vitória que menos festejei, já que a minha cara-metade estava do lado oposto. Felizmente ela só liga a futebol quando joga a Polónia, portanto passou depressa.

O País de Gales, nas meias-finais. Aqui a minha confiança era um pouco mais alta do que nos jogos anteriores, apesar da prestação dos Galeses frente à Bélgica (equipa cotada que, sinceramente, também não me convencera). Após mais um jogo difícil, Ronaldo voou para o primeiro golo e marcou metade do segundo, e doze anos depois lá estávamos, numa final de um Europeu.




Como já disse, ainda não acreditava que fizéssemos uma gracinha. Ainda assim, na noite seguinte o meu realismo dizia-me que as probabilidades tinham subitamente aumentado, ao ver a França vencer os Alemães, com um tipo de jogo não tão distante daquilo que tinham apelidado de nojento. Apesar de tudo, "uma final é uma final", e "isto é futebol", e outros chavões do género, apontavam para o inédito título. Uma coisa já era certa: Fernando Santos não mentira ao dizer que voltaria a casa apenas dia 11 de Julho.

E o que dizer da final? Quão épico e dramático pode ser um jogo de futebol? Ronaldo a sair a meio da primeira parte, lesionado, em lágrimas. Os Franceses com a confiança em alta, mas sem grande engenho para ultrapassar um enorme Rui Patrício e uma segura defesa liderada por Pepe. O prolongamento, a entrada do Éder que, para ser justo, finalmente nos deu a possibilidade de segurar um pouco a bola e ganhar lances na frente. Éder, o ponta-de-lança que só lá estava porque não tínhamos mais nenhum (que eu achava que nem lá devia estar), sacou o golo de uma carreira e deu o primeiro título internacional a Portugal.












Pois, isto foi um filme do caraças. Ainda estou à espera que venham dizer que afinal foi tudo combinado e o campeonato vai começar a seguir.

Portugal passou a fase de grupos com três pontos. Três. Num grupo fraco. A isto seguiu-se futebol quase sempre defensivo, num percurso que, graças a um golo da Islândia noutro jogo, evitou qualquer dos grandes candidatos, excluindo a final. Com poucos momentos de brilhantismo e bom futebol, acabámos por vencer apenas um jogo nos 90 minutos, dois no prolongamento e outro nos penalties. Considerando a fase de qualificação, não podemos dizer que tenha sido uma grande surpresa, com um percurso consistente de vitórias por um golo apenas.

Mas de facto o que posso dizer agora, que vencemos? Preferia que jogássemos bonito, como é óbvio, mas também sei o que passámos em torneios anteriores, com futebol lindíssimo, mas também derrotas dramáticas. França, Grécia, Espanha. Derrotas que nos ficaram atravessadas. Desta feita tivemos um desempenho defensivo notável, fomos realistas, frustrámos os adversários e ganhámos um torneio que os outros lembrarão como um dos piores de sempre. Olha, perderam, que se foda!

Não acreditei, até bem perto do fim. Ainda hoje não me acredito. Várias vezes ao dia vou refrescar o vídeo do golo do Éder e emocionar-me novamente, para ter a certeza de que ficou bem registado na memória e na história. Esta equipa ficará na minha memória, por certo, e já não me importa que tenham jogado mau futebol, ou o que quer que lhe queiram chamar. O Éder pode nunca mais marcar um golo, que por mim pode jogar na mesma. É isto o futebol.


Campeões!
Portugal!

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Um texto porventura sintacticamente correcto

Foi num dia sem marisco que a cavernícola lâmpada de Aladino surgiu por entre os calos de um pajem, adoptado anos antes por um ébrio pedaço de pão. Olha para cima como quem vem do buraco da mente de um esférico de pilosidades e ouve uma bofetada amarela. Dizem os mais eloquentes paralelos que quando a folha rasteja na direcção do quociente da juba há corujas que não passam pelas barbas do conta-gotas. Assim sendo, do cume vieram inocentes capicuas esvoaçantes, tal como previra o texugo com exacerbado sarcasmo enquanto se desviava daquele sorrateiro cóccix.

