sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Resumo dos últimos episódios

Caríssimos leitores,


A minha ausência deste espaço de divulgação cultural nos últimos tempos deve-se a questões pessoais. Nomeadamente, não me apeteceu escrever nada, apesar de ter recebido inúmeros (algures entre -1 e 1) emails de desespero provocado pela falta de conteúdos literários actualizados pela minha pessoa.

No entanto, esta falta de vontade de utilizar a minha quase infinita criatividade e o meu enorme talento fazem com que agora tenha de escrever mais, devido ao elevado número de ocorrências relevantes no último mês.


Pois bem, começo com a minha ida a Portugal a meio de Setembro.

Pela primeira vez, apesar das horas que viria a demorar, decidi voar a partir de Waterford. Um aeroporto cerca de 50% maior que o meu apartamento (um dos aeroportos onde a Ryanair começou, mas quando pôde se mandou dali para fora), e um avião cerca de 50% maior que o meu carro, com umas hélices porreiras, e tal. De qualquer forma, o tamanho do aeroporto é suficiente, tendo em conta o reduzido número de destinos, e uma viagem com destino ao aeroporto de Luton, na ilha aqui ao lado, não exigia um avião extraordinariamente poderoso.

Depois de um autocarro até Stansted, várias repetições do novo álbum dos Metallica (quentinho, acabado de sair do forno) e umas horas de espera, voei finalmente para o Porto.


No dia seguinte, sábado 13, fui ao casamento de um amigo de há muitos anos. Agora toda a gente se está a casar. Mas como é? Um gajo não pode estar sempre a viajar para casamentos. Vamos lá a ter calma, temos tempo...

Foi um dia porreiro, com muito sol, comida e bebida partilhados com amigos.


Depois, como irlandês que sou, fui para o Algarve durante uma semana. Praia da Rocha, para ser mais exacto (ou preciso?).










Mais fotos aqui.

Basicamente foi uma semana para aproveitar o sol (para variar), sem fazer nada, sem sequer sair de Portimão, portanto apresento desde já as minhas desculpas a todos os milhares de admiradores e admiradoras que esperavam ser presenteados com a minha visita.


Para voltar aproveitei o voo directo entre Faro e Waterford para compensar as longas horas da viagem de ida.


Regressado à Irlanda, e depois de uma semana de trabalho e várias repetições do novo álbum dos Mogwai (também quentinho, acabado de sair do forno), desloquei-me à minha conhecida Itália, em trabalho.

Desta vez foi Trento, no norte. E deu para perceber que a chuva me seguiu até lá. Compreende-se que também queira sair da ilha de vez em quando, mas escusava de ir para o mesmo sítio que eu.

Quanto a Trento, pareceu-me ser uma cidade engraçada, entre os montes, quase no limite dos Alpes. Como é bastante a norte, não é tão "italiana" como Roma, por exemplo. Já se nota uma certa mistura entre Itália e Alemanha (ou Áustria, se quiserem, pois é com esta que a Itália faz fronteira). O que acaba por não ser mau, pelo menos em certas e determinadas coisas. Perde-se um pouco do caos italiano, continua-se a ter boa comida italiana e acrescenta-se boa cerveja alemã.


Decidi adiar a minha volta para, no fim-de-semana, dar um salto à grande metrópole onde passei um ano: Frascati.

Deu para passear um bocado, estar com alguns amigos que ainda por lá andam e matar saudades da bela comida que se encontra por ali (incluindo a comida tailandesa disponível uma vez por mês, na Eur).

Deu ainda para ver a diferença no estado de espírito entre um espanhol adepto do Atlético de Madrid e um catalão adepto do Barcelona, depois de vermos o jogo em que a actual equipa do Simão (embora não tenha jogado) apanhou 6-1 da antiga equipa do Simão.


E pronto, foi isto. Possivelmente esqueci-me de algo importante, dada a enorme quantidade de eventos importantes que preenchem o meu quotidiano.


Cheers!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Hurling

Saudações!


Depois de, sexta-feira e sábado, ter dedicado as minhas energias a tarefas relacionadas com a logística que uma mudança de apartamento acarreta, chegou o dia aguardado há algumas semanas por todos os adeptos de hurling (um desporto irlandês muito popular por aqui) do condado de Waterford: a final do All-Ireland, a principal competição desse desporto. N
ão fui ao estádio (o Croke Park, em Dublin, com capacidade para 82300 pessoas), mas vi o jogo num ecrã gigante no centro de Waterford.

Pela primeira vez em 45 anos, Waterford chegou à final. E os adversários eram os rivais e vizinhos de Kilkenny. Rivais, penso que mais da parte de Waterford, já que Kilkenny (vencedor das duas últimas edições da competição), juntamente com Cork e Tipperary, dominam esta modalidade.

Embora conheça minimamente as regras do jogo, ainda não estou habituado a segui-lo (este foi o primeiro jogo que acompanhei), pelo que me ficam algumas dúvidas em certos e determinados lances (se devem ser ou não considerados falta, por exemplo).

