quarta-feira, 22 de abril de 2015

Rivalidade futebolística

Bom dia, caríssimos!


Decidi abandonar temporariamente a cronologia que sigo no blog para escrever algo que está a querer sair com muita força pelos dedos.

Futebol, pois claro, esse vulcão de emoções, demasiadas vezes em erupção para o meu gosto.

Começo a escrever isto uns dias antes de um clássico Benfica-Porto que pode, ou não, ser decisivo. E muito do que quero escrever neste post se aplica a um jogo dessa dimensão.


Para iniciar uma espécie de justificação do que aí vem, terei que começar, como estranhamente tantas vezes ocorre, pelo princípio.

Considero que nos meus tempos de escola era o chamado totó. Derivado da minha maneira natural de ser, aliada a diversas ocorrências ao longo da minha infância, era o puto certinho e reservado que nunca se dava a grandes espalhafatos, sendo até algo choninhas, por vezes.

Ainda hoje possuo muitas das características que tinha nessa altura, mas creio que melhorei nalgumas coisas, como por exemplo a tolerância ao álcool e a descoberta de jogos de computador Japoneses de teor erótico. Por outro lado, hoje sei menos de língua Francesa e os meus conhecimentos relativos às classes gramaticais da língua Portuguesa também já tiveram melhores dias.


Quanto ao futebol, desde cedo me tornei adepto do Benfica. E como é óbvio, desde cedo tomei contacto com a rivalidade existente entre os colegas do Porto e os do Benfica (sendo do Norte, na minha zona estas eram as duas forças desportivas em maioria).


Alinhava nessas rivalidades, mas sempre fui muito menos contundente que a maioria dos meus colegas, e não me recordo de partir para o gozo com frequência, algo contrário à minha natureza de totó. E também porque, embora o Benfica ainda fosse ganhando alguma coisa, quando comecei a prestar atenção ao futebol já o Porto estava a ganhar predominância. As primeiras memórias futebolísticas que tenho são do ano do título do Benfica de 1994, portanto a partir daí foi sempre a descer.

E assim as coisas foram evoluindo. O Benfica andava pelas ruas da amargura, eu levava com os comentários dos Portistas na escola, aos quais nem sempre respondia na mesma moeda, mas que me traziam sensações que preferia não ter.

Desde cedo percebi que não gostava de ver jogos grandes acompanhado. Mesmo que esteja a ver um jogo só com Benfiquistas, estou sempre algo inibido. Com Portistas, ainda pior, porque sei que para além de estar a sofrer para dentro, ainda tenho que estar a assistir a uma constante situação de conflito, mesmo que não seja parte directa desse conflito. O que posso dizer... Não sou adepto de conflitos. Nessas situações prefiro ir para o canto e preparar um cocktail enquanto o resto do grupo está a discutir se era falta ou não.

Prefiro estar sozinho. Sofro, mas não tenho que sofrer para dentro. Chamo nomes, mando meio mundo à merda, mas não tenho que estar a participar ou assistir a acesas e estéreis discussões sobre algo que nem em câmara lenta se consegue perceber com exactidão. E o futebol é daqueles assuntos em que toda a gente tem uma opinião. Geralmente a que der mais jeito às suas cores.

Lembro-me de estar no meu quarto com a porta fechada em diversos clássicos e derbies, aos murros na cama e a perguntar aos céus porque raio é que aquele gajo não passou a bola. Lembro-me de desligar a televisão ao terceiro golo no jogo de Vigo. Poucas coisas na vida me trouxeram tanto sofrimento ou frustração como o futebol. Quando as coisas correm bem, no entanto, a vida é bela.


Sendo assim, e dada a minha maneira de ser, que se mantém após tantos anos, acho que prefiro estar no estrangeiro, no que ao futebol diz respeito.

Gosto de jogos a nível Europeu. Gosto de ir ao estádio quando o Benfica passa aqui perto. Tenho assistido sempre a esses jogos entre os adeptos contrários, por vezes tendo até conversas agradáveis com eles. É claro que, sendo eu o gajo calmo que não lhes grita na cara "CHUPA!!!" quando sofrem golo, é capaz de ajudar.

A minha posição actual relativamente ao futebol é muito simples. Sei quando joga o Benfica e faço os possíveis para ver esses jogos. No fim de cada jogo, tiro as ilações que bem me apetecer, mando umas bocas aos jogadores, ao treinador, ou teço-lhes loas, e depois continuo com a minha existência extra futebol. Talvez leia alguma coisa no dia seguinte, mas não estou para assistir aos programas de análise à jornada em que a maioria dos comentadores está lá a mandar uns bitaites dos quais, felizmente para eles, ninguém se lembra na semana seguinte.