Senão, vejamos. E esta, hein?




segunda-feira, 16 de maio de 2016

O meu primeiro Tri!

Ora viva, caríssimos leitores!

Para que finalmente possa prosseguir para outros assuntos que não o futebol, é melhor arrumar com isto o quanto antes.


Há uns meses atrás escrevia sobre a conquista do campeonato nacional do ano passado por parte do Benfica.

Escrevia também sobre as minhas dúvidas relativas às nossas hipóteses de revalidar o título, bem como quanto às qualidades do nosso treinador.

Pois bem, felizmente tenho de rever essa minha posição.

Na altura em que escrevia essas linhas o Benfica tinha iniciado aquela que viria a ser uma impressionante série de resultados. Os únicos pontos perdidos a partir daí deveram-se à derrota frente ao Porto. As boas exibições começaram a aparecer e, acima de tudo, a equipa uniu-se e lutou pelo objectivo comum como nunca.


O actual treinador do Sporting, e anterior do Benfica, Jorge Jesus, é efectivamente um enorme treinador. Provavelmente o melhor treinador Português da actualidade. É também, sem sombra de dúvida (e desde sempre - não apenas desde que saiu do Benfica), uma besta. É um gajo apenas tolerável para os adeptos do próprio clube, e nem sempre.

Quando me referi ao actual treinador do Benfica, Rui Vitória, fui na onda do que vinha sendo dito, inclusive por Jesus, achando que o Benfica não tinha treinador. Ainda bem que não sou uma autoridade no que toca a conhecimentos técnico-tácticos e errei redondamente.

Rui Vitória não pode ser um mau treinador depois daquilo que fez, embora, como já se viu, as minhas opiniões nesse campo tendem a estar bastante erradas.

Sendo que ao longo da segunda metade da época a equipa foi jogando bom futebol, alguns jogos, principalmente os finais, foram de um sofrimento desconcertante por vezes, fazendo lembrar o início do campeonato.

Mas o que Rui Vitória soube ser foi o líder que precisávamos. Sempre gostei da sua postura, contrastando com a arrogância e bazófia de Jesus. Quando este não parava de mandar bacoradas para tudo e todos, atacando principalmente a competência de Vitória (não a águia - ninguém duvida da sua competência), é bem possível que estivesse a contribuir para a união do grupo para os lados da Luz. Se assim foi, só tenho que agradecer as suas bocas, e desejar que continuem.

Estando, a certa altura, o futebol do Benfica a melhorar, a equipa mais unida que nunca e sempre com muito apoio dos adeptos, quando nos apanhámos na frente nunca mais de lá saímos.

Com vários jogos sofridos e mal jogados, alguns golos quase caídos do céu e muita luta, este foi dos campeonatos mais emotivos para mim (e certamente para muita gente). Muito porque, parecendo que não, é a primeira vez que vejo o Benfica ser tri-campeão.


E para terminar deixo uma frase apanhada na página de Facebook do Carlos Vaz Marques"Ser campeão com um Ferrari desgovernado, sem treinador nem cérebro - coisa linda."




Venha o 36!

domingo, 8 de maio de 2016

Ser adepto de um grande

Saudações desportistas, caríssimos leitores!

Mais uma vez abordo um dos assuntos que mais paixão e irracionalidade desperta por todo o mundo. Não tenho como objectivo passar a escrever exclusivamente sobre isto, mas por agora é o que me tem apetecido fazer.


Devido à fase avançada da época futebolística e a alguns acontecimentos recentes, tenho visto inúmeros comentários relativos à preferência clubística de grande parte dos Portugueses. Alguns deles, como acontece muito facilmente nas redes sociais de hoje em dia, até algo insultuosos.

Ora, o que posso dizer? Sou adepto e sócio do Benfica e nunca morei sequer perto de Lisboa. Aliás, consigo facilmente recordar-me de todos os jogos do Benfica que vi no estádio ao longo da minha vida, porque não foram muitos. Como se explica isto? Porque não apoio o Rio Ave, clube da minha cidade, nos jogos contra o Benfica?

Como tudo na vida, é uma questão de escolha.

