Caríssimos,
Tendo em conta a actualidade, as palavras para continuar as minhas dissertações por ordem cronológica não estão a surgir, pelo que vou ter que mandar uns bitaites sobre um assunto que claramente não domino, e sobre o qual nunca me debrucei devidamente.
Falo, claro, dos atentados da noite passada em Paris.
O que me passa pela cabeça, e certamente por muitas outras, quando se sabe de um acontecimento destes, é a eterna questão: Porquê?
Não tenho resposta. Mas tenho a certeza que a complexidade da situação, das suas motivações e origens, me ocuparia o resto da vida, e possivelmente não chegaria à tão desejada resposta.
Da mesma forma, achar que isto é apenas uma questão religiosa seria muito redutor. A única religião sobre a qual posso falar com algum conhecimento de causa é uma das versões do Catolicismo, na qual fui educado. Pouco ou nada sei sobre o Islão. Há já bastante tempo que perdi a crença que outrora julgava ter, na existência de uma entidade suprema omnipresente, omnipotente, omnisciente, e tudo o mais. Sendo a crença de boa parte da minha família, naturalmente respeito-a, mas não consigo ver as coisas dessa forma.
Nestas alturas, não consigo deixar de pensar como a existência de tal divindade pode significar uma crueldade sem limites ou ser simplesmente absurda.
Imagino, por exemplo, um deus que se diverte a enviar bombistas para desestabilizar aquele pessoal que está claramente a divertir-se em demasia. Ou um grupo de deuses a jogar um jogo de tabuleiro, neste caso de formato esférico. Um sem fim de possibilidades.
Mas rapidamente observo que o problema aqui não é o deus A ou B, nem as religiões que os servem. Uma boa parte das grandes religiões têm sangue no seu historial. Mas também o têm outras organizações, grupos, nações ou indivíduos.
O problema aqui é a estupidez humana.
Essa estupidez tem um vasto leque de situações em que se manifesta. Eu próprio sofro de estupidez, mas felizmente com resultados menos extremos.
Como em tudo na vida, quando se exagera na estupidez as coisas podem correr mal. Temos seres humanos achando que o deus em que acreditam quer que massacrem outros seres humanos. Temos seres humanos sentindo-se superiores a outros seres humanos por diferirem na cor da pele. Temos seres humanos enriquecendo com esquemas que prejudicam outros seres humanos. Temos seres humanos usando todo o tipo de artimanhas para passar a perna a outros seres humanos. No fundo temos meio mundo a enganar o outro meio. E vice-versa.
Nestas alturas parece-me que a solução, que há-de chegar mais cedo ou mais tarde, é mesmo a extinção desta praga que se espalhou como um vírus neste mundo. Ou nos destruímos uns aos outros, ou deixamos que o planeta que estamos a danificar trate de nos destruír.
Achamos, na nossa infinita sabedoria, que somos superiores aos outros, e naturalmente as nossas ideias são melhores que as dos outros.
Achamos que somos muito importantes, e como tal podemos usufruir de todos os recursos do planeta em que habitamos, tornando-o inabitável para as gerações futuras.
Não nos apercebemos do quão insignificantes somos, aqui no chamado Cu de Judas, não sabendo nada do que existe lá fora. Melhor, nem sequer sabemos grande coisa sobre o que se passa cá dentro.
Era outra extinção em massa e isto voltaria a ter um futuro risonho.
Enfim, isto são os pensamentos pessimistas que tenho às vezes. No fundo até há boa gente por aí, e se há coisa que faz falta nestas alturas é um pouco de humor.
É tudo muito sério e triste, mas no grande esquema das coisas tudo isto (a vida na Terra, quero eu dizer) não passa de um curto e grosso peido cósmico. Cheira mal, mas não tarda nada já passou.
Como tal, não posso deixar de mandar umas bacoradas de vez em quando, mesmo em situações onde o pessimismo reina.
Para as bestas responsáveis por estes atentados, bem como as bestas do passado, presente e futuro: que vos cresça um pessegueiro no cu.
Enquanto isso não acontece, deixo-vos um dos meus momentos favoritos de todo o sempre, que se enquadra na situação.
Até uma próxima!
1 observação(ões) de carácter irónico ou mordaz:
Não podia de deixar de comentar a tua prosa uma vez que vivo estes eventos tristes de perto.
A questão da religião é como tu dizes uma parte da questão. Os terroristas em geral são extremistas e radicais. No caso do "Estado" islâmico, utilizam a fachada da religião mussulmana para recrutar e incentivar os jovens a aderir ao grupo radical. Esses jovens são formados para fazer a guerra e pensam estar a defender uma causa válida que é levada ao extremo. Ou seja a morte de todos que não estão de acordo com eles. O "Estado islâmico" tem como objectivo instaurar um khalifa pela força para dominar certas regiões e controlar os seus recursos. Enfim, e como tu dizes, é uma absurdidade!
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