domingo, 31 de janeiro de 2016

Grandes sons (V) - Música de emigrante

Caríssimos,


Para que a minha conversa musical não se resuma a uma enumeração dos concertos em que ponho os pés, tento aqui recuperar uma muitíssimo aclamada rubrica deste blog, na qual já não pegava há uns anos. Bem, na verdade podia tê-la recuperado antes, mas sinceramente já me esquecera da sua existência.

Na sua última edição deixei aqui algumas sugestões de música Portuguesa, e é isso mesmo que tenciono divulgar desta vez também, já que nos anos que entretanto passaram surgiram inúmeros óptimos representantes da música nacional. Para atropelar os estereótipos, passarei a referir-me a ela como música de emigrante, porque para mim é precisamente isso.

Seja cantada em Português ou Inglês, ou mesmo não cantada de todo, seja de que estilo for, de alguma forma cada uma destas músicas me traz ao pensamento um pouco do meu país. Umas fazem-me rir, outras chorar, outras ainda trazem-me algo diferente. Já antes tentei explicar este fenómeno para o qual faltam as palavras, sem grande sucesso.

É melhor então passar ao que realmente interessa. Alguns destes nomes são já repetentes neste espaço, outros acabados de chegar, mas todos passaram a ser, para mim, música de emigrante.



Filho da Mãe - Sobretudo




Amarionette - Polaroid




TV Rural - Quem me Chamou




Grutera - Amanhã Tive Saudades




Indignu - Capítulo I - Onde as Nuvens se Cruzam




Linda Martini - Volta




Sensible Soccers - AFG




Catacombe - Ninho de Vespas




Frankie Chavez - Sweet Life




Dead Combo - A Bunch of Meninos




A Jigsaw - Hardly My Prayer




Moonspell - Extinct




Seiva - Pele de Adufe




Irmãos Catita - Portugal, Terra Maravilhosa




Sinistro - Relíquia





Até breve!

domingo, 24 de janeiro de 2016

Inacreditável

Caríssimos,

Para celebrar o facto deste blog estar finalmente cronologicamente sincronizado - o que não acontecia há anos - decidi publicar uma belíssima imagem que no fundo reflecte aquilo que é este blog e a sua significância.



Até já!

Natal Polaco, Novo Ano Português

Boas festas a todos!


A mensagem é relativamente tardia, mas é para o caso de algum dos meus assíduos leitores se ter distraído e passado ao lado desta bonita época, desfazendo-se agora em lágrimas ao aperceber-se de que perdeu o Natal dos Hospitais.


Pela primeira vez passei o Natal longe do bacalhau. Desloquei-me à supostamente fria Polónia (mas que não esteve assim tão fria) para verificar se as tradições da época por lá fazem tanto sentido como as nossas.

Na noite de Natal iam-me apanhando de surpresa. Manda a tradição que cada pessoa pegue num pedaço de pão - neste caso duma massa parecida com a da hóstia - e se dirija a cada um dos restantes convivas, individualmente, para lhe expressar o que deseja para essa pessoa. Ora, como único estrangeiro presente, creio que ninguém esperava grande desejo da minha parte. Para quem não falava Inglês, um singelo "Wesołych Świąt" ("Feliz Natal" em Polaco) foi o suficiente para me safar.

De facto não tive direito a bacalhau, mas essa falha foi compensada pela presença de carpa frita. Ainda assim consegui aproximar o prato do nosso bacalhau ao ter a ousadia de pedir azeite (Português, por sinal) para ensopar as batatas cozidas.

Muda-se um pouco a comida, mas no fundo vai dar ao mesmo. Come-se bastante, ao que se segue uma procissão de doces para sobremesa. Pelo que tenho visto, os Portugueses preferem sobremesas mais doces que os Polacos. Os meus doces favoritos costumam ser as diferentes variações do chamado Gingerbread, que a wikipedia diz ser pão de mel em Português, o que não me convence particularmente.

Durante a refeição bebem bastante menos álcool que nós. Kompot, uma bebida preparada através da cozedura de frutos, é um acompanhamento comum. Mas enquanto uma garrafa de vinho chegou para a refeição da família toda, em Portugal seria preciso ter mais algumas garrafas preparadas.

Beber menos ao longo da refeição é boa ideia porque os licores servidos à sobremesa são em geral bem mais poderosos que os nossos. Excluindo a vodka pura, que também por lá aparece, esses licores geralmente são saborosos, apesar do teor alcoólico.

Enfim, uma noite bem passada, e terminada, após alguns jogos de tabuleiro, com arenque cru e vodka caseira a acompanhar. Podia ser pior.


Por ter passado o Natal fora, não podia faltar à passagem de ano familiar, em Portugal. Quanto mais não fosse pela obrigatoriedade de comer bacalhau antes do final do ano.