Ainda ontem o Porto fez um jogo para a Liga dos Campeões e eu só me apercebi desse facto quase uma hora depois de ter começado devido a comentários que fui vendo por essa rede fora.

De facto não acompanho tanto a Liga dos Campeões porque, assim que o Benfica foi eliminado, cancelei os canais desportivos. Deve ter sido a única coisa em que soube poupar dinheiro.


Quanto à rivalidade, ela pode de facto ser saudável, principalmente quando há boas piadas mandadas de um lado para o outro. Mas a maioria dos comentários que vejo (independentemente da cor) nem têm piada (não chegam sequer perto) nem são saudáveis. Há quem viva bem assim e tire gozo disso. Eu acho que sou uma excepção e não a regra.

Mesmo sem contar com aqueles que levam essa rivalidade a extremos que resvalam para a violência, não gosto do tipo de sentimentos que muitas vezes surgem com um simples jogo de futebol. Considero que a rivalidade clubística é, muitas vezes, tão saudável como uma francesinha especial regada com gasolina, daquela com chumbo, e uma caneca de bagaço a acompanhar.


Por isto tudo, que espero ter feito algum sentido, gosto de assistir acima de tudo a um jogo de futebol. Se envolver o Benfica, então "Força Benfica!" (o Rio Ave, ou mesmo o Cambridge United, também podem contar com o meu apoio). Mas este fim-de-semana, independentemente do resultado do clássico, espero continuar a ter discernimento para simplesmente desligar o computador, sem ser à porrada, ir ver como está ali aquela cerveja, e borrifar-me completamente para todo o circo montado à volta daquilo que deveria ser apenas um jogo.



Até breve!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Earth

Saudações!

Já no distante mês de Setembro de 2014, fui até Utrecht. Como já estava escuro, em vez de apreciar a beleza da cidade, fui a um concerto, claro está. Também não estava com muita pressa, facto que comuniquei à entrada. Ao tomar conhecimento da minha disponibilidade, a banda apresentou-se com muita calma, a tocar uma espécie de rock pesado em câmara lenta. Esta expressão não fica muito bem aqui, já que câmara é mais aplicável a imagem, mas passemos à frente.

O parágrafo anterior serve para descrever o som dos Earth, que estavam a apresentar o seu novíssimo álbum, Primitive and Deadly.



Não os conheço desde os seus primórdios, altura em que foram pioneiros de drone metal, e em que chegaram a ter a contribuição da voz, numa das suas músicas, de Kurt Kobain, amigo do líder da banda. Conheço melhor o seu trabalho desde a década passada.

Têm desenvolvido um rock lento, muito lento. Mas criam um ambiente que me faz pensar no deserto, faz-me entrar numa certa transe. É um som único e que me apraz imensamente. Se fosse mais rápido não funcionaria.

Era um daqueles concertos que não podia perder. Mais um visto na minha lista de bandas que tenho que ver ao vivo.


Earth - Omens and Portents I: The Driver (The Bees Made Honey in the Lion's Skull, 2008)



Earth - Old Black (Angels of Darkness, Demons of Light I, 2011)



Earth - Torn by the Fox of the Crescent Moon (Primitive and Deadly, 2014)



Doei!

Mudanças

Caros leitores,


Avançando um pouco no tempo desde o post anterior, dou por mim a mudar de casa, se bem que ainda em Nijmegen.

Devido à crescente necessidade de espaço da minha parte, fui procurando, durante os primeiros meses do ano passado, um sítio com mais arrumação e, principalmente, com um local apropriado para fermentações alcoólicas.

Uns meses depois arranjei uma cave adequada para o que eu queria. Acontece que a cave vem com uma casa inteira por cima, e ainda jardim à frente e atrás, para além de uma garagem para arrumações.

Por tudo isto, ironicamente, acabei por passar muito mais tempo a organizar tudo, bem como em limpezas e arrumações várias, do que propriamente a preparar as tão desejadas fermentações. Só uns meses depois, aliás, comecei a fazer alguma coisa nesse campo.


Enfim, a mudança propriamente dita foi trabalhosa, pela quantidade de coisas que fui acumulando nos últimos anos.

Dado que a minha especialidade é adquirir um sem fim de geringonças e objectos vários com utilidade quase nula para muitos de vós, não imagino ainda o que me espera quando eventualmente tiver que sair daqui.
Possivelmente é boa ideia tirar a carta de pesados.


Como gostaria de voltar a escrever algumas coisas sobre o presente, vou tentar avançar um pouco no tempo neste post. Sendo assim, deixo-vos diversas fotos, com maior ou menor importância, do que foi acontecendo entretanto pela casa, desde a evolução das arrumações até situações mais ou menos aleatórias. São algo repetitivas, é certo. Em casa acabo por tirar fotos quase sempre às mesmas coisas. Mas é o que há.












































Doei!