terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Música do meu 2014

Saudações!

A pedido de várias famílias, e antes de continuar com descrições fabulosas do que sucedeu cronologicamente ao longo do ano de 2014, deixo-vos aqui um resumo, mas musical, do ano passado. A música que fui ouvindo, independentemente de ser nova ou mais velha do que eu, mas que me foi marcando ao longo do ano. A ordem é pseudo-cronológica. De certa forma está de acordo com a altura do ano em que fui ouvindo os artistas em causa, mas não é bem, até porque muitos deles ouvi ao longo de todo o ano. Não esperem é análises rigorosas e racionais dos álbuns e artistas em causa.


Começo com uma banda que já conheço há alguns anos, mas que só há cerca de um ano é que comecei a ouvir devidamente. Fiquei fã do primeiro álbum. Esta música em particular leva-me para um estado de melancolia onde estranhamente (ou não) gosto de estar.

The xx - Infinity (The xx, 2009)



Directamente do Eurosonic do ano passado, possivelmente a banda que mais gostei de ver em todo o festival. A atmosfera intimista de um concerto com poucas dezenas de pessoas a assistir e a beleza que a música transpira ficaram bem marcadas na minha mente.

Cosmic U - A Thousand Miles (Constructed Land, 2013)



Para continuar o ano em melancolia, uma voz Dinamarquesa acompanhada pelo piano e, no mais recente álbum, algumas outras cordas. Já a conhecia do primeiro álbum, mas agora ganha uma nova dimensão. E continua a hipnotizar uma pessoa.

Agnes Obel - The Curse (Aventine, 2013)



Derivando agora para terrenos musicais menos explorados por mim, redescobri este senhor, depois de vários anos sem prestar muito atenção à música mais electrónica. E em boa hora o fiz. Enorme álbum, em que se faz acompanhar de grandes vozes.

Moby - A Case For Shame (Innocents, 2013)



Uma actuação curta no festival Cross Linx em Groningen foi o suficiente para que seguisse com atenção o lançamento anunciado do seu primeiro álbum. E foi um álbum que esteve sempre por perto assim que saiu. Piano e voz com um toque electrónico que criam uma ambiência melancólica, que eu tanto aprecio e na qual pareço sentir-me em casa.

Douglas Dare - Lungful (Whelm, 2014)



Do festival Roadburn, um par de meses mais tarde, e de que falarei ainda num post a escrever, um concerto que me marcou por ter sido uma oportunidade única. Estes senhores não são fáceis de encontrar e estiveram vários anos parados. Suecos, com um nome que não sei pronunciar, autores de um rock progressivo complexo e não muito fácil de digerir inicialmente. Tremendamente delicioso, no entanto.

Änglagård - Jordrök (Hybris, 1992)



Depois de algo diferente, voltemos à minha incursão pela música electrónica. Curioso o facto de ter sido uma banda parcialmente da minha cidade (mais concretamente da aldeia de onde a minha mãe é natural) a contribuir em grande para este novo interesse. A verdade é que este álbum me dá bastante gozo, neste caso combatendo a melancolia. Com esta música a tocar consigo imaginar-me a caminhar à beira-mar pela marginal de Vila do Conde, olhando o mar azul e sentindo os quentes raios de sol nas ventas. Talvez seja por isso mesmo que gosto destes tipos.

Sensible Soccers - AFG (8, 2014)



E agora um velho conhecido. Um daqueles artistas que me fazem sentir velho porque me lembro de ouvir os seus primeiros álbuns no pico da minha deprimente adolescência. No ano de 2014 lançou o seu décimo primeiro (sim, 11º) álbum. Mais um bom álbum de um bom artista que vai alternando entre álbuns que podem levar alguém a uma depressão e álbuns alegres e bem dispostos, dependendo do seu estado de espírito (do artista, mas do ouvinte também).