E, com praticamente toda a família a encher a sala, passei mais um ano, não abdicando das 12 tradicionais azeitonas à meia-noite.

Desta feita pude matar saudades das iguarias nacionais, bem como provar cada uma das minhas cervejas para ver como evoluíram de um ano para o outro. Mantive, ainda, a tradição do hidromel aquecido, desta feita com o meu próprio hidromel.

E nada como iniciar o ano com uma mesa cheia de primos e primas jogando jogos de tabuleiro e de cartas de carácter familiar.

Apesar de lá não ter estado no Natal, ainda fui a tempo de corrigir as falhas no presépio.






Até breve!

25 anos de Opeth em Londres

Saudações, caríssimos metaleiros e/ou amantes do pimba progressivo!


Pois bem, o título diz quase tudo. Quero escrever um pouco sobre o concerto que me fez bater um recorde.

Os Opeth celebraram, ao longo do ano de 2015, os seus 25 anos de existência. Para além disso, um dos seus álbuns mais aclamados (costumo aclamá-lo diariamente em locais aleatórios, para surpresa de quem se encontre por perto), Ghost Reveries, atingia os 10 anos de idade.

Para celebrar devidamente estas datas, decidiram dar um concerto especial em Londres, em Outubro, num teatro (inicialmente era para ser o Palladium, mas acabou por ser no Theatre Royal, Drury Lane). Este concerto teria duas partes. A primeira seria preenchida pelo álbum aniversariante tocado na sua totalidade, e a segunda seria um típico concerto dos Opeth, com uma mescla de alguns dos seus melhores temas.


Não quis perder esta oportunidade e, logo que os bilhetes foram postos à venda, tentei logo apoderar-me de alguns. E em boa hora o fiz, já que esgotaram no próprio dia. Isto foi algures no final de 2014, o que quer dizer que comprei os bilhetes quase um ano antes do concerto. Nunca visto (por mim).

Acontece que entretanto decidiram fazer este concerto especial noutros locais, ao longo da semana anterior ao de Londres, incluindo uma data em Utrecht. Como já tinha bilhetes para Londres, deixei-me estar e organizei a viagem de qualquer forma.

Assim pude aproveitar um fim-de-semana com alguns amigos, em que os obriguei a seguir-me enquanto eu procurava os pubs com as melhores cervejas, algumas micro-cervejarias, e até um pequeno e recente fabricante comercial de hidromel. Tenho andado a tentar produzir um hidromel de baixo teor alcoólico com carácter, o que não é assim tão fácil. Como é precisamente isso que tem feito o senhor Gosnells, tinha que dar lá um salto. Podem chamar-lhe espionagem, se quiserem, mas eu negarei tudo.

Pude assim tirar algumas fotos para provar que estive mesmo em Londres. Esqueçam o Big Ben e as atracções turísticas do costume. Se querem os clichés têm sempre o Google.









O concerto foi o esperado. A banda em grande, Mikael Åkerfeldt sempre ao ataque, com o seu já conhecido sentido de humor (ou, para muita gente, a falta dele), proporcionando grandes momentos durante o longo concerto (ou dois concertos de seguida, se preferirem). Teria sido bom de qualquer forma, mas ouvir aquele álbum na íntegra ao vivo valeu por si só a viagem.

Para finalizar deixo-vos Ghost Reveries na íntegra. Tratem de desfrutar, então.


1 - Ghost of Perdition


2 - The Baying of the Hounds



3 - Beneath the Mire



4 - Atonement



5 - Reverie / Harlequin Forest



6 - Hours of Wealth



7 - The Grand Conjuration



8 - Isolation Years




Cheers!

Um pouco do Douro e mais uma vindima

Bons dias, caríssimos apreciadores de vinho e não só!


O início de Outubro foi tempo para dar mais um salto ao meu país vinícola favorito, mas como as viagens estavam um bocado caras decidi ir a Portugal.

Por coincidência, um amigo Português residente em Nijmegen tinha também planos para lá ir. Melhor ainda, esse meu amigo tem muitos familiares na zona do Douro, alguns dos quais produtores de vinho, ora amadores, ora profissionais.

Antes disso, ainda no litoral, não podia perder mais uma vindima, já que as uvas ficaram à minha espera um pouco mais do que o normal. E como é costume, lá levei uma parte do mosto para casa, para mais uma experiência.

Após a vindima, foi então altura de aproveitar a hospitalidade das gentes do Douro e fazer uma curta estadia na fronteira da mais antiga região demarcada de vinho do mundo.

Não deu tempo para muita coisa, mas foi, espero, a primeira de muitas viagens por essa magnífica região.

Provámos bom vinho, boa comida, deleitámo-nos com as paisagens, e ainda tivemos a oportunidade de ter uma visita guiada numa das adegas de familiares. Qualquer dia tenho que arranjar uns fermentadores daqueles. E já agora uma cave com altura suficiente.

