segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sincelos de Natal

Caros leitores,

Escrevo-vos de terras lusas, depois de já ter aconchegado o estômago, nos últimos dias, com iguarias diversas, do bacalhau à francesinha.

Mas podia não ter sido bem assim. Nunca como este ano passei uma véspera de Natal tão longa e atribulada.

Depois de ter passado os dias anteriores na Polónia, e de ter chegado no dia 23, o dia 24 começou por volta das 6h da manhã, hora à qual precisava de acordar para ter tempo de ir para a estação apanhar o shuttle que me levaria para o aeroporto de Weeze, na Alemanha.

Já sabia da grande probabilidade de haver atrasos ou mesmo cancelamentos nos voos devido ao nevão que desde a noite anterior assolava aquela região. Mas como não havia forma de o saber a tempo lá fui eu arrastando as malas pela neve durante 10 minutos.

Devido ao estado do piso, o shuttle demorou mais do que o normal a fazer a viagem, e finalmente chegado ao aeroporto, o pior cenário confirmava-se. Praticamente todos os voos estavam cancelados, incluindo o meu, que deveria sair por volta das 10h.

E a partir daí tudo ia piorando. A neve não parava, o caos reinava nos balcões de atendimento, para onde toda a gente ia de modo a tentar mudar o seu voo para um outro dia.

Eu, por outro lado, tentava arranjar uma forma de me pôr dali para fora, o que se revelou complicado, já que os shuttles a partir de certa hora simplesmente deixaram de aparecer devido à intempérie. O facto daquele aeroporto ser literalmente no meio de nenhures também não ajudava.

Só perto do meio dia, depois de encontrar outras pessoas que procuravam chegar a Nijmegen, arranjei forma de sair dali. Um táxi, um comboio, e finalmente chegava de novo a casa, já por volta das 14h.

Embora já estivesse convencido de que teria de passar o Natal por aquelas bandas, fui à procura de voos para os dias seguintes.

Deparei-me com um voo da nossa TAP no dia 25 à noite, a partir de Amesterdão, e por curiosidade procurei o mesmo voo para o próprio dia, e lá estava ele. Custava cerca de um braço e uma perna, mas ainda dava tempo para lá chegar pois a hora de partida estava marcada para as 21h.

Depois de verificar que os voos estavam a sair normalmente do aeroporto de Amesterdão, era tempo de confirmar se teria comboios, comprar o bilhete, reajustar as malas e pôr-me a caminho. Não sem antes tirar uma foto.


Nunca a minha janela da cozinha tivera sincelos (estou mais habituado ao termo Inglês, icicles, mas pelos vistos é assim que se diz em Português) deste tamanho.

Voltando ao assunto, depois de mais 2h e dois comboios que me levariam a Schipol, o principal aeroporto Holandês, tudo seria mais tranquilo.

O avião deixou Amesterdão com algum atraso, mas nada mais que isso. A TAP encarregou-se de providenciar uma refeição especial de Natal: exactamente a mesma sande que sempre providencia. Mas isso já pouco importava. Só o facto de estar realmente a conseguir deslocar-me para a nossa pátria me deixava suficientemente satisfeito, sendo esse pensamento infinitamente mais aconchegante do que a alternativa de ter que ficar em Nijmegen a olhar para a neve que cobria as ruas.

E finalmente, por volta da 1h da manhã, estava eu a degustar a ceia (literalmente) de Natal, com o típico bacalhau que nunca sabe tão bem como nesta altura.

Ah, e não há neve!!! Maravilha!


Saudações, e desejos de boas festas para todos!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Wit Nijmegen

Hoi, estimados leitores!

Cá estou eu mais uma vez para vos relatar pormenorizadamente as peripécias de mais um concerto.

Ah, que sentido de humor apurado! Grandioso! Estava apenas a brincar, não fui a mais nenhum concerto. Venho apenas contar-vos uma história.