15 jogadores para cada lado, cada um com um bastão - o hurley -, tentam, durante 70 minutos, introduzir uma sliotar (bola de cortiça revestida a couro) na baliza (1 golo = 3 pontos), ou fazê-la passar por cima da barra (1 ponto).

É um jogo onde
são necessárias uma certa agressividade e muita coragem. E, pelo que me dizem (e faz sentido), nas camadas jovens ou campeonatos mais amadores, essa agressividade transforma-se muitas vezes em violência. Mas, ao mais alto nível só chegam aqueles com técnica superior (e é preciso muita para jogar hurling), pelo que os caceteiros ficam pelo caminho. :)

E, devo dizer, este desporto, ao mais alto nível, é um grande espectáculo para quem o está a ver, sempre com uma velocidade impressionante.
Mais informações na wikipedia, e um vídeo que explica o que é o e como se joga o hurling no youtube (parte 1, parte 2, parte 3).

Posto isto, o que dizer sobre a final?
Bem, basicamente a equipa de Waterford foi fuzilada, atropelada e esmagada por Kilkenny.



Pelo que percebi, Waterford esteve num dos seus piores dias de sempre, mas aqueles gajos de Kilkenny jogam como o caraças (li algures que esta é, discutivelmente, a melhor equipa de sempre daquele condado). O resultado final foi 3-30 - 1-13 para Kilkenny. Portanto, 3 golos mais 30 pontos para Kilkenny, 1 golo mais 13 pontos para Waterford. Waterford que lá conseguiu marcar um golito perto do fim, sendo este do tipo de golos que o Ricardo sofreria caso jogasse hurling.

E assim foi. Eu até fiz o esforço de comprar o cachecol azul e branco para apoiar a equipa, mas creio que seria necessário comprar muito mais do que isso para os ajudar realmente a ganhar aquele jogo. Se eu sofresse com a situação, acho que não seria capaz de ir trabalhar no dia seguinte, por estar a recuperar do KO.

A chatice é que o primeiro jogo que vi é exactamente o último da época. Agora só para o ano...


Cheers!

Água e Ovelhas

Ora viva!


Era uma vez um fim-de-semana com dois dias bem distintos.

O primeiro, o sábado, foi um daqueles dias em que fiz tantas coisas úteis como o Katsouranis fez pelo Benfica no jogo desse mesmo dia contra o Fóculporto.

O segundo, o domingo, foi um dia em que realmente me apeteceu sair e fazer alguma coisa de útil pela minha saúde e pela felicidade do povo irlandês, já que não é qualquer povo que me tem a vaguear pelo seu país.

Sendo assim, decidi então seguir para mais uma etapa da South East Coastal Drive, continuando para a parte final da Copper Coast (sendo a Costa de Cobre, se houver uma trovoada por lá, estamos todos lixados, já que não tem borracha à volta a isolar... mas talvez os pneus do carro ou as solas das sapatilhas me safem).




Bunmahon e Dungarvan foram, mais uma vez, pontos de passagem, em direcção à península de Ring (An Rinn), uma das zonas Gaeltacht, onde se usa o irlandês como língua principal. Já que andava por ali realmente a vaguear (embora tivesse alguns destinos em mente), era complicado saber para onde estava a ir, já que as indicações na estrada são apenas em irlandês.

Aí parei em Helvick, uma zona piscatória, apenas para dar uma olhadela pelo sítio e levar com algumas fortes rajadas de vento na cara.




De seguida dirigi-me para Ardmore (sabendo os nomes das terras, ainda é possível deduzir, através dos nomes em irlandês, que é para lá que estamos a ir), pequena vila costeira com uma bela praia. Pena que não possa ser utilizada muitas vezes. :) Tem também um número razoável de casas, no sítio onde tirei as fotos, com uma vista fantástica para a praia.





De seguida despedi-me do mar e arranquei em direcção às montanhas Comeragh. Pelo caminho, deparei-me com as indicações de umas quedas de água, e segui-as, durante largos minutos, pela estreita estrada que sobe a montanha.

Cheguei então às Mahon Falls. Efectivamente é um bocado de água a cair pela montanha, em direcção a um vale preenchido por calhaus, erva, ovelhas, cabras e algumas pessoas.

É uma bela vista, devo dizer, embora o dia já não estivesse muito iluminado. Não por ser muito tarde, mas porque as nuvens também tiveram alguma curiosidade em ver as quedas de água.

É também impressionante ver as ovelhas calmamente a pastar pelas encostas. Na altura parecia-me muito provável, a qualquer momento, ver um novelo branco de lã a rebolar até cá abaixo, mas isso acabou por não acontecer, pelo que tive de me contentar com umas fotos à água e a tudo o que não estava a cair pela encosta.





Sim, são aqueles pontos brancos lá em cima. E isto com muito zoom.



E viveram felizes para sempre (as ovelhas).

Mais umas fotos aqui.



Cheers!