Peço imensa desculpa pela descrição apressada, mas isto de estar a escrever posts de há tão poucos meses atrás deixa-me sem palavras. E de qualquer forma deixo-vos de seguida alguns milhares de palavras para finalizar.






























Até já!

sábado, 16 de janeiro de 2016

The Theater Equation

Um grande bem-haja, caríssimos melómanos!


Voltando a um dos meus assuntos preferidos, prosseguimos então para Roterdão, em meados de Setembro, para uma ópera. Sim, uma ópera.

Como será óbvio para alguns de vós, esta não foi uma ópera normal. Creio que um desses eventos seria tortura para mim. Não a música, mas os berros estridentes que geralmente enchem esses palcos.

Esta foi uma ópera concebida pelo multi-instrumentalista / compositor Holandês Arjen Lucassen, mais conhecido no mundo do rock progressivo pelo seu projecto Ayreon. E foi sob esta designação que criou várias óperas repletas de sons progressivos, que vão desde pop, passando por rock e folk até ao metal mais pesado.



A ópera em questão foi baseada no álbum The Human Equation.

A história começa com o personagem principal numa cama de hospital, em coma depois de um acidente de automóvel, com a mulher e o melhor amigo ao seu lado.

A partir daqui vemos as suas emoções a ganhar vida e, cada uma com o seu personagem, ajudam a desenvolver a história, juntamente com as personagens humanas.

Não é uma história fabulosa mas, mesmo que tivesse a qualidade de escrita de uma telenovela Mexicana, eu render-me-ia da mesma forma, tendo em conta a música com que tudo me é apresentado.

Para além disso, o senhor Lucassen, com a reputação que foi ganhando, pode dar-se ao luxo (e dá-se, sem dúvida) de convidar autênticas constelações de artistas de qualidade para os seus projectos.

Neste caso temos diferentes cantores(as) para as diferentes personagens. Temos James LaBrie, dos Dream Theater, como personagem principal; Mikael Åkerfeldt, dos Opeth, como Medo; Devin Townsend como Raiva. Isto só para falar dos nomes que mais me interessavam do elenco. Os restantes não lhes ficam atrás.

Imagino que pela dificuldade de juntar toda essa gente nos mesmos dias, Mikael Åkerfeldt e Devin Townsend ficaram de fora e foram substituídos para a adaptação ao palco. No primeiro caso a mudança foi bastante radical, já que a brilhante, mas bastante menos brutal, Anneke van Giersbergen (antiga vocalista da banda The Gathering), foi a escolhida para o substituir.

Quando descobri a existência deste evento, apenas uma semana antes, já as três datas originalmente planeadas estavam esgotadas. A quarta, que entretanto fora marcada para a tarde de Sábado, ainda tinha lugares, e assim lá fomos.

Foi um espectáculo diferente do que estou habituado, por certo, mas foi uma bela experiência. Uma banda irrepreensível, incluindo uma mini-orquestra, vozes da mais alta qualidade e ainda um coro. Iria a muito mais óperas, se mais houvessem neste estilo.


Deixo-vos apenas o trailer oficial. Daqui por uns meses sairá tudo em DVD, para quem estiver interessado. Por agora, ouçam este e outros álbuns de Ayreon, se gostam de rock progressivo, metal, música em geral e de uma boa história.





Doei!

domingo, 10 de janeiro de 2016

Bicampeões e mal (ou bem) habituados

Saudações, caríssimos adeptos de futebol e de pesca!

É possível que alguns ainda se lembrem da anterior época futebolística em Portugal. De qualquer forma, é precisamente esse o próximo item na minha lista de coisas por escrever.



O Benfica foi bicampeão, o que tem sido absolutamente normal, como sabem. Pouca importância dou a tais vitórias, dada a regularidade com que acontecem. Lembro-me do anterior bicampeonato como se fosse hoje. Estava eu a caminho de uns maduros 2 anos de idade.

A época começou com mais uma razia no plantel, com jogadores importantes como Garay, Markovic, Rodrigo e Cardozo, entre outros, e ainda Enzo a meio da época, a saírem. Algumas saídas são muito fáceis de compreender. Toda a gente sabe que jogar na Rússia é bastante interessante, o Cardozo é tosco e só marca uns 20 golos por época e o Bernardo Silva é um jogador em final de carreira que era importante vender. O que não compreendo é como não se soube aproveitar craques como o Kardec, o Funes Mori ou o Djavan. Inaceitável.

A vinda de alguns reforços acabou por colmatar algumas saídas, mas não todas.

Ainda assim, e tendo em conta a experiência da época anterior, o meu pessimismo foi bastante mais contido, já que o treinador permanecera.