Era uma vez eu mesmo, há cerca de um dia atrás. Eu estava sentado no sofá, e à minha frente estava um computador portátil que por acaso me pertence, passando imagens e sons relativos a um jogo de futebol entre o clube do meu coração e o clube da minha terra (Benfica e Rio Ave, caso estejam com dúvidas).

A certa altura um dos comentadores referia a temperatura ambiente em Lisboa, 11ºC. Não satisfeito, acrescentou um "muito frio hoje em Lisboa", ao qual se seguiu uma gargalhada da minha parte, seguida ainda por comentários meus que incluíram palavras que não pretendo reproduzir aqui.

Depois de alguns minutos lá comecei a pensar, e realmente o comentador tinha razão. Eu é que estava dentro de casa com o aquecimento ligado, razão pela qual andara grande parte do dia em t-shirt.

Em todo o caso, decidi partilhar algumas fotos tiradas hoje mesmo aqui em Nijmegen.
















Possivelmente não terei outra oportunidade como esta. Daqui a uns dias a neve ficará mais compacta, com os passeios extremamente escorregadios, e tudo passará a ser uma grande chatice. Hoje ainda está na fase em que tudo é bonito e maravilhoso. É claro que a neve voltará a cair, mas dificilmente apanharei um Domingo, em que posso sair durante o dia para tirar fotos, com neve fresquinha como hoje.


Doei!

Gogol Bordello

Caríssimos e caríssimas,

Finalmente cá estou eu para escrever um pouco acerca do último concerto deste ano, penso eu.

Já conhecia Gogol Bordello há alguns anos, e agora passaram não muito longe daqui, por isso decidi dar um salto a Tilburg, a uma sala de espectáculos chamada 013, no passado dia 12 de Dezembro.


São uma banda Americana com alguns elementos originários da Ucrânia e da Rússia, de onde vêm as grandes influências para este estilo musical que é qualquer coisa como punk cigano.

É isso mesmo, misturam com grande mestria punk e música cigana. Isto, juntamente com generosas doses de humor, resulta em música perfeita para fazer a festa.

Devem estar a pensar que este tipo de música não é muito a minha cara. E não é. Mas é música que resulta muito bem, e julgo que é difícil ficar-lhes indiferente, principalmente ao vivo.

E é ao vivo que são realmente grandes. Fazem a festa, atiram os foguetes, vão buscar as canas, e o público é arrastado pela onda de boa disposição.

Bem, acho que já chega. Desfrutem de um pouco da sua música, e quando se sentirem em baixo, já sabem o que ouvir. :)


Gogol Bordello - Start Wearing Purple



Gogol Bordelo - Not A Crime



Gogol Bordello - Wonderlust King



Gogol Bordello - American Wedding




Doei!

Focus

Meus caros e minhas caras,

Contrariamente ao que estarão a pensar, não vou escrever acerca das saudades que tenho do meu carro.

Vou, antes, e para não variar, actualizar o blog com mais um concerto (já faltam poucos, não se preocupem).

Decorreu no dia 3 de Dezembro no Doornroosje, e Focus é efectivamente o nome da banda.


É uma banda Holandesa já com uma certa idade, original da década de ouro do rock progressivo. Penso que nunca chegaram a ser muito conhecidos, alcançando alguns êxitos, mas não o suficiente para atingir a popularidade de outras bandas do género, como Genesis ou Yes.

Não posso dizer que os conheça bem, e as expectativas não poderiam estar muito altas, já que apenas um dos seus membros originais se mantém. Mas mesmo assim mantive a curiosidade. E não é todos os dias que se pode ir a um concerto de uma das grandes bandas dos anos 1970, por muito diferentes que elas estejam. Só tinha feito isso uma vez anteriormente, em Roma, quando os Genesis tocaram no Circo Massimo.

Pois bem, foi um bom concerto. Bom e longo. Durou mais de 2h, com um pequeno intervalo pelo meio, o que foi já uma boa dose de rock progressivo.

Fiquei algo surpreendido pela heterogeneidade do público. Estava lá gente de todas as idades, inclusive famílias inteiras. Antes do concerto julgava que ia ser eu o mais novo espectador na plateia, mas não foi bem assim.


