domingo, 24 de janeiro de 2016

Natal Polaco, Novo Ano Português

Boas festas a todos!


A mensagem é relativamente tardia, mas é para o caso de algum dos meus assíduos leitores se ter distraído e passado ao lado desta bonita época, desfazendo-se agora em lágrimas ao aperceber-se de que perdeu o Natal dos Hospitais.


Pela primeira vez passei o Natal longe do bacalhau. Desloquei-me à supostamente fria Polónia (mas que não esteve assim tão fria) para verificar se as tradições da época por lá fazem tanto sentido como as nossas.

Na noite de Natal iam-me apanhando de surpresa. Manda a tradição que cada pessoa pegue num pedaço de pão - neste caso duma massa parecida com a da hóstia - e se dirija a cada um dos restantes convivas, individualmente, para lhe expressar o que deseja para essa pessoa. Ora, como único estrangeiro presente, creio que ninguém esperava grande desejo da minha parte. Para quem não falava Inglês, um singelo "Wesołych Świąt" ("Feliz Natal" em Polaco) foi o suficiente para me safar.

De facto não tive direito a bacalhau, mas essa falha foi compensada pela presença de carpa frita. Ainda assim consegui aproximar o prato do nosso bacalhau ao ter a ousadia de pedir azeite (Português, por sinal) para ensopar as batatas cozidas.

Muda-se um pouco a comida, mas no fundo vai dar ao mesmo. Come-se bastante, ao que se segue uma procissão de doces para sobremesa. Pelo que tenho visto, os Portugueses preferem sobremesas mais doces que os Polacos. Os meus doces favoritos costumam ser as diferentes variações do chamado Gingerbread, que a wikipedia diz ser pão de mel em Português, o que não me convence particularmente.

Durante a refeição bebem bastante menos álcool que nós. Kompot, uma bebida preparada através da cozedura de frutos, é um acompanhamento comum. Mas enquanto uma garrafa de vinho chegou para a refeição da família toda, em Portugal seria preciso ter mais algumas garrafas preparadas.

Beber menos ao longo da refeição é boa ideia porque os licores servidos à sobremesa são em geral bem mais poderosos que os nossos. Excluindo a vodka pura, que também por lá aparece, esses licores geralmente são saborosos, apesar do teor alcoólico.

Enfim, uma noite bem passada, e terminada, após alguns jogos de tabuleiro, com arenque cru e vodka caseira a acompanhar. Podia ser pior.


Por ter passado o Natal fora, não podia faltar à passagem de ano familiar, em Portugal. Quanto mais não fosse pela obrigatoriedade de comer bacalhau antes do final do ano.

E, com praticamente toda a família a encher a sala, passei mais um ano, não abdicando das 12 tradicionais azeitonas à meia-noite.

Desta feita pude matar saudades das iguarias nacionais, bem como provar cada uma das minhas cervejas para ver como evoluíram de um ano para o outro. Mantive, ainda, a tradição do hidromel aquecido, desta feita com o meu próprio hidromel.

E nada como iniciar o ano com uma mesa cheia de primos e primas jogando jogos de tabuleiro e de cartas de carácter familiar.

Apesar de lá não ter estado no Natal, ainda fui a tempo de corrigir as falhas no presépio.






Até breve!

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