É, e não é.

Como podem facilmente concluir, a minha escolha de clube foi feita de forma totalmente consciente nos meus primeiros anos de vida. Um pouco à imagem do que aconteceu com a minha escolha de religião, embora neste caso em particular tenha demorado menos tempo a decidir, tendo sido baptizado menos de dois meses depois de ter nascido.

Com o futebol demorou um pouco mais. Nunca fui forçado por ninguém a escolher o clube A ou B, embora tenha tido obviamente vários encorajamentos, por parte de familiares, para escolher o Porto ou o Benfica (principalmente este).

Comigo, a religião ainda foi ficando e fazendo parte da minha vida. Sem muito gosto da minha parte, devo dizer. Mas a certa altura deixou de fazer sentido.

A paixão por um clube de futebol tem algumas semelhanças com religião, se bem que na minha experiência pessoal nunca os sentimentos para com os ícones religiosos se aproximaram sequer do que as emoções futebolísticas são capazes de proporcionar.

O que pretendo dizer com tudo isto é que essas emoções e sentimentos para com um clube de futebol penetram de tal forma na mente dos adeptos que se tornam praticamente impossíveis de remover. Não é por acaso que se diz ser possível uma pessoa trocar tudo - roupa, casa, país, nacionalidade, marido/mulher - excepto de clube.


Dito isto, penitencio-me por fazer parte da grande maioria de Portugueses adeptos dos chamados grandes.

Eu gostaria de não ser, sinceramente. Porque tenho a noção do que os grandes beneficiam pelo facto de serem grandes. O simples facto de disporem de mais dinheiro, que eventualmente esbanjam, beneficiando depois de condições vantajosas para belos empréstimos bancários e/ou perdões de impostos. As pressões (não vou dizer corrupção, mas não sou anjinho ao ponto de acreditar que ela não existe ou que o meu clube é inocente) a diversos agentes desportivos, sendo que os mais odiados pelos adeptos são os árbitros. Enfim, a lista continuaria certamente.

Não me parece que possa dizer que os clubes pequenos são inocentes também. Esquemas duvidosos com a câmara municipal local não são apenas para os grandes. A escala será muito diferente, no entanto.


Embora gostasse de o fazer, temo que me seja totalmente impossível mudar esse aspecto da minha vida nesta altura. E a prova disso é eu poder afirmar categoricamente que não o quero mudar, mesmo admitindo que no fundo gostaria de o conseguir fazer. Algo contraditório, mas foi a melhor forma que arranjei para articular o que sinto.


Como já referi antes, este texto surgiu após a minha leitura de vários comentários relativos a esta temática. Muitos deles lembram a muito badalada vitória do Leicester no campeonato Inglês.

Muitas vezes me regozijei com derrotas do Leicester frente ao meu Cambridge United, no tempo em que levava esta equipa das divisões inferiores até à glória, no velhinho Championship Manager, mas isto é apenas um aparte.

Não posso negar que não tenha sentido alguma satisfação ao ler sobre essa romântica história, de um clube pequeno batendo, contra todas as expectativas, os grandes. Embora o investimento de que este clube foi alvo não se possa comparar aos dos clubes pequenos em Portugal, foi um grande feito.

Parte de mim sentiria satisfação se isto acontecesse em Portugal, mas obviamente que o meu coração Benfiquista ficaria algo aborrecido.


A imagem que tenho dos adeptos Ingleses é de que os há em grande número em qualquer estádio, e não estão lá todos a apoiar os grandes. Até nas divisões inferiores há sempre muitos adeptos apoiando a equipa local.

Para que isto acontecesse em Portugal uma mudança profunda de mentalidade seria necessária. Mas lamentavelmente acho que não tenho grande contribuição a fazer para essa mudança.


Mas eu não seria um bom e irracional adepto se não arranjasse já uma elaborada explicação para a minha preferência clubística.

Eu nasci em Vila do Conde, terra do Rio Ave, que considero o meu segundo clube. Embora a minha freguesia pertença a essa cidade, a verdade é que vivia muito mais longe de Vila do Conde do que, por exemplo, da Maia. E, pior ainda, vivia, mais coisa menos coisa, a meio caminho entre Vila do Conde e o Porto.