Fiquem então com alguns vídeos. Para que conste, o membro fundador da banda que se mantém é efectivamente o que ocupa metade da foto acima (o jovem à direita na foto também fazia parte da banda nos anos 1970, mas não é um dos fundadores da mesma). Para que possam comparar, é ele que toca órgão, flauta e faz as vozes nestes vídeos.


Focus - Eruption (pequena parte) / Hocus Pocus



Focus - Sylvia




Doei!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Visitas do costume

Ora cá estou eu outra vez, caríssimos leitores.

Durante alguns dias no passado mês de Outubro, recebi as visitas do costume: os meus pais e o meu irmão.

Como poderão verificar através do arquivo aqui do blog, as visitas da família sempre calharam durante o mês de Outubro, onde quer que eu estivesse a viver.

Eu não tenho problemas com isso, mas por vezes torna-se menos agradável para os visitantes. Se, por um lado, visitar Roma em Outubro é até mais agradável do que levar com o tórrido calor do pico do Verão, já visitar a Irlanda ou a Holanda não é bem a mesma coisa.

A chuva anda sempre por cá, independentemente da estação do ano, portanto a diferença está mesmo nas temperaturas. Temperaturas essas que, não contando com os meses de Verão, variam entre o fresquinho, o frio e o frio como o caraças (nos últimos dias tenho levado com uns agradáveis flocos de neve nos olhos enquanto pedalo para o trabalho, com umas agradáveis temperaturas negativas).

Bem, tudo isto para vos avisar que, se me quiserem visitar, apareçam no Verão, e tragam o guarda-chuva ou o impermeável. Se fizerem mesmo questão de ver tulipas (eu nunca as fui ver), então apareçam em Abril ou Maio.


Nos poucos dias dedicados a esta visita, deu para um pouco de tudo. Dias de sol e céu azul e dias de chuva.

Optámos por começar com um dia em Amesterdão. Já conhecia minimamente, mas há sempre muita coisa que escapa, por isso lá fizemos uma razoavelmente longa caminhada por alguns pontos interessantes da cidade, sob uma agradável chuva. E assim se foi passando por vários monumentos e edifícios interessantes, e atravessando canais, alguns dos quais rodeados de montras com manequins que curiosamente se mexiam na tentativa de convencer os transeuntes a investir em serviços com os quais não estou familiarizado.

Depois de uma passagem pelo mercado flutuante de flores, terminámos o dia com uma visita ao museu Van Gogh. Não conhecia muito o seu trabalho, mas gostei bastante do que vi, e fiquei a saber que ele, tal como eu, gostava da cor amarela, o que é sempre relevante.








No Sábado, dia de mercado em Nijmegen, ficámos então por cá, e fui mostrar um pouco da cidade. Foi um dia que deu para aprender o que é um pomelo, entrar na catedral pela primeira vez, comprar stroopwafels e queijo, e ainda provar a cerveja local.






No dia seguinte, frio mas solarengo, demos um salto a Roterdão. Nunca lá tinha ido, mas sabia mais ou menos com o que contar.

Uma cidade arrasada na Segunda Guerra Mundial e que, ao longo dos anos seguintes, foi sendo reconstruída de uma forma bastante liberal. Por esse motivo, em termos de arquitectura, não parece Holandesa. Não sou especialista no assunto, mas o que se vê são muitos arranha-céus, diversos edifícios que, embora com uma certa idade, ainda hoje parecem futuristas, e outros que poderia considerar impressionantes, estranhos, ou mesmo bizarros.

Não é, provavelmente, o sítio mais indicado para estar em contacto com a Holanda, a sua cultura e as suas tradições. Mas tal não significa que seja mau. No geral até gostei da cidade. Cosmopolita, movimentada, internacional. É muito à frente. Se calhar demasiado à frente, por vezes. :)













Depois de duas longas viagens de comboio no dia anterior, na Segunda-feira fomos, de carro, mais uma vez para Oeste. Desta vez para a Zelândia, com o objectivo de vislumbrar um pouco daquela zona onde os principais rios do país desaguam no mar do Norte, que se mantém do lado de fora dos impressionantes diques, parte do mega Projecto Delta.

