segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sincelos de Natal

Caros leitores,

Escrevo-vos de terras lusas, depois de já ter aconchegado o estômago, nos últimos dias, com iguarias diversas, do bacalhau à francesinha.

Mas podia não ter sido bem assim. Nunca como este ano passei uma véspera de Natal tão longa e atribulada.

Depois de ter passado os dias anteriores na Polónia, e de ter chegado no dia 23, o dia 24 começou por volta das 6h da manhã, hora à qual precisava de acordar para ter tempo de ir para a estação apanhar o shuttle que me levaria para o aeroporto de Weeze, na Alemanha.

Já sabia da grande probabilidade de haver atrasos ou mesmo cancelamentos nos voos devido ao nevão que desde a noite anterior assolava aquela região. Mas como não havia forma de o saber a tempo lá fui eu arrastando as malas pela neve durante 10 minutos.

Devido ao estado do piso, o shuttle demorou mais do que o normal a fazer a viagem, e finalmente chegado ao aeroporto, o pior cenário confirmava-se. Praticamente todos os voos estavam cancelados, incluindo o meu, que deveria sair por volta das 10h.

E a partir daí tudo ia piorando. A neve não parava, o caos reinava nos balcões de atendimento, para onde toda a gente ia de modo a tentar mudar o seu voo para um outro dia.

Eu, por outro lado, tentava arranjar uma forma de me pôr dali para fora, o que se revelou complicado, já que os shuttles a partir de certa hora simplesmente deixaram de aparecer devido à intempérie. O facto daquele aeroporto ser literalmente no meio de nenhures também não ajudava.

Só perto do meio dia, depois de encontrar outras pessoas que procuravam chegar a Nijmegen, arranjei forma de sair dali. Um táxi, um comboio, e finalmente chegava de novo a casa, já por volta das 14h.

Embora já estivesse convencido de que teria de passar o Natal por aquelas bandas, fui à procura de voos para os dias seguintes.

Deparei-me com um voo da nossa TAP no dia 25 à noite, a partir de Amesterdão, e por curiosidade procurei o mesmo voo para o próprio dia, e lá estava ele. Custava cerca de um braço e uma perna, mas ainda dava tempo para lá chegar pois a hora de partida estava marcada para as 21h.

Depois de verificar que os voos estavam a sair normalmente do aeroporto de Amesterdão, era tempo de confirmar se teria comboios, comprar o bilhete, reajustar as malas e pôr-me a caminho. Não sem antes tirar uma foto.


Nunca a minha janela da cozinha tivera sincelos (estou mais habituado ao termo Inglês, icicles, mas pelos vistos é assim que se diz em Português) deste tamanho.

Voltando ao assunto, depois de mais 2h e dois comboios que me levariam a Schipol, o principal aeroporto Holandês, tudo seria mais tranquilo.

O avião deixou Amesterdão com algum atraso, mas nada mais que isso. A TAP encarregou-se de providenciar uma refeição especial de Natal: exactamente a mesma sande que sempre providencia. Mas isso já pouco importava. Só o facto de estar realmente a conseguir deslocar-me para a nossa pátria me deixava suficientemente satisfeito, sendo esse pensamento infinitamente mais aconchegante do que a alternativa de ter que ficar em Nijmegen a olhar para a neve que cobria as ruas.

E finalmente, por volta da 1h da manhã, estava eu a degustar a ceia (literalmente) de Natal, com o típico bacalhau que nunca sabe tão bem como nesta altura.

Ah, e não há neve!!! Maravilha!


Saudações, e desejos de boas festas para todos!

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