terça-feira, 18 de agosto de 2015

Vagueando pelo meu país

Caríssimos,

Consigo sentir a ansiedade que paira desse lado do ecrã. Mas nada temam. Estou de volta para vos contar as mais recentes novidades... de há quase um ano atrás, claro está. Sem mais demoras, portanto, pois sinto também alguma impaciência.


Uma das minhas queixas recorrentes, e que obviamente resulta de decisões minhas, refere-se ao número de viagens que faço. Por um lado viajo bastante, mas por outro, devido à minha localização geográfica relativa às daqueles que me são mais próximos (não geograficamente), viajo sempre para os mesmos sítios.

Embora pretenda dar saltos maiores por aí, há muito que gostaria de ver melhor o que sempre esteve por perto.

Com esse objectivo em mente, decidi aproveitar um casamento na família, no final de Setembro de 2014, para dar uma volta por uma parte do meu país. Há muito que quero não só ver como dar a mostrar à minha cara metade algumas das maravilhas de Portugal.

O itinerário escolhido partiria da capital, dado que o casamento seria nos arredores. Mas um dos momentos de que não abdico quando vou à minha terra consiste em passar pela praia e sentir aquele aroma marítimo. Basta estar lá uns minutos e já me sinto melhor.



Depois do casório, uma curta passagem por Lisboa para admirar o maior monumento nacional. Devo dizer que nunca gostei daquela espécie de redoma à volta da estátua do Rei, mas era paragem obrigatória. Depois fomos rapidamente dar uma vista de olhos à zona de Belém, porque pelos vistos também há uns monumentos engraçados por lá.








De qualquer forma Lisboa terá que ficar para uma próxima. Não fazia parte da nossa rota, portanto seguimos para o que seria o ponto de partida da viagem, um pouco a Norte. 

Mafra. Como estava ali à mão, aproveitámos para visitar o palácio-convento, que impera no centro da vila. Um palácio onde rei e rainha se refugiavam da vida cansativa na capital, e onde estavam mais à vontade. Tão à vontade que cada um ficava no seu torreão, com uns 200m de distância entre eles.

É engraçado, mas vou deixar que as fotos se descrevam a si mesmas, senão corro o risco de nunca mais acabar este texto.


























Próxima paragem: Neolítico. Já bem no interior, e tendo Évora como destino ao fim do dia, fomos vaguear à volta de e por entre monumentos megalíticos, nomeadamente o Menir e o Cromeleque dos Almendres.

Há algo de mágico numa caminhada de final de tarde, já com pouca gente por ali, rodeados de monumentos milenares.















Para terminar o dia em beleza, gastronomia Alentejana em Évora. O restaurante em questão foi o melhor cartão de visita da cidade que poderíamos ter encontrado. Menu não havia. As deliciosas iguarias eram trazidas aos poucos e em quantidades generosas. A única decisão que tivemos que tomar foi a da temperatura da água que veio para a mesa. Quanto ao resto, não mudaria nada de qualquer forma.

No dia seguinte o objectivo era conhecer um pouco melhor a cidade. Já lá tinha estado, mas os anos que entretanto passaram foram apagando a maior parte das memórias.

Uma cidade com muita história, com Celtas, Romanos, Visigodos e Mouros (e possivelmente outros), até à chamada Reconquista.

Há muito para ver, mas o que mais me ficou impresso na mente foi a Capela dos Ossos. É um daqueles locais com um certo impacto. Desde a inscrição na entrada (de que gosto particularmente), - "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos" - até ao seu sinistro interior, há um peso que se abate sobre quem lá põe os pés. Pelo menos comigo foi assim. Uma sensação nada desagradável, mas poderosa.
































Já de olho no Norte, uma curta paragem para ver Évora no horizonte, do cimo do castelo de Evoramonte.













A ideia era mais ao fim do dia começar um roteiro que nos faria passar por algumas das aldeias históricas de Portugal.

A primeira foi Idanha-a-Velha. Vaguear por aquelas ruas é como andar pelo passado. Uma aldeia claramente envelhecida, mas com um charme que poucas conseguem ter.