Esta região está bastante exposta ao mar e depende dos diques para evitar inundações. Em 1953 uma brecha num dique, que depois se propagou para outros, causou uma catástrofe. Foi para evitar que isso se repetisse que o Projecto Delta foi iniciado na década de 1950, prolongando-se por mais de 30 anos.

Para primeira paragem na região escolhemos a sua capital, Middelburg, para um almoço e um passeio pela cidade. Não se pode dizer que tenha muito para ver. O imponente edifício da câmara municipal e a abadia são os pontos de referência. É uma cidade pequena, que talvez por essa razão me fez lembrar Waterford.

A ideia seria, depois do almoço, tentar ver os diques com algum detalhe. Passámos por alguns deles, mas o detalhe terá que ficar para outra altura. A chuva veio com alguma intensidade e limitámo-nos a ver tudo a partir do carro. Foi suficiente para nos apercebermos da enormidade daquele projecto, com uma quantidade impressionante de grandes diques com que se controla o nível das águas. Foi obviamente uma visita muito curta, e por certo que no Verão seria bem mais produtiva.







No último dia da visita, ficámos novamente em Nijmegen, para passear um pouco mais pela cidade, principalmente pela beira rio.





E assim foi. Não houve tempo para ver muita coisa, mas não deixou de ser agradável, mesmo com o frio e a chuva a incomodar um pouco.


Doei!

P.S.: Devo indicar que o copyright de quase todas as fotos desta vez vão para o meu irmão. :)

Oceansize

Meus caros leitores,

Um bom/boa [inserir parte do dia correspondente] para todos vós, e o desejo de que a onda de consumismo desenfreado da quadra festiva que se avizinha esteja a ir de acordo com as vossas expectativas.

Mas adiante, e continuando na senda de posts com uns meses de atraso, venho falar-vos de mais um concerto.

Poucos dias depois do anterior concerto, desloquei-me ao inevitável Doornroosje para ver Oceansize.


E quem são eles? Uma banda Britânica com uma grande variedade de influências, com grande destaque para o post-rock e o rock progressivo.

Mas as semelhanças com outras bandas vão sendo cada vez menos notórias. À medida que vão evoluindo, e isso nota-se de álbum para álbum, o seu som torna-se mais "seu", e não posso dizer que conheça, neste momento, alguma banda com um som semelhante.

Enfim, mais um óptimo concerto nesta bela localidade. Esta banda passou por Roma quando eu vivia nos seus arredores, mas acabei por não os ver, portanto agora não quis deixar passar esta oportunidade.

Bem, como estou a ver se arrumo a casa (aka blog), publicando mais uns posts em atraso, vou apenas deixar-vos com os vídeos do costume, para ouvirem com os vossos próprios ouvidos algo que vale a pena ouvir.


Oceansize - Catalyst



Oceansize - Music For A Nurse



Oceansize - Unfamiliar



Oceansize - Superimposer





Doei!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Red Sparowes

Estimadíssimos leitores,

Há já algum tempo (como tem sido hábito, já que tenho demorado várias eternidades para escrever cada post), a 8 de outubro, desloquei-me desta vez a Den Bosch (abreviatura de 's-Hertogenbosch) para um concerto.

O espectáculo teve lugar num bar chamado W2, e em cartaz estavam os Red Sparowes. É isso mesmo, adivinharam, mais uma banda de post-rock.


Conheci esta banda há uns anos atrás, depois de descobrir que alguns dos seus elementos pertencem aos Isis (que tive a oportunidade de ver em Roma).

O som deles não está muito distante do de Isis. As diferenças estão no facto de ser instrumental e não tão pesado, no caso dos Red Sparowes. As suas músicas têm geralmente uma longa duração e um longo nome também. Tão longo que em pelo menos um dos álbuns os títulos das músicas formam, em conjunto, uma história.

Enfim, não vale a pena dizer muito mais, para além de que gostei bastante do concerto e também do bar, um sítio pequeno mas bastante interessante para este tipo de eventos.

