sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Épica idade

Caríssimos,


Escrevo-vos a custo, muito por culpa da minha recentemente atingida idade. Dez anos depois de ter declarado, de forma assumidamente optimista e humorística, que chegara ao quarto do meu tempo de vida, agora, de forma assumidamente menos optimista e menos humorística, declaro que provavelmente me situo mais ou menos a meio, se correr bem. Se me cuidar melhor do que tenho feito e o smog em Cracóvia se reduzir drasticamente nos próximos anos, talvez chegue até um pouco mais além. Por outro lado, como sabem, a minha pessimista visão sobre o futuro da humanidade leva-me a indagar se valerá a pena chegar lá.

Em todo o caso, que melhor forma de celebrar o aniversário do que ter bilhetes oferecidos pela cara-metade para ir ver metalada com miúdas giras a cantar?




A primeira banda, Myrath, não entra na categoria de banda com miúdas giras. E mesmo na parte da metalada deixa um bocado a desejar. São uma banda Tunisina que introduziu alguns sons mais Árabes em música algo pesada, mas acabam por puxar muito para o lado "catchy" das músicas, o que talvez lhes dê mais visibilidade e os torne mais acessíveis às massas, mas acabam por fugir um pouco do som que me interessaria mais. Não os posso condenar por isso.




A banda seguinte era para mim a potencialmente mais interessante. Vuur - que significa "fogo" em Neerlandês - é a aposta de Anneke van Giersbergen, que outrora foi vocalista da banda The Gathering, com a qual ganhou bastante popularidade pelo mundo fora. O som é bastante mais apelativo para mim do que aquele que a primeira banda apresentara. Um metal bastante técnico que contrasta com a postura de Anneke, que neste caso optou pelo seu lado mais angelical. E é precisamente aqui que eu não fico totalmente convencido. Gosto do som, mas a postura da vocalista é muito de "miúda gira a sorrir". Eu sei que ela é capaz de tão mais que isto, que só por isso fiquei um pouco desiludido. Continuarei a seguir a banda, de qualquer forma.





Por fim, Epica. Mais uma banda Holandesa, esta já com uma certa reputação. Há uns anos referira esta banda, juntamente com outras bandas do país, sem no entanto lhes dar grande destaque, tirando o facto da vocalista, Simone Simons, ser possivelmente a mais gira da lista. Na altura o que me deixava de pé um pouco atrás era a presença dos grunhidos por entre a voz ora angelical, ora operática, de Simone. Mas actualmente consigo apreciar muito mais os grunhidos quando eles fazem algo de positivo pela música. Embora os Epica também tenham, de facto, músicas bastante "catchy", a verdade é que têm um som bastante técnico, a piscar o olho à música clássica, têm coros, têm a voz da Simone, que vai a todo o lado, e têm a dicotomia bela / monstro, com o som pesado e a presença dos grunhidos quando estes fazem sentido. Têm tudo. E hoje tudo isto me soa melhor do que nunca. Talvez seja mais uma fase minha, mas embora esta fosse a banda que conhecesse melhor naquele dia, foi também a que me surpreendeu mais pela positiva.







E que venham pelo menos mais 35.



Cheers!

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