Aqui está um argumento utilizado muitas vezes pelos Portistas da minha terra. Eles escolheram esse clube por ser o clube local. Cada um vê as coisas na perspectiva que quiser.

Podia ser ainda mais local e apoiar um clube da freguesia. Mas... qual? Aqui passamos para o campo do ridículo. Há algum tempo escrevi um post sobre a rivalidade no futebol. Na minha freguesia existiam (não sei se ainda existem) dois clubes de futebol rivais. Sim, dois. Numa freguesia com 2000 habitantes.

Com todas estas dúvidas relativamente ao clube local, entre distâncias físicas e situações absurdas, não me parece de todo descabido ter escolhido o Benfica. E, para não ser acusado de clubismo exacerbado, passo a explicar, com uma boca a mim mesmo. É que eu gosto de história. E de facto o Benfica tem bastante.


Paz!

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Futebol, esse poço de virtudes

Saudações,


Com pouca vontade de me debruçar sobre qualquer assunto da minha actualidade, opto por regressar a um tema do meu interesse, se bem que de importância duvidosa.

Não venho escrever sobre a actualidade do futebol, mas de algumas das inúmeras situações comuns neste desporto que me irritam profundamente. Embora me irritem ainda mais, excluo destas linhas jogadas de bastidores, corrupção e as guerras estéreis que tornam tudo o que se passa à volta do jogo num autêntico circo.

Venho, no fundo, explicar algumas das razões, geralmente relativas ao que se passa dentro do campo, pelas quais nunca me tornei jogador profissional de futebol.


Para arrumar já a primeira razão, basta dizer que tenho falta de jeito. Entre o puto que andava aleatoriamente atrás da bola, sendo várias vezes, por exclusão de partes, o guarda-redes, até ao marmanjo que se limitava a correr pela faixa direita até desferir remates por vezes perigosos, nunca fui gajo de grande técnica.

Nesta última fase que refiro safava-me por ter alguma velocidade e um remate com alguma pujança e colocação, mas era o chamado boi. Punha os olhos na baliza e chutava de onde quer que estivesse, independentemente de ter colegas bem colocados ou não. Por vezes marcava, mas não sendo um Ronaldo é difícil justificar esse comportamento. Era principalmente falta de uso do cérebro.

Gosto de pensar que entretanto melhorei neste aspecto, mas sendo agora um veterano em final de carreira, já estou sem pedalada para aquelas correrias, pelo que a melhoria pode de facto ser um sintoma da falta de vontade para correr com a bola e não de um maior uso do cérebro.

Já agora, na comparação que toda a gente parece estar sempre a fazer entre Messi e Ronaldo, não os considero no mesmo patamar simplesmente porque este último sofre do mesmo problema que eu. Ou não tem tanta inteligência para utilizar no jogo ou não o quer fazer. Obviamente que quando se tem as qualidades técnicas e físicas que o Ronaldo possui, as probabilidades de se ser bem sucedido aumentam bastante. É, claramente, um monstro. Mas Messi está muito para além disso. De qualquer forma não me apetece agora tentar explicar esta minha afirmação.


Enfim, passemos então aos outros detalhes responsáveis pela minha não incursão nesse mundo milionário.

Não me irei referir a situações com determinadas equipas em particular (excepto o par de vídeos no final). Isto acontece em todos os jogos e todos fazem o mesmo, uns mais que outros, quando lhes convém. São as chamadas manhas. E efectivamente detesto-as a todas, especialmente quando a minha equipa está envolvida (de um ou outro lado). Felizmente, vistas ao longe, têm um certo valor cómico, de tão ridículas que se tornam.


É sabido que para se ser um bem sucedido jogador de futebol é preciso ter conhecimentos avançados nas várias técnicas de teatro, algo que nunca desenvolvi de forma satisfatória.