Eels - Lockdown Hurricane (The Cautionary Tales of Mark Oliver Everett, 2014)



A mais ou menos meio do ano comecei a virar-me mais para sons pesados, o que vai de encontro a muitas das minhas preferências musicais. Uma banda que desconhecia, mas que deu origem, segundo dizem, a dois ou três sub-géneros de metal. O álbum que me encheu as medidas é metal viking cheio de raiva, guerra e destruição, sempre com alguma mitologia à mistura. Por alguma razão estava a precisar disso na altura.

Bathory - Shores in Flames (Hammerheart, 1990)



Entretanto, tive que passar algum tempo a apreciar a brutal fusão entre diferentes tipos de folk e rock de uma banda que já conhecia, mas cujo lado mais pesado foi algo surpreendente para mim. Pela positiva. Seja para continuar ou não, fico à espera do próximo.

Wovenhand - The Refractory (Refractory Obdurate, 2014)



A certa altura apercebi-me de ainda não conhecer suficientemente bem este artista canadiano. Considerando este facto como uma falha grave, fui imediatamente ouvir mais música. O resultado foi esta enorme descoberta. A sua já famosa parede de som com diversas camadas de guitarras e não só aparece aqui em grande. Contrariamente a muita da música pesada que ouço, este álbum cria um ambiente positivo. Não conheço muitas formas melhores de começar o dia. A energia que emana dá-me vontade de ser produtivo, imagine-se.

Devin Townsend Band - Triumph (Synchestra, 2006)



Metal em câmara lenta, é uma forma de definir a música desta banda que passei a admirar. Já os conhecia há uns anos, e fui mantendo o interesse. Para quem tem paciência, o prazer que esta música pode dar é grande. Pode-nos transportar para o meio de um deserto em que estamos totalmente relaxados. Para quem não tem a paciência suficiente, acredito que ouvir música tão lenta pode ser frustrante. Desta vez não se limitaram ao instrumental, e o resultado é fabuloso.

Earth - From the Zodiacal Light (Primitive and Deadly, 2014)



Revisitando um álbum que já tinha há algum tempo, cheguei à conclusão de que não deveria ter esperado tanto. Pesado, negro e intenso. Adoro músicas como esta. Relativamente calma durante a maior parte do tempo, vai acumulando alguma tensão até que sai uma daquelas explosões de raiva que descarrega o stress de uma semana. E estes senhores (já por cá andam há algum tempo) têm umas quantas assim. Mas o gozo maior vem, como na maior parte dos álbuns aqui mencionados, com a audição do disco inteiro.

Cult of Luna - In Awe Of (Vertikal, 2013)



Consequência dos concertos a que fui a seguir, voltamos então ao meu caríssimo post-rock. Desta feita com uma banda que não conhecia muito bem até este ano, e que empurra a fronteira do estilo, aproximando-o de math rock. O resultado é daquelas misturas difíceis de explicar, com beleza e intensidade. Neste último álbum introduziram mais electrónica, com grandes resultados.

Maybeshewill - In Amber (Fair Youth, 2014)



E chegou a vez de mais um grupo de velhos conhecidos. Os Escoceses, pioneiros do post-rock, continuam a dar cartas, mantendo grande qualidade álbum após álbum. Escolhi esta música por me transportar para os primórdios do meu interesse por este estilo, por me fazer lembrar um dos seus primeiros álbuns. Cá está de novo a minha melancolia de estimação em todo o seu esplendor. E, meus amigos, este som debitado por um sistema de som a sério brilha de tal forma que é capaz de me fazer chorar. Sempre grandes.

Mogwai - Blues Hour (Rave Tapes, 2014)



E o que pode seguir-se a estes velhos conhecidos que não outros velhos conhecidos? Sempre difíceis de classificar. Desde os primórdios ligados a death metal, passando por influências de jazz, rock progressivo ou psicadélico, até baladas eles dominam. Desta feita estão a tornar-se mestres num rock progressivo algo pesado, mas já sem os gritos típicos do death metal. E por mim podem muito bem continuar por aí. Que enorme álbum que lançaram. Sempre grandes. Outra vez.