Deixo-vos entao uns vídeos para matarem saudades da boa música a que vos tenho habituado. :)


Red Sparowes - Alone And Unaware, The Landscape Was Transformed In Front Of Our Eyes



Red Sparowes - The Great Leap Forward Poured Down Upon Us One Day Like a Mighty Storm, Suddenly and Furiously Blinding Our Senses



Red Sparowes - A Swarm




Doei!

Gelsenkirchen

Caríssimos,

O título do post certamente já passou pelas bocas de bastantes Portugueses amantes de futebol nos últimos anos, já que foi nessa cidade que o fóculporto se sagrou campeão da Europa há uns anos atrás.

Mas não é isso que me traz aqui.

Há já mais de dois meses, a 29 de Setembro (eu sei que já passou muito tempo, mas os posts não se escrevem sozinhos), desloquei-me a esse mesmo local com um outro benfiquista habitante de Nijmegen, para ver o nosso Benfica defrontar a equipa local, o Schalke 04.

Não posso dizer que tenha gostado do jogo. Duas equipas a passar um mau momento e a tentar voltar à qualidade que apresentavam na época passada, sem o conseguir. A coisa acabou por correr melhor para o Schalke, e para o Holandês que marcou um dos golos.

Mas é sempre uma boa experiência ver uma partida da Liga dos Campeões ao vivo. E, sendo na Alemanha, muitos foram os Portugueses que se fizeram à estrada para lá estar. Sendo a cerca de 120km de Nijmegen, também não era muito complicado lá ir a partir daqui.

Ainda assim, julgo que não voltarei a pôr os pés naquele estádio. Para além de ter visto a minha equipa perder ainda fui obrigado a comprar um cartão carregado com algum dinheiro para poder comer e beber qualquer coisa. Tudo muito bem, tirando o facto de só aceitarem notas para carregar o cartão, o que, conjugado com o facto da soma dos gastos em comida e bebida nunca serem múltiplos de €5, tornar inevitável que me ficassem com algum dinheiro no fim.


Enfim, muito se passou entretanto, em termos futebolísticos. Goleadas a favor e contra o Benfica. Goleadas a favor e contra o Real Madrid. Goleadas contra o Feyenoord. E até a selecção Portuguesa já goleia os campeões do mundo.

A tendência agora é que o contingente Português na Liga Europa aumente. E só espero é que as coisas melhorem a partir daí. Caso contrário, há sempre a possibilidade de me dedicar à patinagem no gelo, visto que a neve já chegou.


Doei!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pieniny

Caros leitores,

Como o prometido é de vidro (mesmo que com algum atraso) vou escrever um pouco acerca da penúltima semana do mês de Setembro.

As montanhas Pieniny, no sul da Polónia, não muito longe das Tatra (que, com bom tempo, estão sempre visíveis no horizonte), foram o destino escolhido para umas férias perto da Natureza.


A viagem começou, como tantas outras, com um voo a partir do aeroporto de Weeze. A única chatice dos voos para Cracóvia (pelo menos ultimamente), é que partem por volta das 7h da manhã, o que implica, não tendo carro, que tenha de apanhar o shuttle-furgão pouco depois das 3h. Logo, nestas circunstâncias opto por não dormir.

Uma curiosidade que já aconteceu várias vezes em voos de e para Cracóvia, e desta vez aconteceu nas duas viagens, é que o/a assistente de bordo que verificava o bilhete na traseira do avião (por onde costumo entrar) era Português (ou Portuguesa, na viagem de volta). Isto dá origem a comentários interessantes, como "Tens a certeza que estás no voo certo?" e outros do género.


Passado um dia que me permitiu, entre outras coisas, descansar da viagem, demos por nós em Kluszkowce, a base escolhida para exploração da zona.

Kluszkowce é uma pequena e pacata aldeia nas redondezas de um reservatório de água (lago Czorsztyn, nome adoptado de uma outra aldeia situada numa das suas margens) originado depois da construção da barragem no rio Dunajec (o principal afluente do Vístula, que atravessa Cracóvia e Varsóvia). Para além de uma igreja, que acabou por servir de ponto de referência enquanto não conhecíamos o sítio, pouco mais há a destacar.