Parecendo que não, aquelas quedas teatrais, com ou sem falta, requerem bastante treino. Neste aspecto estou sempre a errar clamorosamente. Sofrendo falta, tendo a cair sem qualquer glamour. Creio que o árbitro se recusaria a marcar falta, de tão fraca que é a minha queda. Talvez me falte aproveitar melhor as rajadas de vento. Por outro lado, quando não é falta, ou não caio ou então levanto-me imediatamente, e inclusive confirmo que não é falta. Isto, aliado à falta dos gritos de dor, rebolando no chão, e as mãos na cara para tapar qualquer sorriso que teime em surgir, faz de mim um fraquíssimo actor.

Tenho ainda uma incapacidade gritante no que toca aos gestos teatrais que aparentemente todos os jogadores devem dominar, bem como o seu timing correcto. Certamente já repararam que após uma falta cometida, é quase obrigatório imediatamente levantar os braços com uma óbvia cara de "não fiz nada". Quanto mais óbvia a falta for, mais surpresa deve estar presente na expressão facial do jogador.

A outra situação que obriga a um domínio de expressões faciais denotando clara indignação é quando a bola atinge claramente o jogador adversário no peito dentro da sua área. Ao não desatar a gesticular e a gritar "É mão! É mão!" estou obviamente em desvantagem perante um colega mais expressivo. Há até alguns casos de excesso de zelo por parte de alguns jogadores, ao utilizarem esta técnica independentemente da bola tocar perto ou não das mãos do adversário. Basta tocar-lhe, onde quer que seja, e é já suficiente para exigir uma grande penalidade.


Mas desengane-se quem pensa que dotes teatrais são os únicos dignos de destaque. É preciso também ter uma significativa dose de treino para aquilo que se designa de "queimar tempo". Desde caminhar mais lentamente, propositadamente deixar cair a bola antes dum lançamento, até contemplar o horizonte durante uns segundos enquanto se pensa no sentido da vida, antes de prosseguir com o jogo, todas estas acções requerem treino e concentração.

Pensando bem, se calhar este seria um ponto em que eu talvez com algum treino conseguisse atingir um nível aceitável. Duvido que conseguisse chegar à excelência, no entanto. Afinal de contas, é também essencial alguma teatralidade nestas situações, particularmente quando o jogador é tocado e subitamente sente a necessidade de executar uma complexa série de movimentos: rebolar pelo chão, agarrando geralmente o local onde foi tocado (não tem que ser exactamente no mesmo ponto, já que com todo o movimento ninguém vai reparar nesse preciosismo) e/ou a cara, esperar pela equipa médica e o seu "spray milagroso", mancar com dificuldade até à linha lateral, sendo que a atmosfera curativa para lá dessa linha imediatamente faz com que o mesmo jogador esteja já em condições de entrar uns segundos mais tarde.

Vejo, no entanto, e de forma vergonhosa, inúmeros jogadores serem interrompidos desta sua performance teatral quando os seus companheiros conseguem eventualmente ganhar de novo a bola. A transição ofensiva da própria equipa tem, como se sabe, importantes propriedades medicinais, o que resulta numa melhoria imediata, levantando-se de pronto o jogador, estando até por vezes directamente envolvido no desenrolar do lance de ataque. Basta tomar atenção às situações em que a equipa não ganha a bola. Nota-se que o sofrimento do jogador que ficou no chão não diminui enquanto não tiver a oportunidade de ser assistido pela equipa médica e finalmente ser levado para lá da linha lateral.

Um dos acontecimentos mais importantes, durante um jogo, pelo seu fortíssimo efeito medicinal é efectivamente um golo adversário. Imagino que, ao sofrer um golo, um jogador sofre imediatamente uma descarga de cafeína ou algo mais estimulante. Uma equipa que até então jogava com calma, executando cada acção com todo o cuidado e verificando todos os pontos de possível falha inúmeras vezes antes de seguir o jogo, passa a jogar como se cada um dos seus jogadores quisesse, de imediato e em simultâneo, entrar pela baliza adversária e furar as redes da mesma, com ou sem bola. Curiosamente este estimulante afecta seriamente as capacidades teatrais da equipa, tornando-se muito mais monótona a partir daqui.


