sábado, 26 de outubro de 2013

Bélgica

Caros leitores,


Com a intenção de retomar a escrita normal, vou tentando preencher o blog com aquilo que de relevante foi acontecendo nos últimos meses.


Voltando ao final do passado mês de Abril, quero escrever algumas palavras sobre uma viagem de alguns dias em que percorri, devidamente acompanhado, algumas cidades Belgas, de modo a aproveitar o dia da rainha (desta feita o último, já que entretanto ela abdicou do trono para que o seu filho se tornasse rei), feriado na Holanda.

Embora já resida por aqui há algum tempo, nunca me tinha dedicado a conhecer um pouco do país vizinho, exceptuando uma curta visita há pouco mais de um ano a Bruxelas.

Entretanto fiquei cada vez mais interessado em fazer uns quilómetros e atravessar a fronteira, interesse que se deve muito ao gosto que fui ganhando pelas cervejas desse país.

Com poucos dias para passear por lá, defini um percurso que nos levasse a Brugge, com duas paragens pelo meio.


A primeira noite foi passada ainda na Valónia (parte da Bélgica onde a língua falada é o Francês), em Dinant.

Uma cidade pequena e com história, por ter uma localização estratégica, num vale ao longo do rio Mosa, e pela protecção natural que este lhe dá. Não é necessário muito tempo para a visitar, pela sua dimensão. Rapidamente se caminha pela cidade de uma ponta à outra. Por estar entre o rio e uma elevação rochosa onde se situa uma cidadela, a cidade foi crescendo ao longo do rio, não tendo por isso um centro bem definido.

Pudemos ver a igreja de Notre Dame e depois subimos à cidadela, onde os guias tentavam activamente convencer os turistas a segui-los. Pagávamos para ir até lá acima (ora de teleférico ora subindo as 408 escadas que datam do século XVI), mas caso seguissemos o guia havia uma gorjeta implícita no final.

Para além da bela vista da cidadela, há histórias interessantes naquele forte. A cidade foi devastada diversas vezes ao longo da história, incluindo nas duas guerras mundiais.

Ao longo do forte pode ver-se, para além dos itens históricos locais, algumas reconstituições da vida no local no início do século XIX. Uma das atracções mais interessantes do local é uma reconstituição das trincheiras do rio Yser de 1914. A certa altura, podemos entrar numa simulação de um abrigo desmoronado, em que os nossos sentidos são desafiados. Com o chão e as paredes na diagonal, caminhar a direito torna-se mais complicado do que teria imaginado.

Como curiosidade, nesta cidade localiza-se a abadia Notre-Dame de Leffe, onde foi crescendo a tradição cervejeira. Depois de ter fechado e retomado a produção mais de uma vez, finalmente foi reaberta nos anos 50 do século passado. A cerveja Leffe, hoje bastante conhecida, começou lá. Hoje em dia é produzida em larga escala noutros locais, pertencendo à maior empresa cervejeira do mundo, a Belga-Brasileira AB InBev.

Um dos pontos de interesse gastronómico da cidade são as couques de Dinant, umas bolachas de que gostei bastante, feitas com mel e farinha de trigo. O senão, e é isto que faz com que não seja para todos, é que são extremamente duras. A única forma de as comer sem partir os dentes é tirando bocados minúsculos e mastigando com cuidado.

Foi uma passagem curta por esta cidade, mas voltaria a fazê-lo. Gostei bastante.
























A paragem seguinte foi já na região de Flandres (onde se fala o Neerlandês, ou Flamengo, o nome que dão à mesma língua quando falada na Bélgica), em Ghent.

Uma cidade universitária, bem maior que Dinant, e com um aspecto que me é familiar, tendo nítidas semelhanças com algumas cidades Holandesas, com vários canais ao longo da cidade.

O centro histórico da cidade é bastante aprazível, e não fosse o facto de ainda termos uns quilómetros para fazer nesse dia, teríamos muito para ver.

Não tenho muito a dizer acerca da cidade, talvez por ter visto muito mais do que em Dinant, e por isso ter memorizado menos detalhes.

Depois de termos ido a um restaurante onde a selecção de cervejas se encaixava nos diferentes pratos disponíveis, comecei a perceber que realmente a Bélgica é bem diferente da Holanda nesse aspecto. Os Belgas têm efectivamente comida que se pode chamar tradicional. E mesmo que não o seja, é geralmente de qualidade. Talvez seja influência Francesa, mas há ali uma tentativa de fazer boa comida, muita criatividade, e muitas vezes combinações muito boas entre o prato e uma cerveja em particular, que era o que eu procurava.

Antes de seguirmos viagem, dedicámos uma boa parte do dia a passear pelo centro, ao longo dos canais, e terminámos com uma visita ao castelo local.

Em geral uma cidade bonita e que merece uma visita mais longa.
















































A cidade final, e onde passaríamos mais tempo, seria Brugge (como se escreve em Neerlandês), a mais esperada.

Infelizmente o clima não quis ajudar, e durante parte da visita a chuva mostrou-se. Mas mesmo assim creio que a cidade fez jus à sua reputação.

É uma cidade belíssima, o que leva inevitavelmente a que as suas principais atracções estejam povoadas por turistas, se bem que o facto de não ser a época alta atenuou um pouco esse ponto.

Os belos edifícios que proliferam pelo centro histórico, os canais que juntamente com a arquitectura circundante proporcionam imagens que preencheriam com qualidade qualquer postal, os parques e lagos feitos propositadamente para terem um aspecto romântico, tudo isto acaba por contribuir para que a cidade nos deslumbre.

Isso e, mais uma vez, a comida. As boas cervejas são uma certeza, como já seria de esperar. Mas poder degustar comida preparada já a pensar nesse acompanhamento é algo que ainda não é comum noutros países.

Para finalizar o fim-de-semana prolongado, nada como visitar as instalações onde ainda é produzida uma das cervejas da marca mais popular da cidade, a Brugse Zot.

Depois foi só ir a uma das inúmeras lojas de cerveja e carregar a mala do carro com esse precioso conteúdo.

















































Fiquei bastante agradado com a viagem. Deveria ter sido mais longa, mas acho que seria sempre esse o sentimento independentemente da duração. Belas cidades e boa comida combinada com boa cerveja. Nestes aspectos a Bélgica é do melhor.



Doei!

1 observação(ões) de carácter irónico ou mordaz:

Ana Silva disse...

Belas fotos.