Instalámo-nos numa espécie de residencial, e tivemos direito a tratamento personalizado, já que éramos os únicos hóspedes (a época alta já tinha passado).

Quando lá chegámos já era tarde, pelo que não foi possível fazer mais do que passear um pouco por uma espécie de museu ao ar livre, perto da margem do lago, com diversas casas de madeira antigas (levadas para lá, de diversos locais que entretanto ficariam submersos com a inauguração da barragem) e comer pato com maçã e truta num restaurante local.








O dia seguinte (assim como os restantes) foi começado da melhor maneira. Um pequeno-almoço à grande, com vários tipos de pão, queijo, fiambre, chouriças ou salsichas, ovos, entre outros alimentos absolutamente essenciais para iniciar bem o dia. Não só era uma grande quantidade de comida, como dava a sensação de que era tudo feito no local.

Para digerir esse pequeno-almoço para o qual a palavra "pequeno" faz pouco sentido, andámos às voltas pelos campos a tentar encontrar uma alternativa à estrada normal, o que se revelou deveras cansativo. Umas horas mais tarde, uma espécie de gôndola (era o que lhe chamavam, embora tivesse motor) transportava-nos pelo lago entre Czorsztyn e a margem oposta, pertencente à localidade de Niedzica. Ambas as localidades possuem os seus castelos, que são dos pontos mais interessantes da região.

Começámos então por visitar o castelo de Niedzica, outrora um posto fronteiriço com a Hungria, que ao longo dos séculos foi alvo de várias remodelações por parte dos seus proprietários Húngaros. O castelo domina a margem do lago, e situa-se na proximidade da barragem.
Uma curiosidade acerca da barragem é que, tendo sofrido muita constestação enquanto era construída, foi de importância capital no dia da sua inauguração, em 1997, ao ter salvo todo o vale de uma enchente que seria catastrófica.

Após a visita ao castelo houve ainda tempo para uns queijinhos da montanha, umas waffles acompanhadas de uma cerveja, e para perder a última "gôndola" de volta.

Sim, porque todas as indicações que se encontram acerca destes transportes são válidas apenas para a época alta. Os horários para a época baixa existem apenas sob a forma de indicações verbais por parte dos condutores dos veículos. De qualquer forma tivemos sorte ao arranjar boleia de um outro casal de turistas que tivera a boa ideia de se fazer acompanhar por um automóvel.

Acabámos por jantar, dessa vez, em Czorsztyn, a uma distância caminhável (embora seja uma caminhada não muito curta) de Kluszkowce.












O dia seguinte foi reservado para uma actividade bastante popular na região. Rafting no desfiladeiro do rio Dunajec. Se bem que este rafting é algo acessível para toda a gente, e não propriamente o que pensei de início, pelo nome. Consiste simplesmente em percorrer uma boa parte (e geralmente pouco profunda) do rio, durante cerca de 2 horas e meia, numa espécie de jangada de madeira, conduzida por pessoas locais qualificadas para o efeito.

É um passeio bastante calmo e agradável, e permite ver a bela paisagem da região sob uma perspectiva diferente. Começa em Sromowce Kąty e termina em Szczawnica, a cidade mais importante da região, facto que se constata facilmente ao chegar lá, dado o grande número de turistas e infra-estruturas orientadas para o turismo que se encontra.