Passando então à próxima situação. Como talvez saibam não sou muito dado a grande expressividade ou proximidade física. Abraços, só de vez em quando. Normalmente fico satisfeito com um aperto de mão. Também não sou grande apreciador de dança.

Daí que tenha grandes problemas em fazer o que os jogadores fazem normalmente nas bolas paradas. Não é que não esteja a gostar do jogo ou da performance dos meus adversários, mas daí até os abraçar vai um longo caminho. A situação na grande-área durante pontapés de canto é como que um baile. Os pares abraçam-se e vão dançando enquanto a bola faz o seu percurso pelos ares até estar ao alcance de alguém. Por vezes a dança é tão intensa que os dançarinos caem uns por cima dos outros. Eu acho que numa situação semelhante daria uns passos para o lado, ficando a assistir a tudo à distância. Uma outra óbvia solução para esta minha incapacidade seria treinar intensivamente a marcação das bolas paradas. Assim evitaria toda a confusão na área pelo menos nas bolas paradas da minha equipa.


Se por um lado dá para notar o apreço que as duas equipas sentem uma pela outra nestas situações de proximidade física, por outro também se desentendem ocasionalmente. E aqui entra o meu desinteresse por conflitos.

Quando acontece uma falta ou um choque, por vezes apenas um dos jogadores envolvidos está a tentar o seu melhor para usar os seus dotes teatrais, rebolando no chão, enquanto que o outro perdeu o momento e já é tarde para começar também, ficando por isso frustrado com a situação. Por vezes nenhum deles perde tempo e rebolam os dois pelo chão, queixando-se ambos da falta óbvia que o outro cometeu. Aqui ao menos estão em igualdade de circunstâncias, cabendo depois ao árbitro avaliar as capacidades teatrais de cada um.

Mas se por ventura nenhum fica caído no chão, a opção que resta é uma acesa discussão, uns empurrões e quiçá argumentos algo mais assertivos, não raras vezes inspirados noutros desportos. Ora aqui estamos claramente para lá das minhas capacidades.


Creio que estas são algumas das principais razões para eu não ter singrado nesse maravilhoso mundo do futebol. Certamente que consigo encontrar mais algumas, mas fica para outra altura. Depois de dar uma vista de olhos a estes vídeos vou até ali ao jardim treinar umas quedas.






Doei!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Torpor

Saudações, atentos leitores!


Numa semana em que estou de férias, por estar prestes a terminar o meu actual contrato de trabalho, dou por mim a tentar fazer as coisas úteis que não fui fazendo nos últimos dias, meses, anos.

Ler aquele livro, estudar aquela linguagem de programação ou aquela tecnologia que agora está muito em voga e que me poderá ser útil, ou simplesmente engarrafar aquele hidromel que está lá em baixo há demasiado tempo à espera.

Mas todas estas tarefas perdem posições na lista de prioridades assim que me deparo com o início de uma gripe. A mente perde poder de processamento e os músculos abrandam.

Venha o Ben-u-ron (que como sabem é uma espécie de Ben Hur, mas maior), porque não posso perder o jogo do Benfica. E assim assisto a um jogo de futebol que, tal como o anterior, não me satisfez. Mas como não exultar com um golo ao cair do pano, mesmo que os 90 minutos anteriores tenham sido fraquinhos? Haja Jonas, um dos mais fabulosos jogadores que vi jogar pelo Benfica, com ou sem golos.


Mais um dia e a energia vai variando entre alguma (pouca) produtividade e um estado de torpor. Este estado, no entanto, permite-me de alguma forma apreciar momentos que de outra forma me passariam despercebidos ou teriam, pelo menos, um impacto muito menor.

Tento, ainda assim, introduzir algum conhecimento pelos olhos enquanto os ouvidos se deleitam com esta pérola absolutamente perfeita para o estado em que a minha mente se encontra.

Espero que também a consigam apreciar, mesmo sem esta minha lentidão.



Até breve!

domingo, 31 de janeiro de 2016

Grandes sons (V) - Música de emigrante

Caríssimos,


Para que a minha conversa musical não se resuma a uma enumeração dos concertos em que ponho os pés, tento aqui recuperar uma muitíssimo aclamada rubrica deste blog, na qual já não pegava há uns anos. Bem, na verdade podia tê-la recuperado antes, mas sinceramente já me esquecera da sua existência.