Opeth - Eternal Rains Will Come (Pale Communion, 2014)



Dando continuidade ao ano anterior, já que venho ouvindo este álbum desde há algum tempo, opto por incluí-lo aqui porque finalmente pude ver estes jovens de Barcelona ao vivo e até falar com eles depois do concerto. São uma banda muito pouco conhecida ainda e fizeram um álbum que fica ao nível de muito boa gente nesta lista. Simplesmente fenomenal. Abrange tantos estilos que não me atrevo a classificá-lo. Apenas digo que caem mais para o lado pesado do meu gosto musical. Neste caso faz ainda mais diferença ouvir o álbum todo, pela continuidade que apresentam de música para música, quase não havendo separação entre as faixas. Portanto o que apresento aqui é apenas uma migalha.

Obsidian Kingdom - Through the Glass (Mantiis, 2012)



E agora uma banda que só conheci porque os jovens que acabei de referir tocaram como banda de suporte no concerto que fizeram aqui em Nijmegen. Foi a primeira vez que fui a um concerto de propósito para ver a banda que abriu a noite, mas acabei por adorar a banda final. Islandeses que estão em grande nesta altura. Tudo por causa de um excelente álbum com um metal atmosférico, como gosto de lhe chamar, e obviamente melancólico. Algo depressivo, até. Apesar de o ter ouvido já tarde no ano, ganhou claramente um lugar nesta lista.

Sólstafir - Lágnætti (Ótta, 2014)



E chegamos finalmente a um artista Holandês. Já o conhecia há algum tempo mas nunca explorei devidamente a sua obra. Optei por olhar e ouvir com mais atenção o seu último álbum. Ou deverei dizer obra-prima? Uma espécie de ópera de rock e metal progressivo dividida em quatro fases (uma para cada lado do duplo vinil) distintas da história. Muitas vezes não presto atenção às letras das músicas que ouço, mas aqui é obrigatório. E mais uma vez, é pouco mais que inútil ouvir faixas individuais. São muitas e curtas, e as únicas pausas do disco existem para separar as quatro fases. O resto não pára. Nos últimos meses tenho passado por este álbum várias vezes, e é impensável não o ouvir do princípio ao fim.

Ayreon - Phase I: Singularity (The Theory of Everything, 2013)



E como poderia deixar de fora os mestres? Por influência do meu pai, é certamente a banda que ouço há mais tempo. De tempos em que não me recordo de grande coisa, sei que estes senhores estavam lá, e não poderia deixar de os referir. Até porque este assumido álbum final me agradou bastante. Não está certamente ao nível dos clássicos, mas tem o seu lugar. Um grande álbum de música ambiente, pelo menos. Tem-me acompanhado desde que saiu e por aqui continuará.

Pink Floyd - Louder Than Words (The Endless River, 2014)



Arrisco referir aqui um álbum que apenas comecei a ouvir nas últimas semanas. Porque já antes apreciava esta banda, com o seu som negro e, lá está, melancólico, mas também pelas inexplicáveis sensações que despoleta. É impossível explicar. Esta é a primeira música do álbum, e ao fim de dois minutos já estou rendido. Estou a sentir-me não apenas melancólico mas completamente de rastos, como se tudo estivesse perdido. Parece terrível, mas de certa forma eu busco muito este tipo de sensações. Poderosas, sempre, mas raramente positivas. Mas aviso-vos que não devem ouvir isto se já se sentirem em baixo. Não vai ajudar nada.

Agalloch - Birth and Death of the Pillars of Creation (The Serpent & The Sphere, 2014)




Mas porque nem só de melancolia vivo eu, vou terminar com uma banda Portuguesa que tem estado presente nos momentos em que tenho de tratar de tarefas domésticas e essa é a última coisa que me apetece fazer. Quando tudo falha, ou quando me sinto melancólico, estes senhores aparecem para salvar o dia. Se se sentirem ofendidos com linguagem brejeira, sugiro que evitem esta banda com toda a força. Esta é uma das minhas músicas favoritas, e é das menos brejeiras também. Os dois factos não estão relacionados, já agora. Há muito boa música com muito bom palavrão na discografia destes senhores.


Ena Pá 2000 - O Corcunda de Nôtre Dame de Paris (Opus Gay 1997)




Doei!