A época começou com o quarto troféu nacional referente à época anterior, a Supertaça. Uma vitória difícil sobre o Rio Ave, com a necessidade de ir a penalties, serviu para completar as conquistas da época anterior, e fez do Artur um herói improvável.

Logo na primeira jornada Artur foi novamente herói, tendo defendido mais um penalty frente ao Paços. Frente ao Sporting, à terceira jornada, tratou de oferecer o golo ao adversário, num lance que já ensaiara na Supertaça, estando nesta altura aperfeiçoado. Infelizmente, entretanto chegara Júlio César para "pegar" na baliza, pelo que teríamos, daí para a frente, menos oportunidades de ver Artur a proporcionar ataques cardíacos a adeptos Benfiquistas por esse mundo fora.

Entretanto a carreira fenomenal na Liga dos Campeões começara, com antigos jogadores do Benfica a mostrarem o porquê de terem rumado à Rússia.


Por esta altura, Talisca parecia que se iria tornar no melhor jogador de todos os tempos, Eliseu marcava golos do meio-campo e Lima falhava-os de qualquer zona do terreno.

Pelo Natal a situação estava a melhorar, com uma motivadora vitória no Dragão, com Lima desta vez a ser decisivo. E entretanto Jonas ia mostrando a importante contratação que tinha sido.

A partir desta altura, enquanto ia vendo os resumos dos jogos, comecei a ter menos vontade de escrever. Os resultados e as exibições estabilizaram e a verdade é que, sempre que havia um deslize, os rivais deslizavam também.

A verdade é que Jesus montara, mais uma vez, uma boa equipa, que acabaria por ser novamente campeã. E o facto é que estar a ver todos esses resumos me deixa deprimido. E é aqui que me farto de comentar a época anterior e começo a comentar a actual.


Como sabem, Jesus mudou-se para o rival Lisboeta, supostamente seu clube do coração. O problema desta época começou nesse momento, mas podia ter sido logo resolvido, dependendo do seu sucessor. Nesta altura parece-me que ainda está para ser resolvido, e já vai tarde.

Vamos a meio da época e o Sr. Rui Vitória ainda não me convenceu. Não é que isso seja importante, mas parece-me que se as coisas não mudarem nunca me convencerá.

Com um óbvio desinvestimento no plantel, ou uma aposta clara e propositada na formação (como preferirem), é claro que a matéria-prima não abunda. Mas os sintomas a que podemos assistir todos os fins-de-semana não se devem à falta de qualidade dos jogadores. Pelo contrário, há uma gritante falta de estratégia e jogo de equipa, que só a presença de uns quantos bons jogadores vai remediando. E os jogadores que eram bons nas épocas anteriores parecem ter deixado de o ser. Isso parece-me ser mais um problema de quem os treina.

O jogo do Benfica nesta altura consiste em ir trocando a bola, a maior parte das vezes para os lados e para trás, já que as ligações entre sectores, bem como os mecanismos de ruptura (ui, isto já está a ficar demasiado puxado para mim), são inexistentes, e esperar que uma vez ou outra o Gaitán, o Jonas ou, mais recentemente, o Renato Sanches, saquem de um brilharete e resolvam o jogo. Só calha bem na maioria das vezes porque boa parte das equipas Portuguesas são fraquinhas e acabam por ser azelhas ao finalizar as oportunidades de que dispõem (e são bastantes).

Por vezes as coisas saem mais facilmente, com um ou dois golos a caírem do céu no início do jogo, e depois a qualidade dos jogadores faz a diferença frente a equipas de calibre inferior. Outras vezes, é desesperar com dezenas de cruzamentos de todos os lados, esperando com isso resolver um jogo.

Creio que agora é difícil o panorama mudar. O Sporting vai lançado, tendo sido durante meia época o único dos três grandes a ter um treinador. O Porto pode ser que arranje um agora, e se o fizer parece-me que o destino do Benfica esta época será o terceiro lugar, no máximo.

Mas não posso ver apenas o lado pessimista da situação:

  • Que saudades que tinha de sofrer todos os fins-de-semana. Seja num jogo contra o Porto ou contra o União da Madeira, o resultado é sempre incerto. O futebol é isto. Posso sempre usar este chavão.
  • Ao menos temos um guarda-redes. Imaginem o que era jogar assim e ter o Artur na baliza.
  • Agora temos um treinador que fala Português. Aliás, até temos Gregos a falar Português.
  • De facto estou a gostar de alguns dos valores que estão a surgir da formação. Pode ser que daqui a uns anos seja para golear sempre na Liga dos Campeões a sério, como os putos fazem. Isso se lá chegarmos.
  • Tenho novamente um incentivo para jogar FIFA e FM, já que agora sinto-me capaz de pôr o Benfica a jogar melhor do que na realidade.

Afinal de contas está tudo bastante positivo. Continuemos então.


Até um dia destes!