Na sua última edição deixei aqui algumas sugestões de música Portuguesa, e é isso mesmo que tenciono divulgar desta vez também, já que nos anos que entretanto passaram surgiram inúmeros óptimos representantes da música nacional. Para atropelar os estereótipos, passarei a referir-me a ela como música de emigrante, porque para mim é precisamente isso.

Seja cantada em Português ou Inglês, ou mesmo não cantada de todo, seja de que estilo for, de alguma forma cada uma destas músicas me traz ao pensamento um pouco do meu país. Umas fazem-me rir, outras chorar, outras ainda trazem-me algo diferente. Já antes tentei explicar este fenómeno para o qual faltam as palavras, sem grande sucesso.

É melhor então passar ao que realmente interessa. Alguns destes nomes são já repetentes neste espaço, outros acabados de chegar, mas todos passaram a ser, para mim, música de emigrante.



Filho da Mãe - Sobretudo




Amarionette - Polaroid




TV Rural - Quem me Chamou




Grutera - Amanhã Tive Saudades




Indignu - Capítulo I - Onde as Nuvens se Cruzam




Linda Martini - Volta




Sensible Soccers - AFG




Catacombe - Ninho de Vespas




Frankie Chavez - Sweet Life




Dead Combo - A Bunch of Meninos




A Jigsaw - Hardly My Prayer




Moonspell - Extinct




Seiva - Pele de Adufe




Irmãos Catita - Portugal, Terra Maravilhosa




Sinistro - Relíquia





Até breve!

domingo, 24 de janeiro de 2016

Inacreditável

Caríssimos,

Para celebrar o facto deste blog estar finalmente cronologicamente sincronizado - o que não acontecia há anos - decidi publicar uma belíssima imagem que no fundo reflecte aquilo que é este blog e a sua significância.



Até já!

Natal Polaco, Novo Ano Português

Boas festas a todos!


A mensagem é relativamente tardia, mas é para o caso de algum dos meus assíduos leitores se ter distraído e passado ao lado desta bonita época, desfazendo-se agora em lágrimas ao aperceber-se de que perdeu o Natal dos Hospitais.


Pela primeira vez passei o Natal longe do bacalhau. Desloquei-me à supostamente fria Polónia (mas que não esteve assim tão fria) para verificar se as tradições da época por lá fazem tanto sentido como as nossas.

Na noite de Natal iam-me apanhando de surpresa. Manda a tradição que cada pessoa pegue num pedaço de pão - neste caso duma massa parecida com a da hóstia - e se dirija a cada um dos restantes convivas, individualmente, para lhe expressar o que deseja para essa pessoa. Ora, como único estrangeiro presente, creio que ninguém esperava grande desejo da minha parte. Para quem não falava Inglês, um singelo "Wesołych Świąt" ("Feliz Natal" em Polaco) foi o suficiente para me safar.

De facto não tive direito a bacalhau, mas essa falha foi compensada pela presença de carpa frita. Ainda assim consegui aproximar o prato do nosso bacalhau ao ter a ousadia de pedir azeite (Português, por sinal) para ensopar as batatas cozidas.

Muda-se um pouco a comida, mas no fundo vai dar ao mesmo. Come-se bastante, ao que se segue uma procissão de doces para sobremesa. Pelo que tenho visto, os Portugueses preferem sobremesas mais doces que os Polacos. Os meus doces favoritos costumam ser as diferentes variações do chamado Gingerbread, que a wikipedia diz ser pão de mel em Português, o que não me convence particularmente.

Durante a refeição bebem bastante menos álcool que nós. Kompot, uma bebida preparada através da cozedura de frutos, é um acompanhamento comum. Mas enquanto uma garrafa de vinho chegou para a refeição da família toda, em Portugal seria preciso ter mais algumas garrafas preparadas.

