domingo, 1 de agosto de 2010

Woven Hand

Caros leitores,

Já que estou com as mãos na massa (ou mais propriamente no teclado), cá vai mais um post.

Logo após o mundial de futebol, havia já um concerto ao qual tinha ida marcada, mais uma vez no Doornroosje (ou se calhar deveria dizer "na Doornroosje", já que quer dizer Bela Adormecida).

Foi no dia 14 de Julho, e foi precedido de um verdadeiro temporal. Vários alertas tinham sido lançados nesse dia para essa tempestade ao final da tarde, e foi realmente bonito de se ver, com ramos de árvores a passear alegremente pela rua e alguns ciclistas atrasados a tentar manter o equilíbrio quando o vento passava a uma velocidade que, mesmo em auto-estrada, seria ilegal. Mas entretanto o temporal seguiu caminho em direcção à Alemanha e ficou só a chuva, o que me permitiu manter os planos.

Era um concerto que fazia questão de ir ver, já que a banda me diz bastante. Vindos do outro lado do Atlântico, já os acompanho há uns bons anos e não queria perder a oportunidade. Woven Hand é o seu nome.


Um som muito particular, com influências de folk Norte-Americano, rock, post-rock, folk rock, entre outros (inúmeros) géneros, experimental, muito intenso e por vezes negro até. Bem, eu tenho normalmente dificuldade em descrever este tipo de coisas, por isso o que interessa é que gosto bastante. E nada como ouvir.

Devido ao temporal que afectou a cidade, tive o privilégio de assistir a um concerto único. A banda de suporte tocou sem electricidade, devido a problemas que afectaram o local depois da tempestade. E, visto que os problemas permaneciam, o concerto principal começou na mesma, ainda sem electricidade.

Foi então possível ouvir as primeiras músicas em formato unplugged e, logo que o problema foi resolvido, voltaram ao formato habitual. Gostei bastante deste concerto muito particular. O que me surpreendeu mais na primeira parte foi mesmo a pujança na voz de David Eugene Edwards, que mesmo sem microfone ecoava a toda a força pela sala.

Acho que não poderia esperar melhor. Naquele bar tenho assistido a alguns dos melhores momentos musicais que já vivi. Espero que continue com um cartaz apetecível. :)

Por agora, ouçam um pouco de Woven Hand. Como não é fácil arranjar vídeos de qualidade, alguns têm apenas som. O primeiro tem fraca qualidade mas, como é mesmo deste concerto, e em particular da primeira parte, unplugged, decidi colocar aqui na mesma.


Woven Hand - Sinking Hands / Whistling Girl (live @ Doornroosje)



Woven Hand - Sinking Hands



Woven Hand - Beautiful Axe



Woven Hand - Your Russia (Without Hands)




Doei!

South Africa 2010

Cordiais saudações, estimados leitores.

Peço que me perdoem a falta de vontade de escrever que me invadiu nas últimas três semanas, o que certamente teve um impacto negativo nas vidas de todos.

Sim, apenas nas últimas três semanas. Porque no mês que as antecedeu (entre 11 de Junho e 11 de Julho) decorria o campeonato do mundo de futebol, na África do Sul. E, meus amigos, tenho muita pena mas um campeonato do mundo de futebol é sagrado. Não fiz praticamente nada durante todo esse mês (no meu tempo livre, obviamente) a não ser ver futebol, e não fosse a existência de intervalos de umas horas - e mais tarde de uns dias - entre os jogos, e ainda hoje estaria a ressacar.


Pois é, o que acontece quando termina um evento deste calibre é que uma pessoa não sabe o que há-de fazer ao tempo que de repente fica disponível. Lentamente tentarei retomar ocupações que seriam consideradas normais há dois meses atrás, como ir a concertos, ver programas televisivos não relacionados com futebol, escrever no blog, eventualmente limpar o apartamento e ter a janela da sala sem uma bandeira de Portugal.