Independentemente de ser ou não turística, o que é certo é que também se encontram algumas coisas interessantes por lá. Nomeadamente alguns restaurantes com a tipicamente saborosa comida Polaca. Acabámos por encontrar um restaurante deveras interessante. Penso que se chamava qualquer coisa como "O Castelo do Gato" ou algo parecido. Entra-se no restaurante através de umas escadas que descem para a cave, com luz fraca, decoração medieval, a fazer lembrar umas masmorras. Ao subir um piso, faz lembrar algo mais normal, com um bar e mesas de madeira escura. Continuando a subir, chegamos à selva. Flores e plantas por todo o lado e alguns animais, como cágados ou papagaios, dão cor a um piso onde a temperatura sobe à medida que o sol vai batendo no tecto de vidro. No mínimo interessante. :)











Mais um dia, mais uma aventura. Decidimos caminhar pelas montanhas até ao seu ponto mais alto, no massivo das Três Coroas (Trzy Korony). E nada melhor para começar a caminhada do que comer uns queijinhos, feitos e comprados numa cabana que se encontra no parque natural, no início do percurso marcado para os caminhantes.

Ainda na mesma cabana, por pouco não perdi uma mão, ao ter começado a provocar o pitbull de 2 metros que lá se encontrava... Ok, não era um pitbull... Nem sequer era mais que um pequeno cachorro. Mas tinha os dentes afiados.

E por ali fomos, ora através de verdes campos, ora floresta adentro, subindo a pouco e pouco até aos 982 metros de altura. Pelo caminho, cogumelos, árvores, flores, vacas, entre outros animais selvagens, e principalmente paisagens deslumbrantes, abrilhantadas pelo sol que, tirando a típica neblina matinal, não nos deixou durante toda a semana.

Eu, apesar de ter alguma altura e apreciar bastante as paisagens que as montanhas proporcionam, não posso dizer que me sinta totalmente confortável quando quase 1 quilómetro acima do nível do mar. Não pelos números, porque já estive bem acima disso, aquando da subida ao Etna. Mas digamos que estou melhor quando estou a olhar para a montanha, vista de baixo, do que no topo de um precipício com centenas de metros de altura. Fora isso, tudo bem. Para benefício dos meus leitores sou capaz de todos os sacrifícios, e uma vez tiradas as fotos necessárias, iniciámos a aguardada descida.

Tomando um caminho diferente, a experiência foi ligeiramente semelhante à da subida, com a importante diferença de que cansa menos descer. Durante a descida houve ainda a oportunidade de dar uma vista de olhos às ruínas de um castelo, bem lá em cima, usado como refúgio por santa Kinga, em 1297, durante uma das invasões dos Tártaros.

Uma vez terminada a longa descida, na localidade de Sromowce Niżne, atravessámos o rio para ir jantar à Eslováquia, na povoação de Červený Kláštor. Como bom Português, quando na dúvida, peço um bitoque. Como não sabia bem o que queria, foi mesmo uma versão Eslovaca do bitoque acompanhada de uma cerveja local. E que cerveja, meus amigos! Depois de alguns dias habituado a cerveja Polaca, que não é nada má, aquela cerveja Eslovaca soube-me pela vida. Valeu a pena lá ir só por causa disso. :)

E, mais uma vez, a falta de transportes na época baixa fez-se sentir. Eventualmente um táxi foi a solução encontrada. Depois de horas a caminhar, era irrelevante o meio de transporte para chegar à base, o que interessava era mesmo chegar lá para descansar.















O último dia completo nas Pieniny foi passado de forma mais relaxada, à volta do lago. Obviamente nunca sem caminhar. Fomos a Czorsztyn mais uma vez, desta feita para ver o castelo que, parcialmente em ruínas, domina a margem oposta a Niedzica, e mais uma vez efectuar a travessia do lago numa "gôndola", não sem antes saber o horário da última viagem de volta, para relaxar um pouco numa das esplanadas próximas da barragem.
















No dia seguinte fomos novamente até Szczawnica, desta vez para apanhar o autocarro de volta a Cracóvia. Com algum tempo nas mãos, fomos até ao local onde se situa uma das muitas nascentes existentes naquelas montanhas, para beber um pouco de água fresca e ainda comprar um pouco de mel da região, que me tem sido bastante útil nos últimos tempos.


E assim foi. De volta a Nijmegen, e com um atraso considerável no que toca a posts por escrever, espero que ao menos tenham ficado minimamente agradados com este extenso relatório e correspondentes fotos dessa bela semana nas montanhas Polacas.


Do widzenia!