Beber menos ao longo da refeição é boa ideia porque os licores servidos à sobremesa são em geral bem mais poderosos que os nossos. Excluindo a vodka pura, que também por lá aparece, esses licores geralmente são saborosos, apesar do teor alcoólico.

Enfim, uma noite bem passada, e terminada, após alguns jogos de tabuleiro, com arenque cru e vodka caseira a acompanhar. Podia ser pior.


Por ter passado o Natal fora, não podia faltar à passagem de ano familiar, em Portugal. Quanto mais não fosse pela obrigatoriedade de comer bacalhau antes do final do ano.

E, com praticamente toda a família a encher a sala, passei mais um ano, não abdicando das 12 tradicionais azeitonas à meia-noite.

Desta feita pude matar saudades das iguarias nacionais, bem como provar cada uma das minhas cervejas para ver como evoluíram de um ano para o outro. Mantive, ainda, a tradição do hidromel aquecido, desta feita com o meu próprio hidromel.

E nada como iniciar o ano com uma mesa cheia de primos e primas jogando jogos de tabuleiro e de cartas de carácter familiar.

Apesar de lá não ter estado no Natal, ainda fui a tempo de corrigir as falhas no presépio.






Até breve!

25 anos de Opeth em Londres

Saudações, caríssimos metaleiros e/ou amantes do pimba progressivo!


Pois bem, o título diz quase tudo. Quero escrever um pouco sobre o concerto que me fez bater um recorde.

Os Opeth celebraram, ao longo do ano de 2015, os seus 25 anos de existência. Para além disso, um dos seus álbuns mais aclamados (costumo aclamá-lo diariamente em locais aleatórios, para surpresa de quem se encontre por perto), Ghost Reveries, atingia os 10 anos de idade.

Para celebrar devidamente estas datas, decidiram dar um concerto especial em Londres, em Outubro, num teatro (inicialmente era para ser o Palladium, mas acabou por ser no Theatre Royal, Drury Lane). Este concerto teria duas partes. A primeira seria preenchida pelo álbum aniversariante tocado na sua totalidade, e a segunda seria um típico concerto dos Opeth, com uma mescla de alguns dos seus melhores temas.


Não quis perder esta oportunidade e, logo que os bilhetes foram postos à venda, tentei logo apoderar-me de alguns. E em boa hora o fiz, já que esgotaram no próprio dia. Isto foi algures no final de 2014, o que quer dizer que comprei os bilhetes quase um ano antes do concerto. Nunca visto (por mim).

Acontece que entretanto decidiram fazer este concerto especial noutros locais, ao longo da semana anterior ao de Londres, incluindo uma data em Utrecht. Como já tinha bilhetes para Londres, deixei-me estar e organizei a viagem de qualquer forma.

Assim pude aproveitar um fim-de-semana com alguns amigos, em que os obriguei a seguir-me enquanto eu procurava os pubs com as melhores cervejas, algumas micro-cervejarias, e até um pequeno e recente fabricante comercial de hidromel. Tenho andado a tentar produzir um hidromel de baixo teor alcoólico com carácter, o que não é assim tão fácil. Como é precisamente isso que tem feito o senhor Gosnells, tinha que dar lá um salto. Podem chamar-lhe espionagem, se quiserem, mas eu negarei tudo.

Pude assim tirar algumas fotos para provar que estive mesmo em Londres. Esqueçam o Big Ben e as atracções turísticas do costume. Se querem os clichés têm sempre o Google.









O concerto foi o esperado. A banda em grande, Mikael Åkerfeldt sempre ao ataque, com o seu já conhecido sentido de humor (ou, para muita gente, a falta dele), proporcionando grandes momentos durante o longo concerto (ou dois concertos de seguida, se preferirem). Teria sido bom de qualquer forma, mas ouvir aquele álbum na íntegra ao vivo valeu por si só a viagem.

Para finalizar deixo-vos Ghost Reveries na íntegra. Tratem de desfrutar, então.


1 - Ghost of Perdition


2 - The Baying of the Hounds



3 - Beneath the Mire



4 - Atonement



5 - Reverie / Harlequin Forest



6 - Hours of Wealth



7 - The Grand Conjuration



8 - Isolation Years




Cheers!