E não deixámos de ter direito ao momento cliché do dia. Ao chegarmos aos arredores da aldeia de carro (onde estacionámos), estávamos a ser "seguidos" por uma viatura policial. Depois de umas voltas pela aldeia fomos ao café local para tomar qualquer coisa. Os agentes da autoridade estavam no seu momento de pausa, desfrutando de um jogo da Liga dos Campeões e da correspondente mini. De qualquer forma não consta que houvesse qualquer problema a necessitar de intervenção policial nas redondezas.












Só mesmo ao final do dia é que chegámos a Monsanto. Já há algum tempo que tinha interesse em dar uma vista de olhos a esta fotogénica aldeia.

Foi pena termos tido tão pouco tempo com luz, mas por outro lado não me posso queixar, pois assistir ao belo anoitecer não foi nada mau.




















No dia seguinte continuámos a nossa jornada por mais algumas aldeias, ou neste caso vilas, históricas. Desta feita, uma que visitara já há uns valentes anos, Belmonte.


Chegámos lá propositadamente à hora de almoço, para ver o castelo e almoçar, claro está. Acontece que na aldeia onde nasceu Pedro Álvares Cabral o castelo também fecha para almoço, pelo que apenas pudemos tirar umas fotos nos poucos minutos que nos foi permitido ali permanecer.

Não pude também deixar de fotografar o momento em que a funcionária responsável fechava o castelo. Não é todos os dias que se vê alguém a fechar um castelo para ir almoçar.













O destino final desse dia era a vila de Almeida. Com as suas espectaculares fortificações a toda a volta, encontrámos bastantes motivos de interesse para o resto do dia.


Para não fugir à regra até aí, fomos mais uma vez muito bem recebidos e presenteados com boa comida e bebida, a uns passos da fronteira.
















Como estávamos numa espécie de viagem pelas várias fases da história de Portugal, não podíamos perder a oportunidade de ir ao passado mais distante. 
Decidimos então colocar no nosso mapa Vila Nova de Foz Côa, mais concretamente algumas das gravuras rupestres que têm vindo a ser descobertas naquela zona.

Demos primeiro um salto ao museu do Côa e depois tivemos uma visita guiada ao núcleo de arte rupestre da Penascosa.

Há pedaços de história interessantes para ouvir, gravuras para tentar vislumbrar e compreender e, para quem ache que isto não chega, o percurso até ao vale, de todo-o-terreno, percorrendo as encostas de onde se tem uma vista privilegiada para a deslumbrante paisagem da região.

Também merece destaque a loja localizada no início da visita, em Castelo Melhor, onde se pode encontrar todo o tipo de produtos locais, de grande qualidade. Praticamente todas as semanas (para ver se dura um pouco mais) degusto um pouco do mel que trouxe de lá, e só me arrependo de não ter trazido mais.






















Regressados ao nosso poiso em terras Vilacondenses, foi tempo de dar uma ajuda na vindima.





E para finalizar não podia faltar mais um pouco de história. Depois de tantos anos a viver naquela zona, alguns dos quais frequentando aquela praia, só agora começo a ganhar interesse neste tema.


Tinha que dar um salto ao castro de São Paio. Só muito recentemente me apercebi da existência de ruínas de diversas antigas povoações (castros, neste caso) por toda a região, que são anteriores à presença Romana.

Contrariamente ao que sempre pensei, principalmente devido à nossa auto-denominação de Lusos, Lusitanos, e derivados, nesta zona andavam outros povos que não os ditos Lusitanos. Possivelmente não seriam um povo no seu todo (antes um conjunto de tribos dispersas), mas devo estar mais próximo da realidade se me referir àquela gente como os Galaicos, mais próximos dos povos que andaram pela actual Galiza que dos Lusitanos, a Sul do Douro.

Há algo de místico neste tema que me atrai cada vez mais, mas a verdade é que pouco se sabe sobre estes povos. As poucas ruínas que restam, o facto de pouco terem deixado escrito e, não menos importante, o poder que os Romanos exerceram na região mais tarde (limpando certamente muitos dos vestígios dessa cultura mais antiga) dificultam a obtenção de informações.











Um passeio cheio de história, belas paisagens, hospitalidade e óptima gastronomia. Há sempre roteiros por fazer e locais por visitar, mas tem que ser aos poucos.




Até à próxima!

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