A bandeira porque, embora não estivesse particularmente entusiasmado com a selecção Portuguesa, tinha de fazer alguma coisa, já que estes Holandeses são do mais fanático que há para com a sua selecção de futebol. Visto que o meu senhorio decidiu cobrir toda a casa com fitas cor-de-laranja, não tive outro remédio senão arranjar uma bandeira Portuguesa, para tentar contrastar um pouco com o que se via por toda a rua.

O que outrora fora uma cidade limpa com gente correcta, organizada e discreta, rapidamente se enfeitou de cor-de-laranja, e toda a gente passou a ostentar orgulhosamente as suas roupas da mesma cor, bem como os brindes alusivos à selecção que os diversos super-mercados se apressaram a oferecer juntamente com as compras.


Nos dias em que a Holanda jogava, deparava-me com um cenário não muito diferente daquilo que se via na Irlanda (embora lá fosse em qualquer dia). Quando me punha a caminho de casa, no final do dia de trabalho, já os adeptos Holandeses estavam bem tocados pelo álcool, e toda o país parava para ver o jogo.

E no que toca às transmissões televisivas, tenho que admitir que não esperava que fosse assim. Todos os jogos do campeonato do mundo foram transmitidos na televisão pública (NOS), e apenas quando haviam jogos em simultâneo um deles era transmitido no terceiro canal, caso contrário era sempre no primeiro.

Para mim isso era espectacular, mas imagino que tenha sido um mês difícil de aguentar para quem não gosta de futebol. Bem, mas isso não interessa. O que interessa é que, juntando a loucura Holandesa pela sua selecção com a boa prestação desta no torneio, tive o privilégio de assistir a cenas com um nível de parvoíce bem lá em cima, como se pode ver nesta foto que tirei à televisão, durante a tarde, já com contagem decrescente para o jogo da final...


O que dizer? Bem, o cavalheiro que vêem na imagem é efectivamente o mesmo que aparece na foto que mostra a bandeira Portuguesa, e aparecia todos os dias a comentar o que quer que fosse relacionado com o mundial. No dia da final, decidiu que a mascote que uma cadeia de super-mercados oferecia na altura, e que as pessoas punham nas janelas, portas e outras zonas da casa, era um bom adereço para o cabelo. Não compreendo como é que esta ideia não foi adoptada à escala nacional.


Bem, quanto ao mundial propriamente dito, os Espanhóis jogam muito, mas quando se aproximam da grande área, depois de 384 passes curtos, parece que ninguém quer chutar excepto o Villa e por vezes o Xabi Alonso. Mas não precisaram de muitos golos para vencer. Sendo assim, o desfecho do torneio acabou por ser o esperado inicialmente.

A participação Portuguesa não me desiludiu, porque foi o mínimo que se exigia, e o mais previsível. Mas embora só tenhamos perdido com a Espanha, não ter marcado golos a ninguém excepto à Coreia do Norte (embora tenham sido muitos) não é grande motivo de orgulho. Aproveitaram-se as prestações de alguns jogadores, principalmente do Coentrão e do Eduardo. E lá fui apoiando os jogadores do Benfica que chegaram mais longe que Portugal.

A Holanda, um pouco como fez o Brasil, deixou de jogar aquele futebol apenas orientado para o ataque, e acabou por chegar à sua terceira final, perdendo-a novamente. Toda a gente por aqui estava efectivamente entusiasmada. Mas num jogo em que ambas as equipas desperdiçavam oportunidades claras, o golo de Iniesta gelou esse entusiasmo e, poucos minutos depois, todos regressavam, resignados, a casa. Mas obviamente que um segundo lugar não deixa de ser relevante.

De resto, uma prestação notável do Uruguai, com um Forlán sempre perigoso, uma Alemanha de quem não se esperava tanto e por isso surpreendeu, a palhaçada Francesa, e as estrelas que não brilharam (Ronaldo e Messi).


E pronto, o próximo é no Brasil. Parece que ainda falta uma eternidade até lá, mas se assim não fosse não teria tanta piada. :)



Doei!